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Go Trump!

Entre domingo e ontem, segunda-feira (20/01), deu-se a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América – EUA, a maior democracia do mundo, detentor do maior PIB e do maior poder bélico. Seu presidente é, sem sombras de dúvidas, o homem mais importante do planeta, o que lhe confere o status de bússola global. Para onde aponta os EUA, a civilização vira o olhar. Suas decisões derramam efeitos em todos os lugares, inclusive em economias fechadas ou rivais.


Eleito pela segunda vez, depois de um processo conturbado na tentativa de reeleição em 2000, aliás, muito parecido com o nosso em 2022, incluindo aí uma grave desconfiança sobre os resultados e uma manifestação em que alguns militantes invadiram o Capitólio, Donald Trump veio em 2024 com outro olhar, muito mais severo e agudo quanto à própria missão.


Quem leu ou ouviu o seu discurso certamente dele extraiu declarações que não permitem interpretações variadas. Ele foi direto e objetivo. Destaco algumas: Dará meia volta no itinerário ambientalista radical que vinha sendo seguido pelo Biden; estancará o processo de imigração ilegal, incluindo a deportação de milhões que entraram no país sob facilitação do governo anterior; cortará pela raiz, do sistema público americano a agenda woke, iniciando pela restauração da biologia – dois gêneros e só; a liberdade de expressão será recuperada.


Como se percebe facilmente, o Trump não está para brincadeiras. Para a esquerda, seu discurso foi uma tragédia. Para a direita, um bálsamo. Como sabem os leitores desta coluna, estou entre os últimos. Cada um desses e de outros apontamentos cai como uma luva no projeto de uma democracia liberal, aberta e reformista, em contraposição às revoluções projetadas e encaminhadas pelo esquerdismo, seja aquele mofado que prega o igualitarismo ou o moderno camuflado por agendas identitárias e ambientais, o que dá no mesmo, pois são ambos perversos e tirânicos.


Na partida, Trump sinalizou, como havia sido divulgado pela Casa Branca, que vai retirar os EUA do climático de Paris, aquele que garroteia o uso de combustíveis fósseis, atribuindo-lhes a responsabilidade pelo suposto “aquecimento global antropogênico”. Petróleo e gás terão a produção impulsionada. Disse ele: “Seremos uma nação rica novamente, e é esse ouro líquido sob nossos pés que ajudará a fazer isso. Com minhas ações hoje, vamos acabar com o Green New Deal e revogar o mandato de veículos elétricos…”. Pode-se deduzir que os ambientalistas radicais devem adiar suas mirações, digo, alucinações quanto ao carbono zero. Aconselha-se procurar a China e a Rússia.


O tema da entrada de ilegais para os EUA mereceu uma forte declaração: “Primeiro, declararei uma emergência nacional em nossa fronteira sul. Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e começaremos o processo de devolver milhões e milhões de estrangeiros criminosos para os lugares de onde vieram. Restabeleceremos minha política de que permanecem no México. Vou acabar com a prática de captura e liberação, e enviarei tropas para a fronteira sul para repelir a desastrosa invasão de nosso país”. Vale dizer, Trump será implacável com os cartéis que comandam na fronteira a passagem para o território americano, inclusive considerando-os com o status de terroristas, o que possibilita um combate mais efetivo.


A agenda woke, que abarca o identitarismo, foi mencionada em duas de suas vertentes, a racial e a de gênero. Ambas serão limadas das políticas públicas, nada de privilégios ou de aceitação forçada de demandas da espécie. Segundo ele, nesta semana também encerrará a política governamental de tentar socialmente moldar raça e gênero em todos os aspectos da vida pública e privada. “Vamos forjar uma sociedade que seja cega à cor e baseada no mérito. A partir de hoje, será a política oficial do governo dos Estados Unidos que existem apenas dois gêneros, masculino e feminino”. Nada mais correto.


Coadjuvado que estava pela presença dos donos das principais mídias, assinalou o combate à censura nos EUA e fora dele que vem sendo utilizada, como no Brasil, para a perseguição política aos adversários. Antes ele se referiu a isso, no discurso garantiu que iria “imediatamente parar toda a censura do governo e trazer de volta a liberdade de expressão”. Esperemos que seus esforços transbordem para o Brasil. 


No mais, além da menção às guerras em curso, foi um discurso para dentro, ou seja, para seus eleitores, ufanista, promissor de recuperação do papel americano na história do mundo. Crescer e crescer e se tornar grande novamente. Digno de nota, para desgosto da esquerda, várias menções religiosas. Deus está sempre em seus discursos e, sem falta, na conclusão: God Bless América.


Enquanto isso, no Brasil, onde está desconvidado pelo Trump (com o convite ao Bolsonaro), Lula fazia uma declaração de cachorro que lambeu sabão. Depois de comparar Donald Trump a Hitler, Lula diz com sorriso amarelo “Da nossa parte, não queremos briga, nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia, nem com a Rússia. Nós queremos paz, harmonia, ter uma relação em que a diplomacia seja a coisa mais importante, não a desavença, não a encrenca”. É mesmo, santa? Só faltava o Lula querer briga com os EUA!


Cedo, em dia inspirado e ainda sóbrio, além de declarar iniciado o processo eleitoral, exortando os ministros a fazerem política (cadê o TSE?), Lula ainda teve tempo para passar um sabão no Haddad por conta da confusão do PIX: “Daqui pra frente, nenhuma portaria sai sem passar pela Casa Civil”. Isso significa que o Ministro da Economia do Lula, quando quiser soltar uma porcaria de portaria, terá que passar pelo crivo do Gabinete Civil. Qualquer homem com um mínimo de vergonha na cara entregaria o cargo, mas isso não se exige dos ministros do Lula.



Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.