O IBGE publicou no último dia 06/12 a Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2023, que tem como objetivo sistematizar e apresentar um conjunto de informações relacionadas à realidade social do país, a partir de temas estruturais de grande relevância para a construção de um quadro abrangente sobre as condições de vida da população brasileira. Os dados são de 2022. No artigo de hoje selecionamos alguns resultados para o Acre.
Com 14% da pessoas, mais de 126 mil acreanos ainda estão na extrema pobreza
No Acre, a proporção de pessoas em extrema pobreza caiu de 17,6% para 14,0%, de 2021 para 2022. No ano passado, na extrema pobreza, o Acre alcançou o segundo pior resultados dentre os estados da federação, ficando somente acima do Maranhão (15%), conforme pode ser observado na tabela a seguir.
O IBGE, considerou, nessa análise, os parâmetros do Banco Mundial de US$2,15/dia (R$ 10,75) para extrema pobreza e de US$ 6,85/dia (R$ 34,25) para a pobreza, em termos de Poder de Paridade de Compra (PPC) a preços internacionais de 2017. Essas são as linhas utilizadas para o monitoramento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1 (ODS1: Erradicação da Pobreza), e foram atualizadas pelo Banco Mundial em 2022.
Pobreza caiu para 51%, mas 460 mil acreanos ainda estão nessa condição
Já o percentual de pessoas em situação de pobreza caiu de 54,1% em 2021 para 51,0% em 2022. Na pobreza o Acre apresenta o quinto maior indicador dentre os estados, conforme pode ser observado na tabela a seguir. Para o Brasil como um todo, em 2022, a situação de pobreza atingiu 31,6%.
Em 2022, havia 460 mil pessoas na pobreza e 126 mil na extrema pobreza. Frente a 2021, esses contingentes recuaram 21 mil e 31 mil pessoas, respectivamente.
Mais de 76% da população do Acre recebeu até 1 salário mínimo
O IBGE destaca a dispersão dos rendimentos do trabalho é bastante expressiva também quando considerada a localização geográfica e refletem, em parte, a distribuição das atividades econômicas pelo Território Nacional. Por exemplo, no Maranhão, em Alagoas, na Paraíba e no Amazonas, mais de 80% da população recebeu até 1 salário mínimo per capita, o dobro do percentual observado em Santa Catarina (39,9%) e no Distrito Federal (40,7%). No Acre esse valor ficou em 76,1%. Também no Acre somente 19,5% da população ganhava mais de 1 a 3 salários mínimos e somente 4,3% ganhavam mais de 3 salários.
Mais de 15% da população residia em domicílios sem banheiro exclusivo, a maior proporção do Brasil
A inexistência de banheiro de uso exclusivo está distribuída de forma bastante desigual no Território Nacional e, por isto, apesar de o índice nacional ser relativamente baixo, havia, em 2022, quatro Estados onde mais de 10% da população residia em domicílios sem banheiros de uso exclusivo: Acre (15,4%), Maranhão (12,8%), Pará (11,2%) e Piauí (10,2%).
Acre obteve a taxa de 95,3% de frequência escolar para pessoas de 6 a 14 anos
Quando se analisa a taxa de frequência escolar líquida para pessoas entre 6 e 14 anos de idade, em relação às Unidades da Federação, em 2019, somente Roraima não havia atingido a Meta 2 do Plano Nacional de Educação -PNE que é de 95%. Por sua vez, em 2022, 14 das 27 Unidades da Federação deixaram de cumprir essa meta. Destaques para Roraima (91,1%). Mato Grosso (93,3%) e Pernambuco (93,5%). O Acre está dentre as 13 unidades que atingiu a meta do PNC, em 2022, obteve a taxa 95,3 %.
Somente 8,5% das crianças que frequentam educação infantil no Acre são da rede privada
O percentual de crianças que frequentam educação infantil na rede privada, está geograficamente associada a rendimentos mais elevados. O IBGE mostrou que todos os Municípios das Capitais apresentam maior proporção de estudantes da educação básica na rede privada, especialmente da educação infantil, em comparação com as respectivas Unidades da Federação, refletindo, entre outros fatores, maior capacidade de seus moradores para arcar com os custos do ensino privado. No Acre o percentual atingiu 8,5% e em Rio Branco 18,2%. Sendo a diferença de aproximadamente 10 pontos.
20,3% da população acreana com mais de 25 anos de idade possuí ensino superior completo. Proporção maior que a do Brasil (19,2%) e a da Região Norte (15,6%)
Conforme pode ser observado no gráfico abaixo, quando se compara os indicadores do Acre com as do Brasil e as da Região Norte, verifica-se que, enquanto o Acre possuí, proporcionalmente, menores números de pessoas com mais 25 anos, em quase todos os níveis de instrução. Por outro lado, temos uma proporção maior de pessoas com ensino superior completo (20,3%).
Os analistas do IBGE atribuíram a redução da pobreza aos programas sociais e à melhora do mercado de trabalho. São indicadores sociais importantes para a nossa reflexão. Porém, ter mais da metade da população na pobreza não nos conforta e precisamos reagir.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas