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A juventude, a vaidade e a fragilidade da corte

Michelle Melo. O episódio envolvendo a ex-líder do governo na Aleac pautou as conversas e a preocupação de muita gente, sempre interessada nos movimentos da corte por aqui. No entanto (é preciso admitir), deu a lógica. Aliás, não seria exagero dizer que sobrou lógica no entrevero.


Michelle Melo é médica, mãe dedicada e uma liderança política comprometida com o que ela entende ser o mantra da sua vida: “gente cuidando de gente”. É uma frase “coaching”, dessas que se pensa em reuniões de planejamento de mandato. É uma frase fofa. E para por aí. Nada mais diz, de tão genérica.


Talvez por ser ainda jovem na política, deixou a vaidade moldar o sorriso bonito e saudável, de menina bem criada. Animal manhoso, a vaidade não se limitou ao sorriso da parlamentar: moldou-lhe a conduta também. A postura da ex-líder do governo na Aleac expôs, em quase todos os momentos, que ela ainda não estava preparada para assumir a função.


Qual jovem não quer ser identificado por uma conduta corajosa, imperativa, destemida? Qual jovem político não quer ser identificado pelo povo nos termos: “Olha lá! Ali vai uma mulher que nos defende!”, diria um. “Essa daí fala o que o povo quer falar!”, compara outro ali. “Aquela ali me representa!”, abarca outro acolá. Isso massageia o ego de um iniciante, mas obriga à reflexão um parlamentar mais cuidadoso com os movimentos e ritos que a política exige.


Michelle Melo errou ao não saber dosar. Equivocou-se em não perceber que o governo frágil que ela dizia defender exigiria muito mais cuidado no trato dela com os colegas de parlamento (onde estava bem desgastada, no desempenho da função); equivocou-se no trato com os integrantes da gestão estadual e também na condução do próprio mandato e a relação com sua base eleitoral.


As consequências da saída de Michelle Melo serão muitas? Não se tratará de uma hecatombe. Mas algum efeito trará. Talvez, uma marolinha. Foram oito meses que o Gabinete Civil conseguiu neutralizar uma comunicadora nata e que, assim como tem sido moda na rotina política regional, tem lá a sua dose de carisma com presença em redes sociais e com forte tendência assistencialista.


A crônica política foi quase unânime quando da escolha de Michelle Melo para a liderança: Gladson teria “amarrado” com cargos e poder a vereadora impetuosa, feita deputada que poderia lhe trazer dores de cabeça na Aleac. O cálculo de Gladson continua dando certo. A saída de Michelle não significará que, a partir de agora, ela irá fazer dupla com Edvaldo Magalhães. Dificilmente, isso ocorrerá. A imagem da ex-líder, seus familiares, os interesses de seus familiares, o perfil de atuação política estão por demais próximos de Cameli e sua tropa.


À equipe de governo, cabe o alerta: que nenhum cortesão ao lado de Gladson fique empolgado e se considere vencedor de um cabo de guerra virtual. Ninguém sai vencedor do episódio. Todo o processo que culminou com a mudança de cadeiras só demonstra atropelos na equipe de governo. Neste aspecto, Gladson continua, quase no fim do quinto ano de governo, precisando fazer ajustes na articulação política.


A determinação para que a Segov “tomasse uma atitude” em relação à liderança veio antes que o governador viajasse para Washington, nos Estados Unidos. A forma como isso ocorreu foi completamente atabalhoada. Méritos para o ac24horas e um de seus principais colunistas políticos, Luiz Carlos Moreira Jorge, que sempre está com a pena pronta para pautar a imprensa regional.


Mas, do ponto de vista da liturgia do cargo, o secretário Alysson Bestene errou feio: não conversou com Michelle, não conversou com o presidente do partido, o colega de gestão e secretário de Estado de Agricultura, Luiz Tchê. Caso a Segov entenda que sai fortalecida do episódio, engana-se. Em boa medida, é também uma percepção alimentada pela traiçoeira vaidade.


Nas declarações dadas ao ac24horas, o novo ocupante da pasta, deputado Manoel Moraes (PP) já alopra para o extremo oposto. “Quem é líder do governo não pode criticar o governo, como fez a deputada Michelle, mas tem que defender, e não se juntar à oposição. Vou para a liderança para ajudar o governador Gladson, e não para lhe criticar”, ensinou Moraes. Gladson está longe do equilíbrio demonstrado por Pedro Longo à frente do cargo.


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