Sem muita cobertura da velha mídia e sua vassalagem, que no maior estilo Ricúpero, mostra o que é “bom” e esconde o que é “ruim” para o governo pagador das patranhas noticiosas, o fato é que as coisas nos últimos dias andaram azedando para os supremos e para os supremíssimos em particular. A pancada vem de cima, digo, do Norte, digo, dos Estados Unidos da América do Norte.
Quando deputados (Coronel Ulysses no meio) e senadores saíram do Brasil há uns dois anos, para denunciar a construção em nosso país, de um regime autoritário, com bases já fincadas no judiciário que abre e move processos “la volunté”, e na mídia pré-paga, além, é claro de contar com um congresso encabrestado, muitos ilustres do andar de cima deram de ombros e encararam o périplo com certa jocosidade. As denúncias de abuso de autoridade ecoadas no exterior jamais passariam de esperneio de derrotados.
Lembram de Juan Guaidó e, mais recentemente, de Maria Corina, que saíram a declarar a fraude eleitoral na Venezuela? Pois os nossos parlamentares cumpriram papel parecido, ou seja, botaram a boca no trombone até fazerem os moucos ouvirem que estamos a caminho de uma ditadura plena. Sim, demorou, mas com a eleição de Donald Trump, as coisas tomaram uma seriedade e um rumo inesperado.
Nos últimos dias algumas ações bastante significativas foram tomadas. Além de recados pelo X (ex-twitter), foi divulgado pelos principais jornais na terça-feira (27/05/2025), que o governo dos Estados Unidos, por meio de carta formal assinada pelo Departamento de Justiça e encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), indicou que quatro decisões judiciais proferidas pelo magistrado brasileiro contra a plataforma Rumble não são exequíveis em território norte-americano. O documento, divulgado inicialmente pelo The New York Times e obtido pela Folha de S.Paulo, foi remetido também ao Ministério da Justiça do Brasil e ao advogado da empresa e causou vergonha alheia em quem é do ramo. O destinatário recebeu uma espécie de lição básica de direito internacional e, consequentemente, a má notícia de que pode sofrer algumas sanções americanas por causa disso. Por lá, o troço é sinistro.
De acordo com a diretora Ada Bosque, responsável pela área de Assistência Judicial Internacional do Departamento de Justiça, o cumprimento de ordens judiciais estrangeiras nos EUA exige o reconhecimento formal por meio de processos legais específicos. A carta (AQUI) destaca que, segundo o direito internacional consuetudinário, “um Estado não pode exercer jurisdição para executar ordens no território de outro Estado sem o consentimento deste”. Vale dizer, alguém foi além das sandálias quando decidiu perseguir brasileiros residentes nos EUA e, mesmo, americanos e empresas americanas.
Na noite desta quinta-feira (29/05/2025), o Escritório de Relações com o Hemisfério Ocidental, ligado ao Departamento de Estado dos EUA, publicou mensagem em português afirmando: “Nenhum inimigo da liberdade de expressão dos americanos será perdoado”, dando a entender que aqueles que enfiaram o pé na jaca sofrerão consequências.
O deputado Eduardo Bolsonaro, que praticamente se exilou nos EUA para ajudar no processo de esclarecimento das instituições internacionais sobre a perseguição contra brasileiros, afirma que há expectativa de que o governo Trump adote sanções diretas contra Moraes com base na Lei Magnitsky, mecanismo jurídico que permite punir estrangeiros por violações a direitos humanos e corrupção. Consta que o visto para alguns entrarem nos EUA já foi cancelado, restando conferir quando algum dos ilustres resolva dar uma voltinha para supervisionar o patrimônio em terras do Tio Sam.
A primeira e imediata coceira que dá na esquerda é a velha lembrança da dominação imperialista. “Os EUA estão invadindo nossa soberania!”. Hein? Desde quando a nossa soberania depende da alopração de decisões jurídicas sem fundamento e fora do rito? Se, e quando, sancionar um brasileiro conforme suas leis, o governo americano o faz à pessoa privada e em seu território, sem sequer arranhar qualquer instituição brasileira.
Outra, politicamente aproveitada, é dizer “os bolsonaristas trabalham contra o Brasil”. Nem são os bolsonaristas, mas sim, qualquer brasileiro desapegado do lulopetismo, e não é contra o Brasil, pelo contrário, é pela defesa da liberdade de expressão sem a qual não há Brasil que sirva para viver. Quando os petistas faziam fila nas portas das instituições internacionais pedindo intervenção no governo passado, não se viu esse mimimi nacionalista de algibeira. Melhor ir se catar.
Mal fez quem andou na cola do Biden pedindo para facilitar as coisas no sentido da eleição do Lula, mal fez quem anda se amasiando com a ditadura chinesa para viabilizar a introdução no Brasil de seus sistemas de censura. Os brasileiros que apoiam o enfrentamento, e pedem socorro internacional contra o autoritarismo que se implanta aos poucos no Brasil, são os patriotas que estão percebendo onde vai dar esse itinerário macabro, pavimentado pela omissão criminosa do congresso nacional e pela cumplicidade vergonhosa da imprensa.
O Lulpetismo, que anda de mãos dadas com os abusadores do judiciário, ensaiou uma reação “Terá reciprocidade!” gritaram na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Oxe! Vão achar um ministro da Suprema Corte americana aloprando decisões contra brasileiros? Estejam à vontade. Pode ser que, assim, a diplomacia americana aceite falar com a diplomacia brasileira uma vez, já que até agora o nosso chanceler não passou da antessala do estagiário de plantão na Secretaria de Estado dos EUA, seu equivalente por lá.
Sem poder confirmar a suspensão de vistos de autoridades brasileiras, o Ministro Mauro Vieira declarou que, acontecendo, é direito dos americanos, não há o que opor. Além disso, reafirmou que acima de qualquer coisa estão os interesses nacionais. Do outro lado da braça dos três poderes, alguém não gostou. Imagine se a Lei magnífica, digo Magnitisky, for acionada.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.