O Acre mostrou o mais rápido processo de envelhecimento no período entre 2010 e 2022, anos de realização dos dois últimos Censos Demográficos do país. No estudo, os pesquisadores calcularam, a partir da coleta de informações de idade da população brasileira, o chamado “índice de envelhecimento”. Esse índice representa o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade em relação a um grupo de 100 crianças de zero a 14 anos. Portanto, quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população.
No Censo de 2022, no Acre, essa taxa ficou em 23,8. Ou seja: na época de coleta de dados para a pesquisa, havia cerca de 24 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Esse índice de 2022 foi quase o dobro do observado no Censo anterior, de 2010, quando o IBGE registrou no país proporção de 12,8 idosos, para cada grupo de 100 crianças de até 14 anos.
Mudanças em tendências demográficas no estado, dão sinais de uma transição demográfica, com redução de mortalidade em todas as faixas etárias, principalmente infantil; e ganhos em todos os grupos de idade. Verificou-se também, um começo de processo de queda de fecundidade.
Conforme pode ser observado do gráfico acima, a faixa etária de zero a quatorze anos foi reduzida em 10,5% no período intercensitário e o estado, em 2022, contava com 221.160 pessoas nessa faixa. Por outro lado, a faixa dos idosos (acima dos 65 anos), cresceu 67,1%. Já a faixa etária com o maior contingente de pessoas foi aquela de 15 a 64 anos, que cresceu 22,4% de 2010 para 2022 e somava 556.288 pessoas. Essa faixa é a chamada população em idade ativa e entrante no mercado de trabalho.
Senador Guiomard e Plácido de Castro possuem o maior índice de envelhecimento do Acre
Dez municípios acreanos possuem taxas de envelhecimento maior que a média estadual. Conforme pode ser observado no gráfico abaixo. Senador Guiomard (31,4), Plácido de Castro (31,1) e Porto Acre (30,7), são aqueles que apresentaram as maiores taxas. O município mai populoso, Rio Branco, a capital ao Acre, também possui uma taxa maior que a estadual (29,2).
Por outro lado, temos 12 municípios com taxa de envelhecimento menores que a estadual. Destaque para os chamada isolados, aqueles que possuem acesso somente via aérea e/ou fluvial, Jordão (6,5), Santa Rosa (7,7), Porto Walter (10,0) e Marechal Thaumaturgo (10,1). O segundo maior município do Acre, Cruzeiro do Sul (21,8), também possuí uma taxa menor que a estadual.
O Acre vive um vigoroso processo do chamado Bônus Demográfico
O fenômeno “bônus demográfico” se dá quando há mais pessoas, dentro do total da população, em idade ativa e entrante no mercado de trabalho (556.288 pessoas), do que da chamada população inativa, os idosos e as crianças (273.730 pessoas). Na prática, uma parcela maior de pessoas, na população economicamente ativa, confere a um local maior capacidade de produzir renda, e assim movimentar de forma mais ágil a economia.
O bônus demográfico, oferece uma população com idade potencial ativa grande e maior do que os outros grupos populacionais que produzem menos ou não produzem. Na medida em que essa população envelhece e temos uma base de crianças cada vez mais estreita; esse grupo vai se tornar mais idoso. A população envelhecida vai ter que produzir muito mais para compensar diminuição de pessoas em idade ativa.
A preocupação é que no Acre, que está na plenitude do seu bônus demográfico, a taxa de desemprego média entre os jovens é o dobro da população geral. No grupo das pessoas que tinham mais de 14 anos, em 2022, somente15,5% tinham nível superior e 34,9% eram sem instrução ou tinham somente o ensino fundamental incompleto.
Dentre outras ações e investimentos que visem a geração de emprego e renda, é urgente a criação de uma ampla política pública de mobilização e incentivo para preparar jovens de 14 a 29 anos para se inserirem com maior qualificação no mundo do trabalho. Ou fazemos isso, ou perderemos essa oportunidade única nos dada por esse importante ativo, o bônus demográfico.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas
