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Veterinário diz ser improvável que causa de contaminação de gatos não seja ração

Foto: médico veterinário Oarde Bartolomeu I Whidy Melo/ac24horas
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O médico veterinário Oarde Bartolomeu, que atendeu mais de 20 gatos vítimas de uma intoxicação alimentar supostamente transmitida através de uma ração, em Rio Branco, disse que é muito improvável que haja a detecção de outra fonte de contaminação que não seja a apontada pelos tutores dos animais: a ração Sr. Cat, da empresa Nutrak. Ao menos cinco gatos morreram. Segundo tutores, a fabricante da ração se nega a compartilhar o resultado de exames laboratoriais.


VEJA AQUI:  Indústria de ração no Acre é acusada de causar morte e paraplegia em gatos

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De acordo com o veterinário Oarde Bartolomeu, em um mesmo dia do mês de fevereiro, cinco animais chegaram à sua clínica com sintomas clássicos de intoxicação alimentar. Na conversa com os tutores, todos teriam afirmado que forneceram aos seus pets o lote 00026 da linha Sr. Cat, da Nutrak, fabricada em 15/01/2024. Daí em diante, mais de 18 outros gatos foram atendidos com os mesmos sintomas após a ingestão do mesmo lote da ração, apenas na clínica Cães & CIA, onde trabalha o veterinário Oarde Bartolomeu.


“Por maiores que sejam as evidências, no entanto, não dá para afirmar que a contaminação foi na fabricação da ração porque, para isso, precisamos dos resultados do exame. Agora, é muito difícil que não seja porque as coincidências são muito grandes: os animais teriam comido o mesmo lote de ração”, analisou Oarde.


Hipótese mais provável


Segundo Bartolomeu, os sintomas sugerem uma infecção alimentar ligada ao botulismo, envenenamento raro causado por toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum. Neste caso, a fonte de contaminação exata na ração é muito difícil de ser apontada.


“Às vezes não foi nem a questão da ração ou do processo da Nutrak em si. Pode ter sido uma contaminação da matéria-prima da ração, que já veio assim, pode ter sido uma esteira de processamento, pode ter sido no armazenamento já do comércio, pode ter sido algo totalmente alheio ao processo industrial da empresa. Isso, a fonte de onde pode ter vindo a bactéria, é algo muito difícil de descobrir. Tanto é que essa questão do botulismo tanto pode acontecer numa empresa pequena como numa empresa gigante, como a Nestlé, porque é realmente muito difícil de controlar”, pontuou Oarde.


Vale ressaltar que, segundo a Nutrak, um exame não identificou a presença de botulismo nas amostras.


Outras hipóteses


Questionado se outras patologias poderiam desenvolver os mesmo sintomas apresentados pelos animais que atendeu, o veterinário Oarde Bartolomeu disse que as avaliações clínicas descartaram picadas de animais peçonhentos, contusões e traumas. A intoxicação por caramujo, no entanto, poderia explicar todos os sintomas apresentados, mas é “muito improvável” que os animais advindos de casas em regiões diferentes da capital tenham ingerido caramujos infectados ao mesmo tempo.


Recomendações


Oarde Bartolomeu disse que o ideal seria, a partir de uma suspeita, que a Nutrak interrompesse todos os seus processos de fabricação até a realização de uma inspeção detalhada e a chegada dos exames que a empresa alega ter solicitado. “Se ainda não interrompeu os trabalhos, está errado. Tem que fechar tudo, descobrir”, disse.


Aos tutores de pets, os sinais de alerta para a infecção são diminuição do apetite, movimentação descoordenada, aparente tristeza e tontura.


Dar ração aos animais faz sentido?


Bartolomeu explica que a questão da alimentação de pets com ração é uma conveniência para o tutor, já que não há evidências de que a ração tenha maior qualidade que uma alimentação comum balanceada. “O mercado põe na prateleira ração premium de cento e cinquenta reais o quilo, simplesmente pela facilidade de não ter que preparar. É só colocar num vaso. Poxa, se for pra pagar esse preço, compre um filé mignon pro seu animal e sirva com vegetais, verduras, arroz. A propaganda da indústria é muito forte e muita gente não se dá conta disso”, afirma.

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O que perguntamos para a Nutrak:


Para a empresa, a reportagem fez os seguintes questionamentos:


1. Para quais laboratórios foram enviadas amostras da ração e qual a data estimada para o retorno dos exames?


2. ⁠Foram pedidos exames para identificar traços de botulismo no produto?


3. ⁠Quantos animais adoecidos a empresa tem ciência de que foram afetados, supostamente em razão do consumo da ração?


4. ⁠Sobre o lote 00026, quantas unidades foram fabricadas? Quantas puderam ser recolhidas do mercado?


5. ⁠A fábrica de ração continua funcionando?


6. ⁠Após a divulgação dos acidentes, a fábrica já recebeu a visita de algum órgão de inspeção?


7. ⁠A Sr. Cat tinha os selos de inspeção necessários?


8. ⁠A Nutrak está prestando algum tipo de assistência às vítimas, ou aos tutores?


9. ⁠Há novidades sobre o caso?


10. Os tutores reclamam da falta de disponibilidade do resultado dos exames. A empresa irá disponibilizá-los?


Em resposta aos questionamentos, a empresa emitiu a seguinte nota:


Em relação aos fatos que vêm sendo noticiados na mídia local, esclarecemos que a Fábrica de Ração Nutrak logo que tomou conhecimento dos fatos sobre os felinos doentes, com suspeita, em tese, de intoxicação, de pronto adotou todas as providências no sentido de esclarecer a suspeita de contaminação envolvendo o lote do seu produto de ração para gatos. (Lote 00026 – Fab em 15/01/2024).


Diante disso, como providência inicial, fez o recolhimento de toda a mercadoria referente ao referido lote que ainda estava disponível, para fins de investigações, através de análises laboratoriais.


Vale ressaltar que no Estado do Acre não existe laboratório específico para o fim de análise em apreço.


Nesse sentido, os representantes legais da fábrica de ração, com toda a preocupação que o caso requer, e com intuito de esclarecer a situação, logo encaminhou o material para análise detalhada em laboratórios em Minas Gerais e também no interior de São Paulo, as quais, resultaram negativas.


Não satisfeitos, encaminharam o material para nova análise em laboratório estabelecido no Estado do Rio Grande do Sul, que até o presente momento, não emitiu resultado.


Não obstante, vale consignar que a Fábrica de Ração Nutrak já está estabelecida nesta cidade há tempos e nunca teve qualquer reclamação sobre os produtos que são comercializados, razão pela qual deixa claro que o maior interessado em esclarecer a situação é a própria empresa.


Por fim, registre-se que a Fábrica de Ração Nutrak, logo no início, se colocou à disposição para oferecer o suporte médico veterinário necessário aos tutores dos felinos, agindo de boa-fé e sem qualquer análise laboratorial realizada.


Todavia, apesar das análises já realizadas, as quais resultaram negativas, coloca à disposição dos referidos tutores, caso queiram, o material (Lote 00026 – Fab em 15/01/2024) para novas análises, em laboratórios indicados por eles, e assim garantir a imparcialidade do resultado e também a elucidação do caso.


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