Entrada de dinheiro alimenta o tráfico de drogas
e de influência dentro dos presídios
Depois da série exclusiva editada pelo ac24horas, sobre a situação precária do presídio de Cruzeiro do Sul, o presidente do Tribunal de Justiça do Acre, Adair Longuini visitou as instalações da Unidade e ficou surpreso com o que viu. Na matéria de hoje, o ac24horas mostra a última reportagem da série e fala sobre a entrada de dinheiro que alimenta o tráfico de drogas e de influência dentro dos presídios.
Mais de 24 mil pessoas estão cadastradas para realizar visitas dentro dos presídios do Estado do Acre. Inaugurada há 27 anos, a Unidade Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco, passou por reformas, ampliação, mas não acompanhou a evolução tecnológica que é referência em outras capitais, para impedir crimes a partir das celas.
Durante as visitas, a falta de segurança começa na entrada ao presídio. A falta de equipamentos para realização de raios-X do visitante [exposto a um tipo de revista ultrapassada], permite a entrada de drogas, telefones celulares e outros tipos de produtos não permitidos. Segundo dados do Instituto de Administração Penitenciária do Acre [IAPEN], em média, por semana, 2.600 pessoas visitam parentes, amigos e conjugues nos presídios, somente na Unidade Francisco de Oliveira Conde.
Ainda segundo os agentes penitenciários, durante as visitas intimas não existe privacidade. “Um lençol é utilizado como parede, mas o barulho das relações sexuais é compartilhado por crianças, pessoas de idade, visitantes e companheiros de celas”, revela.
A falta de um local apropriado para as visitas intimas, leva a prostituição para dentro das unidades de prisão do Acre. A ineficácia, aliada a permissão para entrada de dinheiro é uma mistura ideal para o tráfico de drogas e de influência dentro das celas.
– O tráfico de drogas permite que a moeda de troca intramuros seja a mesma que acontece fora dos presídios, aumentando as tentativas de corromper os profissionais que trabalham no sistema – disse um agente penitenciário.
Há informações de que os presos estão trabalhando como verdadeiras agências financeiras. Emprestando dinheiro a juros. Os chefões, que também lideram redes de tráficos, são conhecidos como “agiotas das cadeias”, tudo com o consentimento do Estado.
– Os presos recebem colchão, tem café, almoço, janta. E então por que a entrada de dinheiro? – questionam os agentes penitenciários.
Obras das novas penitenciárias estão paralisadas por falta de dinheiro
O projeto de entrega das novas penitenciárias previsto para o final do ano está prejudicado pelos cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento Geral da União. O presídio Francisco de Oliveira Conde foi construído para abrigar 600 reeducandos, mas abriga 2000 homens a mais do que sua capacidade. Dos 2.600 presos, apenas 123 estão trabalhando e 150 trabalham em regime semiaberto. No pavilhão feminino, a situação não é diferente, a capacidade é de 90 presos, mas existem 184.
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
[email protected]