Uma segunda denúncia de assédio sexual foi registrada na manhã dessa quarta-feira, 21, contra o apóstolo e diretor de Relacionamentos Institucionais da Santa Casa de Rio Branco, José Ildson Viana Barbosa, de 49 anos. A profissional que também decidiu relatar o suposto assédio em Boletim de Ocorrências na Delegacia da Mulher é biomédica, de 36 anos, e contou ao ac24horas ter recebido apoio do marido para formalizar a denúncia, logo após tomar conhecimento da primeira acusação.
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Ela integrava o grupo com cerca de 150 profissionais da saúde (biomédicos, enfermeiros e técnicos em laboratório) que se colocaram à disposição para disputar um posto de trabalho que havia sido divulgado com o número pessoal de José Ildson. Apesar de receosa, a segunda denunciante criou coragem de expor o caso após outras mulheres do mesmo grupo terem relatado situações parecidas.
“Minhas colegas que estavam fazendo esse curso junto comigo já haviam relatado algumas formas diferentes no modo dele conversar no privado [whatsapp] com cada uma. E eu já fiquei desconfiada por conta disso”, afirmou à reportagem. Segundo a biomédica, a ideia propagada pelo representante da Santa Casa era de que os candidatos montassem um ponto para coleta de exames na própria casa ou em outro local. Antes disso, passariam por cursos e treinamentos específicos.
“Ele [José Ildson] se aproveitou dessa oportunidade de estar na casa da pessoa para poder fazer isso. Uma das colegas, que já disse que não irá denunciá-lo para não se envolver em confusão, contou que ficou surpresa com a visita dele porque ela já havia informado que na casa dela não tinha possibilidade de montar ponto de coleta, por morar em apartamento alugado”, destaca a profissional, alertando que, mesmo assim, o diretor teria aparecido de surpresa na residência da mulher.
Assim como relatado pela primeira denunciante, esta conta que após o apóstolo chegar de surpresa na casa da colega, ele teria avistado uma maca, pois a mesma também exerce trabalho com extensão de cílios. “Ela me disse que ele viu a maca e perguntou se ela trabalhava com massagem. Ela disse que não. A partir daí, ele disse que era fisioterapeuta e que se fizesse uma massagem nela, ela não iria esquecer”, detalha a mulher.
A segunda pessoa a registar um Boletim contra o acusado disse que quando Ildson lhe enviou mensagem pelo celular, já estava sabendo da situação que estava ocorrendo com as outras colegas. “Há duas semanas ele me mandou uma foto que todos nós tiramos, creio que para divulgação. Eu agradeci a foto e ele me elogiou, dizendo que a foto tinha ficado linda e que eu tinha um sorriso lindo. Agradeci novamente e ele disse: ‘é mérito seu’. Isso foi na sexta-feira. No domingo, pela manhã, ele mandou o emoji de uma rosa, que enviou também para várias meninas”, assegura.
Já na quinta-feira, dia 15, a mulher garantiu que o diretor lhe enviou uma mensagem perguntando se ela estava em casa. “Eu disse que não, pois estava no Centro da cidade. Ele perguntou se eu estava com meu marido e eu disse que não, que estava com minha tia e meus primos. Aí ele disse: ‘ah tá, porque se você estivesse só, iria lhe chamar para almoçar. Aí eu disse que tinha entendido”, conta.
Ela acredita que José Ildson tenha percebido que a mesma não gostou da mensagem que recebeu. “Aí ele mandou outra [mensagem] como se quisesse se retratar, dizendo que [o almoço] seria para falar sobre o meu ponto de coleta. Mas o que havia sido acertado é que a visitação seria na casa dos candidatos e não resolvido em nenhum almoço pessoal”, destaca. Após esse episódio, a biomédica afirma ter saído do grupo e abandonado o treinamento. “Saí por conta disso”.
De acordo com ela, depois de ter saído do grupo de mensagens, Ildson teria lhe abordado pelo privado com uma conversa bem diferente, chamando-a de senhora. “Ele disse: ‘o que houve que a senhora saiu do grupo? A senhora estava tão motivada. Mas eu não respondi a realidade, só disse que o projeto não iria dar certo pra mim. Mas falei para o meu marido que eu não iria mais participar porque estava acontecendo isso comigo e outras colegas”.
O depoimento prestado por ela à escrivã na delegacia demorou cerca de 1h30. A mulher garante ter pelo menos mais três colegas que teriam vivenciado situação semelhante com o diretor. “Eu conversei com elas e disseram que não vão denunciar. A pessoa [o apóstolo] se aproveita da fragilidade, pelo fato de a candidata já ter terminado a faculdade e não ter tido uma oportunidade de trabalho. Eu mesma só fui participar porque no anúncio dizia que não precisava de experiência”, lamenta.
Ao ac24horas, o diretor da Santa Casa afirmou nessa quarta (21) não ter conhecimento da primeira denúncia e que pedir massagem durante entrevista de emprego não faz parte de sua conduta. Ontem, ele informou que não fora intimado.
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