No último dia 21 de junho, fez dezessete anos da morte de um dos mais importantes políticos brasileiros da sua época, o gaúcho Leonel de Moura Brizola, que foi governador do Rio Grande do Sul (1959 a 1963) e do Rio de Janeiro (1983 a 1987), foi também exilado político no regime militar e criador do PDT em seu retorno ao Brasil. AQUI, um link para informações resumidas de sua biografia. Não vi manifestações partidárias, nem notas, nem reportagens, nem referências. Parece que esqueceram o herdeiro de Getúlio Vargas.
A bem da verdade, não sou exatamente um admirador de Leonel Brizola. Nunca concordei com seu “socialismo moreno” que tentou até a morte implantar no Brasil. De suas ideias, louve-se, principalmente, sua justa determinação em favor da educação do povo brasileiro, que sempre defendeu com unhas e dentes. De resto, políticas equivocadas, um caudilhismo antiquado e, principalmente, a sua fraqueza no enfrentamento ao crime. Resumida na frase “No meu governo, polícia não sobe a favela”, sua gestão está, segundo especialistas, na raiz do problema da criminalidade no Rio de Janeiro.
Leonel Brizola foi um homem de muitas lutas. Vitórias e derrotas enchem o seu currículo. Uma das principais foi contra a Rede Globo de Televisão e, mais precisamente, contra seu dono, Roberto Marinho, a quem acusava de ter feito fortuna ilegalmente e dado sustentação à ditadura (deu mesmo). Além disso, Brizola jamais esqueceu que a Globo tentou fraudar as eleições no Rio de Janeiro, no escândalo da PROCONSULT – empresa contratada para realizar a apuração dos votos em 1982 no Rio de Janeiro. Apesar de um direito de resposta conseguido na Justiça e levado ao ar em 15 de março de 1994 (veja o vídeo AQUI), no qual ajoelhou momentaneamente a TV Globo, Brizola morreu sem testemunhar a queda de prestígio da “Vênus Platinada”, como era conhecida aquela TV na época.
Pois bem. O tempo passou, presidentes se sucederam e todos eles, sem exceção, comeram no prato servido pela TV que até recentemente, quase exclusivamente, fazia a cabeça do brasileiro através de seus jornais, filmes, programas infantis, tardes domingueiras e novelas. Até que, contra toda a mídia mainstream e as cabeças coroadas da intelectualidade brasileira, um ex-capitão do exército, deputado do baixo clero, com um celular e pouquíssimos recursos, sem agência de publicidade e marqueteiros geniais, desfez toda a narrativa predominante e venceu as eleições de 2018, traduzindo com simplicidade os interesses verdadeiros da população brasileira, majoritariamente conservadora e falsamente representada na política.
Desde a campanha até agora, Bolsonaro enfrenta a TV Globo e toda a grande mídia em uma guerra sem tréguas e, portanto, realiza o sonho de Brizola. Quem diria! Ironicamente, Leonel de Moura Brizola, um legítimo e histórico socialista, tem sua luta realizada por um antagonista ideológico, enquanto alguns de seus companheiros se amancebam com os Marinho. O direito de resposta de Brizola no vídeo acima bem poderia ter sido assinado pelo presidente Bolsonaro.
Ocorre que enfrentar a Globo é também enfrentar toda a imprensa, a intelectualidade, a cultura e a universidade brasileira. Suas organizações se misturam, se interpenetram, se relacionam de tal modo que a ação da Globo arrasta todo o resto, portanto, o Presidente Bolsonaro enfrenta mesmo é a esquerda hegemônica em todas elas. Uma luta gloriosa e duríssima, diga-se.
Nenhum governante se manteve de pé contra a Rede Globo. No primeiro esboço de enfrentamento, Fernando Collor foi ao chão. De lá para cá, como se observando o exemplo, todos, sem exceção, mantiveram-se agachados perante os Marinho que, juntamente com mais umas três ou quatro famílias, dominam no Brasil a elite “progressista” e globalista, associada à esquerda internacional que pretende nos impor uma nova ordem, marcada pelo autoritarismo, superação dos estados nacionais, leis universais, cultura universal, ateísmo, controle social e financeiro da vida de todos nós.
Pelo menos até aqui, Bolsonaro tem conseguido se manter firme e inabalável. Ao invés de fraquejar e “pedir arrego”, ele dobra a aposta em suas “lives”, viagens, inaugurações e motociatas de fins de semana. Em linguagem rasa “vai pra cima” das TV’s e dos jornalões. Nem os repórteres, sempre provocadores e maliciosos, estão a salvo de sua assertividade. Como Brizola nos anos 90, Bolsonaro é hoje o único político de grande expressão com coragem para enfrentar a grande mídia que puxa pela coleira progressistas e isentões, alguns, apenas incautos, tolos a acompanharem o politicamente correto, outros nem tanto.
A favor do PDT, embora equivocadamente tenha se alinhado à ditadura chinesa e engrosse o caldo oposicionista ajudando a narrativa progressista, aponta-se que o partido defende a adoção do voto impresso nas eleições. Ciro Gomes, como faria Brizola, sabe que o TSE é tão confiável quanto a PROCONSULT em 1982, as pesquisas eleitorais e a Rede Globo.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no ac24horas e eventualmente no seu BLOG