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Tempo para recuperar tragédia no Rio Acre é inestimável, diz bióloga

Caranguejo morto à beira do rio Acre I Whidy Melo/ac24horas
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A morte de peixes e outros animais em um trecho do Rio Acre na capital acreana, identificada no último domingo (6), com impactos notados até esta quinta-feira (10), repercutem na mídia, nos assuntos de cada esquina, mas também no ecossistema de um manancial já judiado pela mistura de esgotos e entulhos.


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O ac24horas entrevistou, com exclusividade, Paula Joseanny, bióloga chefe da divisão de fauna do Instituto do Meio Ambiente do Acre – IMAC, uma das primeiras a receber a denúncia sobre a mortandade de peixes no Rio Acre entre os trechos da confluência do Igarapé Judia e a comunidade Colibri. Segundo ela, o desastre da morte dos animais também trouxe à tona o conhecimento da diversidade de espécies que ainda habitam o Rio Acre e resistem às más condições do ambiente. “Vimos uma diversidade de animais que não tínhamos ciência que existiam, espécies que não sabíamos que estavam aqui, variedades que não são encontradas facilmente. Ou seja, existe ainda uma riqueza biológica em nosso rio, pertinho da gente” disse.


A bióloga destacou, no entanto, que a dimensão do desastre ambiental ainda sem causa conhecida não pode ser estimada, bem como o tempo de recuperação de todo o ecossistema. “Todo animal tem seu papel ecológico, do mais simples — mesmo que o papel dele seja ser alimento para outro animal —, até uma espécie que está em outro patamar. Vimos peixes, arraias, caranguejos, cobras, todos mortos, mas se eles morreram, outros organismos mais simples, inclusive dos quais os peixes se alimentam, também morreram, então mesmo os animais que sobreviveram podem encontrar dificuldade. O impacto da morte desses animais é imprevisível. Foi um volume muito grande que desequilibrou toda uma cadeia, foi algo muito severo, que deve demorar anos até ser reparado”, afirmou.


Foto: Whidy Melo/ac24horas

Causas do desastre

De acordo com Joseanny, foram coletadas amostras da água e de animais mortos em quatro áreas do percurso onde houve avistamentos, mas a principal hipótese causadora do desastre é o resultado da ação humana. “Estamos investigando e devemos receber os resultados preliminares das análises nos próximos dias, mas eu digo que é quase certo que isso tudo seja resultado de ação humana, seja com despejo de material químico ou outra substância nociva, ou de algo que tenha vindo da atmosfera através da chuva. Vale lembrar que a chuva que caiu na sexta-feira (4) estava poluída por causa das queimadas, que foram feitas por ação humana”, opinou.


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