Em dezembro, foram 24 vagas a menos, mas o resultado foi positivo no acumulado do ano, com geração de 4.555 postos de trabalho celetistas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Mesmo possuindo um PIB que corresponde a somente 0,22% do PIB brasileiro, em 2020, o Acre foi o responsável pela criação de mais de 3,2% de todo saldo do emprego com carteira assinada no país. O Brasil criou 142.690 novos empregos e o Acre foi o responsável por um saldo de 4.555 novos postos de trabalho. Ficando à frente de 11 estados e do DF.
Na Região Norte, o Acre só foi superado pelo Pará, pelo Amazonas e pelo Tocantins. Quando se analisa a série histórica de 18 anos (2003-2020), percebe-se que o resultado de 2020 é o terceiro maior no período, sendo superado somente pelos anos de 2005 (saldo de 5.192), 2010 (saldo de 5.341) e 2011 (saldo de 4.688).
O resultado de 2020 foi fruto da admissão de 27.796 e do desligamento de 23.241 trabalhadores, que resultou num saldo de 4.555 novos empregos. O estado iniciou o ano com um estoque de 78.935 empregados com carteira assinada e terminou com um estoque de 83.399 empregados. Os meses com maiores saldos no ano foram: agosto (864), outubro (860) e fevereiro (809). Os únicos meses que apresentou saldo negativo foram: abril (-201) e dezembro (-24). Certamente o saldo negativo de abril foi devido as medidas de isolamento social estabelecida pelo governo para controlar a pandemia.
Emprego por municípios
O Município de Rio Branco foi o responsável por quase 72% dos novos empregos criados no ano, seguido por Plácido de Castro (9%), Sena Madureira (5%) e Bujari (4%). Três municípios permaneceram estáveis (Porto Walter, Marechal Thaumaturgo e Santa Rosa) e seis apresentaram saldos negativos (Xapuri, Tarauacá, Assis Brasil, Manoel Urbano, Epitaciolândia e Rodrigues Alves) que juntos, perderam 104 vagas.
Emprego por setores
Em 2020, todos os 5 setores apresentaram saldos positivos. O setor de serviços foi o que apresentou o maior saldo (2.596), seguido pelo comércio (1.396), Indústria (316), construção civil (135) e finalmente a agropecuária (21).
Quando se analisa o desempenho dos setores na geração de empregos com carteira assinada nos últimos 6 anos (2015-2020), percebe-se que, indistintamente, todos apresentaram uma recuperação em relação a 2015. O setor de serviços depois de apresentar três anos de resultados negativos (2015, 2017 e 2018), teve uma recuperação expressiva em 2020, principalmente devido ao desempenho do subsetor de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas. Apresar das medidas de isolamento social, o setor comercial também ampliou as contratações após ter apresentado saldo negativo em 2019, provavelmente em função do auxílio emergencial do governo federal.
Apesar de ter apresentado um saldo positivo (135), a construção civil ainda não recuperou os quase 3.000 empregos perdidos em 2015 e 2016. Enquanto no Brasil foi o setor foi responsável por 40,4% do saldo do emprego com carteira assinada, no Acre o setor respondeu por somente 3% em 2020.
O setor industrial vem a dois anos mantendo saldos positivos, embora tímidos para a grandeza do setor. Já a agropecuária, mesmo apresentando um saldo positivo (21) vem reduzindo os seus empregos formais, foram mais de 460 nos últimos 6 anos.
A que se deve o sucesso do Acre na geração do emprego com carteira assinada, em 2020? Em grande parte, ao Programa de Benefício Emergencial de Preservação da Renda e do Emprego – BEM, estabelecido pelo governo federal, iniciado em abril e concluído em dezembro, que permitiu acordos de redução de jornada e salário ou de suspensão de contratos em função da crise gerada pela pandemia de covid-19. Conforme dados do governo federal, o benefício permitiu a realização de 20.119.302 acordos entre 9.849.115 empregados e 1.464.517 empregadores no Brasil. O Acre, conforme reportagem do ac24horas do dia 30/01/2021, encerrou 2020 com 38.705 acordos, mesmo o Acre figurando entre os três Estados que menos acordos realizaram durante a pandemia. Não devemos esquecer também, que a instituição do auxílio emergencial do governo federal foi importante e serviu para aquecer setores chave da nossa economia, principalmente o comércio.
Uma informação importante é que nos dados do emprego com carteira assinada, o Ministério da Economia coleta informações declaradas por empregadores por meio dos sistemas do eSocial, Caged e Empregador Web, portanto apenas empregos formais. Já as pesquisas da PNAD do IBGE são mais amplas e abordam também trabalhadores informais e pessoas que estão em busca de emprego. Essas informações são obtidas por meio de entrevistas e consultas a outras bases de dados, como beneficiários de programas sociais. Lembrar que, se por um lado, os dados do Caged foram excelentes em 2020, por outro lado, os últimos dados do IBGE para o Acre, de novembro de 2020, mostram que o desemprego atingiu a taxa de 14,4%, com mais de 43 mil desempregados e 115 mil trabalhadores no setor informal.
Aguardemos o comportamento do emprego com carteira assinada em 2021, num cenário sem o BEM e sem o auxílio emergencial.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.