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O teatro, os atores, o filósofo e um possível grand finale

O cidadão riobranquense precisa tomar cuidado para não cair em falsas polêmicas. A última é esse simulacro de embate entre o governador do Acre, Gladson Cameli, e o prefeito da Capital, Tião Bocalom. Neste espaço, hoje, o ac24horas não fará nenhum juízo quanto à qualidade da gestão. Nem de um, nem tampouco do outro. Quem tiver sua régua que meça, com o milímetro de política da conveniência que couber entre um traço e outro.


O problema de fundo é de outra monta. A polêmica é falsa pelo que foi exposto no final da nota assinada por Cameli e divulgada na última sexta-feira (19). Quem custeia obras ou serviços não são prefeituras ou governos. Quem custeia toda máquina é o próprio cidadão, estendendo essa cidadania também à classe empresarial, para ser justo nas contas e nas falas.


A cena ilusória tem como personagem óbvio o período pré-campanha. É o ator mais imediato. O primeiro do palco. O mais próximo do público, necessário para análise dos críticos teatrais mais apressados. Sim, existe a ideia de Gladson Cameli com o seu “leitãozinho” mimoso, Alysson Bestene, apresentado como provável concorrente de Bocalom à Prefeitura de Rio Branco em outubro deste ano. O próprio prefeito tem aguentado, com os dentes trincando, algumas críticas feitas por líderes rurais à PMRB sobre omissões e incompetências do Deracre. O silêncio do alcaide é estratégico, na esperança de que haja algum tipo de composição. Isso já foi motivo de argumentação aqui neste espaço em outras edições.


Foi notícia esta semana, inclusive, a cessão da servidora da Prefeitura de Rio Branco Roberta Silva e Souza Lins, esposa de Alysson Bestene, para continuar prestando serviço ao governo de Gladson Cameli até dia 31 de dezembro. Uma generosidade também calculada. Gestos plenos de interesse. É a frase de efeito proclamada pelo ator para impressionar o colega de cena e, claro, encantar a plateia.


Mas quem contracena com Bocalom parece não ter se impressionado: manteve-se no palco, com a segurança de quem possui o papel principal no drama. Já foi dito aqui neste espaço: Gladson Cameli não fará nenhum movimento mais agressivo antes de definições ainda a serem concluídas no STJ, provavelmente no mês que vem. Até lá, vai tocando flauta entre um ato e outro do espetáculo.


Bocalom, por sua vez, continua encenando para o público do gargarejo: fazendo cenas mais fáceis como a que traja a personagem do tocador de obras: o que acomoda cada tijolo na pavimentação cerâmica; o que mede a casa digna para os pobres desgraçados; o homem que chamou para si a responsabilidade de administrar a política de saneamento, custeando a limpeza de praças e asfaltando ruas. Ele defende como extraordinário funções elementares da administração pública municipal. E, claro, colocando na fatura das gestões passadas (o que ele denomina de “puxadinho”) algo intolerável para um homem de brio.


A polêmica é falsa porque não expõe contradições estruturantes. Tanto Gladson quanto Bocalom representam a mesma classe. Ainda são do mesmo partido, inclusive. Para lembrar um raciocínio tão óbvio e que se tornou tão popular por aqui de um companheiro dos dois, José Bestene, que um dia filosofou sobre homens, bananas, cachos, farinhas e sacos.


Há, talvez, duas personagens que podem roubar a cena. São já velhas conhecidas: Marcio Bittar e Jair Bolsonaro. Na provável cena em que Bocalom se filia ao PL, Bittar, o estrategista, pode combinar a cena seguinte com o ex-presidente. Para fazer valer ainda os tiros imaginários que o Capitão um dia deu por aqui, segurando o tripé de um repórter cinematográfico, prometendo manter a petezada longe do Acre, a dupla pode costurar um diálogo entre o novo filiado, o ator principal da cena acreana e o “leitãozinho” mimoso. Seria um grand finale, não seria? Para os mesmos sacos, as mesmas farinhas, as mesmas bananas, os mesmos cachos e, claro, seria um grand finale para os mesmos homens. Baixa o pano!


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