No coração de uma pessoa idosa, um passado vibrante permeia sua rotina diária. O aroma, o sabor, as sutilezas, a melancolia, as ausências e a plenitude dos dias distantes ecoam de uma época em que até os momentos de angústia eram inocentes, atormentados pela incerteza do futuro que seguiria à juventude. “Meu Deus, o que a vida reserva para nós?” “Como será o futuro?”
A expectativa dos grandes sonhos gradualmente desvanece-se com o passar dos anos, até que o vazio e a falta de sentido se instalem. Mesmo em meio à nostalgia e ao vazio, a vivacidade do passado serve como um facho de luz, iluminando o caminho em direção à aceitação. Afinal, cada ruga carrega uma história, cada sorriso desbotado traz consigo a promessa de um amanhã sereno.
A ligação com o passado molda o presente, influenciando cada decisão e pensamento com a sabedoria e a nostalgia adormecida na memória. São ecos suaves, canções antigas, guias sutis no labirinto da vida.
Essa sensação evoca memórias vívidas, tingindo o presente com o delicado sopro das lembranças. Elas ressurgem, trazendo consigo a doçura e a amargura de uma época, tornando as pessoas mais vividas, reflexivas e gratas.
No entanto, no presente cada segundo já é passado. Devir ou vir a ser. Ansiedade, desespero, impotência perante o infinito. É uma corrida constante, com as horas e a vida escorrendo por entre os dedos, enquanto o futuro, de forma implacável, nos arrasta para a eternidade como a correnteza furiosa das águas.
Há um farol de impotência no meio da vastidão do tempo. Tal qual uma mariposa atraída pela luz, seguimos um voo cego em direção à chama que nos consumirá, transformando-nos em pó e eternidade.
Sem qualquer controle, entregamo-nos a este destino inevitável. Como folhas levadas pelo vento, somos impelidos por forças além do nosso alcance, aceitando a transformação que o futuro nos reserva.
O passado, o presente e o futuro coexistem simultaneamente, interagindo neste poço profundo de memórias. A mente não é um local físico, os pensamentos se assemelham ao vento e a vida é meramente a grande ilusão da transformação da matéria. Tempo, vento e vida.
Em breve, tudo será passado e relegado ao esquecimento. Esses elementos, entrelaçados pela existência, formam a intrincada teia de conexões do nosso ser. Da mesma forma que o vento molda a paisagem, nossas experiências moldam quem somos. Mas, qual o sentido de tudo isso? Deus poderia explicar.
“Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, nos que hão de vir depois”. (Rei Salomão, Eclesiastes 12:11)
“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. (Yeshua)