Luiz Calixto
Dizem os mais sábios que a forma mais eficiente de “sair de um buraco” é parar de cavar o buraco. Ou seja: quando uma pessoa está errando muito, a melhor saída para se recuperar dos erros e se recompor do equívocos cometidos na vida é parar de cometê-los. Caso contrário, o buraco sempre se afundará e o pecador nunca sairá dele.
Tentarei usar o dito popular para expressar minha modesta opinião acerca da entrevista do Jorge Viana ao Bar do Vaz. Finalmente o ex-tudo reconheceu que durante os seus dois mandatos como governador cometeu ⎯perdoem-me por reproduzir o linguajar chulo dele⎯ várias “cagadas” e fez muita “merda”.
Finalmente Jorge reconheceu, mas, infelizmente, até nesses momentos de reflexão a arrogância dele não o abandona. Nas palavras do ex-reizinho, uma das “cagadas” foi trocar Nabor Júnior, um político de reputação inquestionável, por Geraldinho Mesquita nas eleições de 2002 para o Senado.
Vale um pausa para lembrar: em 2002, Jorge liderou o movimento “Nabor nunca mais”, cujos militantes chegaram ao ponto de agredir fisicamente Nabor Júnior quando este estava no aeroporto para ir embora após a derrota.
Aquele movimento liderado pelo ex-reizinho, que na verdade era uma “máquina de destruir reputações”, conseguiu jogar o povo acreano contra uma das personalidades mais respeitadas da política da história acreana.
Eleito, o senador Geraldinho Mesquista não suportou as dores causadas pelo cabresto e rompeu com Jorge Viana. Logo, de santo virou demônio. Por sua exagerada fome de poder, bem como por seu instinto cruel e perseguidor, Jorge Viana atingiu seu intento.
Anos depois, sem ficar com a cara avermelhada, Jorge procurou Nabor para pedir desculpas, o que aconteceu após dona Darcy ter feito um desabafo ao jornalista Altino Machado sobre a agressão ao marido, quando este esteve com o casal em Brasília. Um político exemplar e sem ódio no coração, Nabor recebeu o algoz e o perdoou.
Acontece que, na entrevista ao Vaz, a soberba de Jorge Viana conseguiu cavar ainda mais o buraco do qual há anos ele não consegue sair.
Ao admitir publicamente as “merdas e cagadas” ⎯perdoem-me outra vez⎯ Jorge revelou que é capaz de pisar no pescoço de qualquer pessoa para obter poder.
Meu caro, Jorge, o odor das suas obras exalou ao ponto de se entranhar no nariz dos acreanos e você só tem sido derrotado.
Uma das provas é que até seu fiel escudeiro Marcos Alexandre o escondeu na campanha e seu partido elegeu apenas três vereadores no Acre e nenhum prefeito.
Jorge, sinceramente, acho que não há papel higiênico suficiente e capaz de limpar a montanha de “merdas e cagadas” que você confessa ter obrado.
Por fim, sugiro ao leitor a assistir ao Bar do Vaz.
*Calixto é secretário de governo