Conforme o Banco Central do Brasil, no Acre, o saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 10,2 bilhões em outubro de 2021, crescendo 2% no mês, com aumentos de 1,1% na carteira de pessoas jurídicas e de 2,4% na carteira de pessoas físicas. Comparativamente entre outubro de 2020 e outubro de 2021 o crédito total aumentou 22,2%, sendo 10,5% no crédito a empresas e 27,8% a famílias.
O Acre detém 8,9% da população e 5,9% do Valor Adicionado Bruto de toda a Região Norte. Porém, em outubro de 2021, ele detinha somente 4,9% do saldo total das operações de crédito do STN da Região, conforme pode ser observado na tabela abaixo:
Portanto, os valores do crédito concedido não condizem com a representatividade regional do Estado, em termos populacionais e da importância econômica.
Inadimplência das Pessoas física aumenta levemente em um ano e ficou em 2,59%
Conforme pode ser observado no gráfico abaixo, a inadimplência das Pessoas físicas no Acre aumentou de 2,51% em outubro para 2,59% em outubro de 2021. Mesmo com o aumento em um ano, o índice do Acre ficou abaixo dos índices verificados para a Regiões Norte (2,79%), Nordeste (3,49%) e Sudeste (2,84%).
Inadimplência das Pessoas Jurídica caiu 63,9% e ficou em 1,44%
Ao contrário da inadimplência das Pessoas física, o índice das Pessoas jurídicas desabou em um ano no Acre. Saindo de 2,36% em outubro de 2020 para 1,44% em outubro de 2021. A inadimplência do Acre ficou abaixo daquelas verificadas para as Regiões Norte (1,77%) e Nordeste (1,71%).
No Brasil, para o mesmo período, o saldo das operações de crédito do SFN para pessoas jurídicas totalizou R$1,9 trilhão, com aumentos de 0,8% no mês e de 10,5% na comparação interanual, destacando-se as modalidades de capital de giro acima de um ano, antecipação de faturas de cartão de crédito e desconto de duplicatas. O saldo do crédito a pessoas físicas alcançou R$2,6 trilhões, após elevações de 2,0% no mês e de 20,9% em doze meses, com aumentos em crédito pessoal e cartão de crédito. Portanto, como vimos, na comparação com outubro de 2020, em termos proporcionais, o saldo de crédito do Acre cresceu mais que o do Brasil.
Uma observação importante é que, ao lado do aumento das concessões de crédito, os juros aplicados nos empréstimos também tiveram elevação. O Indicador de Custo do Crédito (ICC) do Banco Central, que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, atingiu 18,4% a.a. em novembro de 2021, elevando-se 0,4 p.p. no mês e 1,4 p.p. na comparação com novembro de 2020.
Por outro lado, a alta demanda por crédito e o pagamento desse saldo, na medida em que a inflação avança, será um desafio para as famílias endividadas e os atrasos já são observados e poderão se ampliar. O Banco Central (BC), em nova metodologia de cálculo, divulgou estatísticas sobre o endividamento das famílias com o setor bancário onde o endividamento voltou a ser recorde em setembro, ao somar 49,4% da renda acumulada das famílias nos doze meses anteriores.
Para finalizar, as perspectivas para o crédito às Pessoas físicas são de crescimento. Deve sofrer o impulso beneficiado pela reabertura das atividades de comércio e serviços e pela recuperação do mercado de trabalho com carteira assinada, e pelo impulso sazonal que ocorreu no final do ano, período de maior consumo das famílias, o que beneficia modalidades como cartão de crédito.
Já o crédito para Pessoa jurídica deve mostrar um crescimento mais moderado. Apesar de ser beneficiada pelas compras de fim de ano, com impacto notável sobre descontos de duplicatas e recebíveis, é possível perceber que há desaceleração de produtos de financiamento habitual das empresas. Especialistas apostam que as empresas estão financiando suas operações com os seus próprios caixas. Em vez de tomar crédito, preferem utilizar esse caixa para capital de giro ou antecipação de recebíveis.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas