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Por liberdade, contra a tirania

Não foi gigante como se previa, não foi fracasso como diz cinicamente a esquerda apesar das imagens. Foi o que deu para ser, considerando as condições, o tempo e, creio, a repetição. Além disso, hoje em dia, a maior parte das pessoas prefere ver de casa pelos diversos sites que levam as imagens e discursos ao vivo. Assim, o número exato de presentes em Copacabana não é o mais importante, há muito mais a perceber.


A manifestação deste dia 16/03/2025 serviu basicamente para aquecer um tema que deveria unir todos os brasileiros, mas que, por fanatismo e oportunismo de muitos, especialmente da imprensa, vem sendo tragicamente mantido entre balizas político-partidárias. O sofrimento fica por conta de mais de um milhar de inocentes transformados repentinamente, por gosto dos poderosos, em presos políticos.


Na imagem acima, composta por um mural com os rostos de uma pequena parte dos presos (crédito para a Associação das Famílias das Vítimas de 08 de janeiro – ASFAV)  e uma fotografia da manifestação, é possível fazer a seguinte leitura: em defesa dos presos políticos, uma multidão se concentrou em Copacabana para ouvir seus líderes. A pergunta que se faz em seguida é: E agora?


Bem, não creio que esta ou dezenas de manifestações iguais consigam mover uma letra no texto pronto de Alexandre de Moraes para condenar quem ele queira, do modo que queira e quando queira. Não se trata ali, de julgamento de provas ou de indícios, ou de condutas. Estão todos condenados porque é preciso manter a narrativa de golpe sobre a qual se sustentam dezenas de medidas igualmente persecutórias e intransigentes. Dar um passo atrás, reconhecer que se trataria de evidente crime impossível, o que significaria o desfazimento da versão de “tentativa de tomada violenta do poder”, implicaria não apenas a soltura de inocentes, mas o enfraquecimento dos argumentos também fantasiosos de que Jair Bolsonaro quis e tentou se manter no poder por cima do resultado eleitoral. 


Resta, como anteciparam Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a ampliação, na Câmara Federal, de um número capaz e suficiente para aprovar o PL da anistia. Neste sentido, o tempo trabalha a favor, pois com a aproximação das eleições, os parlamentares pensarão duas vezes antes de voltar para suas bases dizendo que ajudaram a condenar inocentes. 


O próprio Lula estará em maus lençóis se optar pela versão “golpista” e vetar a anistia. Ele sabe que, excetuando seus bate-paus na imprensa, militância e idiotas úteis, não há quem olhando as imagens e conhecendo as histórias daquelas pessoas, acredite que se trata de terroristas golpistas. Ou, quererá o presidente se submeter à derrubada do veto? Isto renderia um pouco mais de desgaste e, creio, não haveria condições de frustração – o veto seria derrubado.


Chegamos ao fim do itinerário. Povo move parlamentar, que aprova PL, que enquadra Lula, que sanciona ou, se for o caso, se sujeita à derrubada do veto, jogando a responsabilidade no parlamento para manter a narrativa. Tudo certo? Não. No Brasil luloalexandrino nada é certo. A essa altura, o STF poderá, por provocação de algum partido ou, quem sabe, de ofício (o judiciário virou de pernas pro ar), julgar inconstitucional a anistia e afirmar a perversidade como uma ameaça à população brasileira. Desmoralizar o legislativo já é trivial.


Neste caso, os manifestantes continuarão presos, mantendo-se a chaga aberta na democracia brasileira. O sistema suportará isso entrando no ano eleitoral de 2026? De que modo, aliada ao STF, a esquerda exibirá sem culpa a prisão, tortura e morte de gente inocente?


Por tudo isso, é possível perceber a importância da anistia e das manifestações em sua defesa que poderão, em algum momento dessa trajetória, se transformar em luta em prol da liberdade de expressão e pelo impeachment de ministros do STF, extrapolando os limites do “bolsonarismo”, a depender dos acontecimentos e da capacidade dos líderes comprometidos com a democracia liberal. 


Sim, sabemos que não há por enquanto, número nem disposição dos líderes para que sejam pautados pedidos de impeachment de ministros do STF, mas essa poderá ser, dependendo do desfecho da questão da anistia, uma bandeira que arrisca formar uma bancada no Senado “de 50%” como pediu hoje Jair Bolsonaro. Seria suficiente para vermos grandes e necessárias mudanças no Brasil.


Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no  DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.


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