Personagens civis ocultos da tragédia do voo da ART Táxi Aéreo, que vitimou 12 pessoas ao cair nas proximidades da cabeceira do aeroporto Plácido de Castro, em Rio Branco, foram fundamentais para as primeiras equipes de resgate que chegavam ao local do acidente na manhã do último domingo, 29.
Naquela manhã, após presenciarem um avião voado baixo sobre as copas das árvores, Paulo Ferreira, Antônio Sirneandro e Edvaldo* [o sobrenome é desconhecido], ouviram o som da explosão e visualizaram fumaça.
Sem temor, se dirigiram à beira da mata e tentavam encontrar um caminho até o avião no momento em que as primeiras viaturas do Corpo de Bombeiros que estavam baseadas no aeroporto chegaram às cegas, já que a única referência do local da queda era a fumaça de um incêndio que se formou.
Foram Paulo Ferreira, Antônio Sirneandro, Edvaldo e três cachorros, acostumados com aquele terreno e residentes da região há muitos anos, que ajudaram os bombeiros a chegar, no tempo mais curto possível, aos restos do avião, que ainda estavam cobertos por labaredas de mais de 6 metros de altura.
“Tinha um bombeiro que estava muito nervoso com uma motosserra, não estava conseguindo derrubar uma árvore porque estava nervoso com a situação. Bati no ombro dele, pedi o motor e fiz o corte”, disse Paulo Ferreira, de 63 anos. O nervosismo do socorrista, segundo Paulo, não pode ser julgado por quem não estava vivendo aquela situação: “é muito difícil, você pensa que a cada segundo de demora alguém pode estar morrendo”.
A pressa para o socorro, pode dar à família a certeza de que a tragédia foi tratada com a importância e prioridade que se esperava. O corpo de bombeiros e os serviços de emergência compareceram ao local e abriram uma trilha na mata fechada o mais rápido que puderam, mas as testemunhas ouvidas pela reportagem garantem que nada poderia ter sido feito para salvar a vida dos 12 ocupantes do PT-MEE, mesmo que tivessem sobrevivido ao choque inicial com as árvores: “Na fração de segundo que ele bateu nas duas árvores maiores, já explodiu de um jeito muito forte. Se o resgate tivesse vindo logo atrás deles, mesmo assim não dava tempo”, disse Antônio Sirneandro, que mora na região desde que nasceu.
*A reportagem não conseguiu contato com Edvaldo, mas o homem foi citado por pessoas ouvidas como contribuinte no trabalho de acesso à aeronave acidentada, para os serviços de resgate.