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No Acre, mulheres dedicam 6,7 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas

O IBGE lançou, no dia 11/8, dados que integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) sobre outras formas de trabalho. O recorte abrange atividades não remuneradas que historicamente recaem mais sobre as mulheres, como cozinhar, limpar a casa e cuidar de crianças e idosos. Nossa tarefa de hoje é aproveitar a publicação do IBGE para o país e fazer um recorte para essas atividades no Acre.


Em 2019, no Brasil, as mulheres dedicavam 10,6 horas a mais do que os homens aos afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas. Em 2022, essa diferença era de 9,6 horas. No Acre, elas dedicavam 9,4 horas a mais do que os homens aos afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas em 2019; essa diferença caiu para 6,7 horas, ou seja, 2,9 horas a menos que a média das mulheres do país como um todo.


Homens do Acre têm a menor participação nos afazeres domésticos que a média no Brasil


No Brasil, 92,1%% das mulheres com 14 anos ou mais realizaram afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas em 2022, enquanto apenas 80,8% dos homens desse grupo etário estavam envolvidos nessas atividades. Os números do Acre indicam que esse percentual era de 89,6%% para as mulheres daquela faixa etária, enquanto apenas 77,4% dos homens, também desse grupo etário, estavam envolvidos nessas atividades. 


Enquanto no Brasil, em 2022, em média, as mulheres ocupadas dedicaram 6,8 horas a mais do que os homens ocupados aos afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, no Acre essa diferença foi de somente 4,7 horas a mais, para o mesmo ano. 


No Acre, a taxa de realização de afazeres domésticos entre as pessoas com 14 anos ou mais de idade foi 82,3% em 2022, ou o equivalente a 564 mil pessoas nesse grupo etário realizando aquelas atividades. No Brasil essa taxa foi de 85,4, correspondendo a 148,1 milhões de pessoas na mesma faixa etária. 


Homens mais instruídos participam mais dos afazeres domésticos  


Assim como no Brasil, no Acre a realização de afazeres domésticos era maior entre homens com curso superior completo (81,0%) e menor entre os sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (72,9%). No Brasil essa realização era de 86,2% (superior completo) e 74,4% (ensino fundamental incompleto).


As mulheres que se declararam pretas tinham a maior taxa de realização de afazeres domésticos (92,7%) no Brasil como um todo. Já no Acre, a maior taxa é das mulheres que se declararam pardas, com 89,6%, levemente acima daquelas que se declararam pretas (86,7%).


Realização de cuidados de pessoas


No Acre, a taxa de realização de cuidado de pessoas caiu de 32,5% em 2019 para 26,4% em 2022, ou o equivalente a menos 31 mil pessoas. A taxa Brasil para essa categoria também caiu, no caso, de 33,3% para 29,3%, ou o equivalente a menos 5,3 milhões de pessoas. No Acre, no período, considerando o cuidado no domicílio, observou-se uma redução do cuidado de crianças de 0 a 5 anos e aumento do cuidado de moradores de 6 a 59 anos e de idosos. No Brasil as movimentações ocorreram numa redução do cuidado de crianças de 0 a 14 anos e no aumento do cuidado de moradores de 15 a 59 anos e de idosos.


Em 2022, 17 mil pessoas realizaram trabalho voluntário  


A taxa de realização de trabalho voluntário foi de 2,5% no Acre, o equivalente a 17 mil pessoas com 14 anos ou mais de idade, envolvidas nessa atividade. No Brasil, a taxa foi de 4,2%, o equivalente a 7,3 milhões de pessoas. Conforme o IBGE, a frequência do trabalho voluntário também se alterou. Enquanto se reduziu a parcela daqueles que faziam trabalho voluntário quatro ou mais vezes por mês, aumentou o trabalho voluntário eventual e o realizado uma vez por mês. 


Alessandra Brito, analista da pesquisa do IBGE, indica que as mudanças verificadas na pesquisa é uma questão muito estrutural, não só no Brasil. A diferença ocorre na América Latina, na Europa. Isso está mudando, mas a passos bem lentos. Completa dizendo que esse tipo de pesquisa muda pouco porque tem coisas que dependem de conscientização, de mudança educacional e que quando as pessoas são mais escolarizadas, elas realizam mais afazeres domésticos e cuidados, sobretudo entre os homens.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas