Última coluna do ano de 2024, é hora de propor um balanço assim como todos estão fazendo, especialmente a velha mídia, que “maceta” os temas “tentativa de golpe” e “crise climática”, ambos tão verdadeiros quanto uma nota de 3 reais. O intuito é, como disse o Lula da Silva, criar e fomentar uma narrativa que justifique as ações planejadas pelo poder instalado.
Com mais de 50 artigos no ano que se encerra, este colunista poderia apenas revê-los e passar a limpo o período tratando dos temas mais abordados, entretanto, tentarei, com a ajuda do RADAR CONGRESSO EM FOCO, fazer um balanço da atividade parlamentar dos nossos representantes. Com Lula no governo há dois anos, interessa saber como se comportaram aqueles em quem os acreanos votaram para representá-los no Congresso Nacional. Uma forma de fazê-lo é extrair o posicionamento de cada um em relação aos projetos do Governo, sabendo-se desde logo que NENHUM foi eleito por partido da coligação Lulista (PT-MDB). Então, vejamos em primeiro lugar o que ocorreu no Senado.
Apuradas as 211 votações dos dois últimos anos, o Senado se comportou com uma taxa de governismo da ordem de 74%, ou seja, quase 3/4 dos votos foram dados favoravelmente ao governo Lula. É uma média bastante alta, daí se pode deduzir que aqueles senadores cuja taxa de governismo seja superior a 74%, são governistas convictos, ou seja, são perfeitamente alinhados com o Lula.
Como se comportaram os senadores acreanos nessas votações? Lá vai. Sérgio Petecão é, de longe, o senador acreano mais alinhado com o governo e um dos mais alinhados em todo o Brasil. Nada menos que 93% dos seus votos foram com o Lula. Para se ter uma ideia, o velho petista, Paulo Paim, é governista 91% e Humberto Costa, do PT do Pernambuco 89%, quer dizer, tem petista menos Lulista que o nosso senador.
Na outra ponta, o governo e seus projetos tiveram do senador Marcio Bittar 63% dos votos e do senador Alan Rick 68%. Os dois estão entre aqueles claramente oposicionistas, mas não de modo compulsório, já que o Senador Flávio Bolsonaro que serve como limite inferior, votou 48% com o governo. Provavelmente se trata de votações por acordo ou de temas consensuais.
E na Câmara dos Deputados? Na casa do povo houve 790 votações e o governo teve uma taxa de adesão da ordem de 72%, praticamente repetindo a performance do Senado, aparentando uma folgada maioria.
Os deputados federais acreanos possuem comportamento claramente dividido. Quatro são MUITO alinhados com o governo Lula e outros quatro são MUITO alinhados com a oposição. Os governistas são Meire Serafim (92%), Zezinho Barbary (89%), Antônia Lucia (86%) e Socorro Neri (82%). Os oposicionistas são Coronel Ulysses (47%), Gerlen Diniz (53%), Roberto Duarte (55%) e Eduardo Veloso (56%). Se utilizarmos o Deputado Eduardo Bolsonaro como régua, note-se que ele votou 21% das vezes com o governo.
Com esses dados pode-se afirmar que no Acre há uma bancada governista de 4 deputados e uma bancada de oposição também com 4, sendo que a média do governismo da bancada governista é 87,25% e a taxa média de governismo da bancada oposicionista é de 52,75%. Em síntese, a bancada governista acreana está 13 pontos percentuais acima da média da câmara dos deputados e a bancada de oposição está 20 pontos percentuais abaixo.
Algumas perguntas precisam ser respondidas: O eleitor ao menos desconfia disso? Ele acompanha o voto do seu representante ou se dá por satisfeito com os anúncios diários de emendas aqui e acolá? Os deputados e senadores foram eleitos para votarem a favor do Lula ou para fazerem oposição? Quais os projetos que foram decididos com essa adesão explícita ao Governo? Por que os parlamentares em suas comunicações e entrevistas quase nunca se referem ao mérito da votação do dia, afinal na CD foram 790 proposições votadas, não é? Por que certas votações são logo seguidas de liberação de emendas PIX?
Bem, não perguntei a nenhum deles sobre qualquer dos temas, deixo e recomendo a tarefa aos muitos e experientes entrevistadores e repórteres que existem nos vários meios de comunicação do Acre, afinal, nem só de emendas vive o parlamentar. Penso que para começar o ano ajudando aos nossos bons, profícuos e transparentes parlamentares, se poderia trazer à lume o voto de cada um frente aos temas mais importantes e, por favor, sem aquelas babaquices de “sou independente”, ou, “voto se o projeto for em benefício da sociedade sem olhar o partido”. O eleitor está merecendo respostas honestas.