Nas proximidades de Capixaba, a cerca de 80 quilômetros de Rio Branco, há um vilarejo boliviano desconhecido até mesmo por muita gente que mora na pequena cidade acreana às margens da BR-317. Cerca de quatro quilômetros de estrada de chão levam a Mapajo, logo após a fronteira entre o Acre e a província de Nicolás Suárez, no país vizinho.
O videomaker do ac24horas, Kennedy Santos, fez o percurso até a localidade que já foi sucesso na venda de produtos importados, quando o real estava valorizado, mas hoje, dependente da moeda brasileira, está falida e perdida no meio do nada. Não há sequer energia elétrica e os bolivianos que moram na vila se sentem abandonados pelo próprio país.
Em Capixaba, grande parte dos moradores entrevistados por Kennedy demonstraram desconhecer que o município acreano faz fronteira com a Bolívia, revelando a desatenção para uma localidade com mais de 50 anos de história, que já foi próspera e onde já viveram mais de 300 comerciantes.
Atualmente, o número de moradores em Mapajo, que está administrativamente localizada no município de Bella Flor, não chega a uma centena – são cerca de 70 comerciantes que insistem em permanecer na vila. Não há qualquer infraestrutura urbana no local e as condições de educação e saúde são precárias.
“Não há energia e não podemos oferecer uma água fria aos clientes”, diz uma comerciante. “Não há nada aqui, estamos abandonados aqui e as autoridades bolivianas não fazem nada”, afirma outro. “Esqueceram de nós”, complementa uma jovem atrás de um balcão de loja com poucos itens a oferecer.
O motivo da decadência da Vila Mapajo foi exatamente a queda de valor do dinheiro brasileiro, que alimentava o comércio local, cujos preços são baseados em dólar. Com a crise, a maioria dos comerciantes abandonou seus estabelecimentos e foram embora, deixando um cenário de terra arrasada para trás.