Em março de 2011, o custo médio da construção civil no Acre foi de R$ 834,75, valor 7,6% acima do custo Brasil (R$ 775,43) e 6,6% acima do custo da Região Norte. Onze anos depois, em março de 2021 o IBGE divulgou que o valor apurado para o Acre foi de R$ 1.424,74, ou seja, 70,6% maior que o valor de 2011. Atualmente, os custos do Acre são 6,5% maior que os do Brasil e 7% maior que os da Região Norte.
A variação percentual em doze meses dos custos no Acre foi de 9,83%, constituindo-se o maior indicador dos últimos 10 anos, superando o de 2011 (9,08%). Observando que o crescimento do custo no Brasil nos últimos 12 meses foi bem superior ao do Acre, ficando em 14,46%, superando o crescimento de 2016 (7,18%).
A fonte de dados deste artigo é o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo IBGE, com o apoio da Caixa Econômica Federal – CEF. O Sinapi tem por objetivo a produção de séries mensais de custos e índices para o setor habitacional e de séries mensais de salários medianos de mão de obra e preços medianos de materiais, máquinas e equipamentos e serviços da construção para os setores de saneamento básico, infraestrutura e habitação.
Em março de 2021, no Brasil, o índice subiu 1,45% e ficou 0,12 ponto porcentual acima da taxa de fevereiro (1,33%). No Acre, o índice subiu somente 0,41% e ficou a 0,03% acima da taxa de fevereiro (0,38%). No primeiro trimestre do ano, o índice do Acre acumula aumento de 1,90%, enquanto no Brasil o aumento foi de 4,84%. Porém, os custos por metro quadrado no Acre continuam num patamar mais alto, totalizando R$ 1.424,74, o terceiro maior do país, sendo superado somente pelos custos de Santa Catarina (R$ 1.494,05) e Rio de Janeiro (R$ 1.447,42).
Os materiais de construção representam quase 60% dos custos de produção no Acre
O custo da construção no Acre foi pressionado pela continuidade da elevação dos preços dos seus insumos básicos (materiais de construção). Nos custos de março os materiais corresponderam a 59,7% (R$ 850,05), esse percentual de participação dos materiais igualou o patamar de março de 2011, sendo os maiores dos últimos 10 anos. Como pode ser observado no gráfico abaixo, os materiais têm uma participação nos custos da construção civil do Acre em uma proporção muito maior que no Brasil e na Região Norte.
Mesmo crescendo abaixo do que o verificado para o Brasil e para a Região Norte, no terceiro mês do ano, a parcela relativa aos materiais de construção no Acre, aumentou 0,69% e acumulou, no primeiro trimestre, incremento de 2,89%. Há oito meses consecutivos os insumos do setor vêm registrando aumentos imprevisíveis, o que muito tem prejudicado a execução do orçamento das empresas. Conforme o IBGE, entre os materiais com as altas mais significativas, o destaque fica com o aço, que reúne insumos como vergalhão, tubo de condução, arames e vigas, entre outros, e impactou uma média de 20 estados brasileiros. Insumos como lajes, que necessitam de aço em sua produção, também apresentaram variações em diversos estados.
No Acre, os custos inerentes à mão-de-obra corresponderam a 40,3% em março de 2021 (R $574,69). Nos últimos 10 anos, a maior participação da mão de obra no custo da construção civil ocorreu em 2018, com 44,9%. No Brasil, o IBGE informa que a parcela da mão de obra subiu, em 12 meses, 3,2% até março de 2021, enquanto no Acre cresceu somente 0,47%.
A construção de uma casa popular, de 1 pavimento, varanda, sala, 2 quartos, circulação, banheiro e cozinha no Acre custa mais 4,5%que no restante da Região Norte.
Mesmo com os custos da construção civil no Acre crescendo abaixo daqueles verificados no Brasil e na Região Norte, os nossos custos continuam maiores. No gráfico abaixo destacamos uma comparação de uma construção de padrão normal de uma casa popular, de 1 pavimento, varanda, sala, 2 quartos, circulação, banheiro e cozinha no Acre e o valor médio dos estados da Região Norte onde fica demonstrado que o valor do metro quadrado no Acre continua maior.
O setor da Construção Civil é muito importante para a recuperação dos empregos em momentos de crise. Conforme o IBGE, no quarto trimestre de 2020, das 303 mil pessoas ocupadas no Acre, mais de 21 mil delas estavam ocupadas na construção civil, correspondendo a 6,9% dos ocupados. Nos empregos com carteira assinada, conforme o CAGED, nos três primeiros meses do ano o setor obteve um saldo positivo de 223 empregos, depois de ter apresentado um saldo positivo de somente 135 em 2020. É importante registrar que no Acre, a construção civil perdeu e ainda não recuperou mais de 3.000 empregos com carteira assinada entre 2015 e 2016. O setor respondeu por somente 3% dos empregos com carteira assinada em 2020, enquanto no Brasil, o setor foi responsável por 40,4% do saldo do emprego com carteira assinada.
Portanto, o setor da construção civil em um cenário de aumento de custos e desemprego, pode influenciar na retomada de novos investimentos, principalmente em obras públicas, o que impactará diretamente na geração de emprego e fragilizará ainda mais a economia estadual.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.