Menu

Pesquisar
Close this search box.

O carimbo do NÃO PODE tem donos e vítimas

Ganhou a mídia acreana e os debates em muitos lugares atentos ao desenvolvimento acreano, a NEGATIVA da justiça quanto à possibilidade de estudos referente a uma possível (planejada) construção de rodovia cruzando o parque nacional da serra do divisor, ligando o Brasil ao Peru (Cruzeiro do Sul-Pucallpa) em continuidade ao traçado original da BR 364.


O Portal G1, que não perde oportunidade para bater o bumbo do NÃO PODE na Amazônia, mancheteou: “A Justiça Federal decidiu a favor de ONGs e associações ambientais e suspendeu as obras da estrada entre Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, a Pucallpa, no Peru. A estrada vai cortar o Parque Nacional Serra do Divisor e várias terras indígenas para ligar o Acre a Pucallpa”. Pois é isso mesmo. A instituição brasileira que ainda mantém o nome de Justiça decidiu, como de costume, a favor da turma que comanda o veto ao desenvolvimento.


Talvez seja hora de saber quem são essas criaturas da cena brasileira que vez sim, vez sim, ganha na justiça suas pretensões. Aliás, está em andamento no Congresso uma CPI no SENADO, cujo relator é o Senador acreano Marcio Bittar, justamente para averiguar a largueza e profundidade com que atuam essas instituições na Amazônia. Sobram razões para desconfianças sobre seus reais interesses, financiamentos e operações.


No presente caso, as instituições que assinam a ação pública são a indefectível SOS Amazônia, a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), todas velhas conhecidas, quando se trata de interpor dificuldades e obter recursos externos para suas atividades.


Nenhum dos atores é estranho, talvez não sejam tão bem conhecidas as ONG’s estrangeiras que se colocam em posição de financiadoras, mas que não dão as caras com a mesma visibilidade. Documentos públicos como ESTE dão pistas da origem dos recursos que utilizam para suas “notáveis ações de promoção dos ribeirinhos e indígenas do Acre”. A CPI no Senado que cuide do assunto. O que interessa, por enquanto, é o mérito da construção da estrada que, segundo o próprio GOVERNADOR se faz necessária – pelo menos nesse tema o nosso governador não bateu continência para os eco-eco-ecologistas (não é erro de digitação) incrustrados no governo.


Ora, é mais que evidente que a turma dona do carimbo PROIBIDO, MP no meio, segue um roteiro conhecido que tem como ícone no Brasil, a acreana transformada convenientemente em seringueira da avenida paulista, Marina Silva. A ideia geral é trancar todas as possibilidades de interação econômica com os países vizinhos, constituindo em toda a região um cordão de isolamento de “proteção da biodiversidade” obviamente com as mesmas repercussões do lado de lá. Os interesses vão desde a formação de estoque natural de recursos para as nações desenvolvidas de onde vem a grana dessa gente, à imobilização para eventuais aventuras separatistas sob os auspícios da ONU. Gente importante como o quatro vezes ex-Ministro, e ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, não descarta nada.


Seguramente a medida também fez a alegria dos narcotraficantes que, mercê de governos vizinhos lenientes, senão cúmplices, infestam dia a dia as pequenas e longínquas comunidades na fronteira. Neste diapasão, o futuro mais provável é uma enorme faixa interditada ao desenvolvimento econômico dominada por narcotraficantes ecologicamente corretos. Para alguns, essa gente é praticamente formada por heróis bastante peculiares.


Enquanto isso, dezenas, senão centenas de milhares de acreanos da fronteira oeste, se engalfinham na esperança de um emprego público ou morrem aos poucos com a renda básica governamental. Cria-se, desse modo uma economia de inercia para a região. Não produz, não consome, não vende, apenas vive. Olhei superficialmente alguns dados: Se tomarmos os três municípios centrais do extremo oeste; Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves pode-se elaborar o quadro abaixo com valores médios e apenas aproximados, sujeitos a correções em vista da data e precisão de cada:


Quadro 1


C. Sul M. Lima R. Alves
FPM/M 3.665.698,00 1.365.728,00 1.356.728,00
ICMS/M 3.508.518,74 565.818,14 429.566,16
FUNDEB/M 877.128,99 141.454,42 107.391,45
AUXÍLIO BRASIL/M 9.100.000,00 2.700.000,00 2.200.000,00
– Famílias no AB 14.200 4.300 3.300
População ocupada (%) 11,8 4,8 3,8
Rendimento Médio 1,7 SM 1,6 SM 2,0 SM
População com renda abaixo de MEIO SM 44,2% 48,7% 51,9%
População Estimada 89.760 19.643 19.767

 


Temos assim, segundo dados oficiais (IBGE e Fazenda Estadual) que, aliás, podem ser melhor apurados e atualizados, já que nosso intuito não foi esmiuçar as contas municipais, que boa parte das 130 mil pessoas nos três municípios vivem basicamente do Estado. Seja pelos recursos obrigatórios que os municípios recebem do Estado e da União, seja pelos recursos transferidos às famílias carentes. Para se ter uma ideia, o auxílio federal põe mais dinheiro nos municípios do que FPM e ICMS e FUNDEB somados, enquanto isso, metade da população possui renda per capita inferior a MEIO Salário Mínimo.


A população ocupada em trabalhos formais possui renda baixíssima não passando de 2 salários mínimos. Nem estou considerando os outros municípios da região, sabidamente anda mais pobres. Pois é esta a região que o acumpliciamento ongueiro quer imobilizar, atravancando sempre que pode qualquer sinalização no sentido do desenvolvimento regional. E para quê?


Para serem os mocinhos da curriola de Greta Tundberg e Leonardo DiCaprio, para obterem citações em alguma revista de coleguinhas dos convescotes de que participam, para receberem prêmios de compadrio que por destino certo deveriam ter o canal da maternidade onde se encontram coisas semelhantes, para fazerem upgrades em suas carreiras e tomarem assento em discussões e debates que nunca levaram a lugar nenhum além do atraso e do sofrimento do povo acreano e, obvio, para botarem a mão no erário e enriquecerem. Querem se sentir como o beatifoul people “mudando o mundo” igual àquele adolescente que ainda nem se desfez do beck. Não cansamos de ver este filme?


Se lembro bem, houve um tempo em que a cena acreana estava entupida dessa gente. De tanto gringo balançando suas miçangas nos convescotes que até hotel foi inaugurado para isso, me surpreende que alguém do meio não saiba falar inglês de carreirinha. É claro que a decisão recente é uma pedra no início do caminho. Muito mais virá. Até lá aparecerão mais ONG’s e associações, surgirão do nada estudos “científicos” para provarem a existência de flores e arbustos e borboletas e roedores e sapinhos e peixes e cobras e insetos que só existem justamente no trajeto da estrada. Vão, quem sabe, encontrar vestígios de uma civilização perdida, talvez uma pirâmide surja no caminho, ou até um indígena isolado seja fotografado em pose adequada. Certamente dirão que um parque nacional, propriedade da União, sob o olhar de milhares de ONGs vai ser incendiado para virar fazenda de gado. O que não dirão é como dinamizar a economia do Juruá, como alterar os dados do quadrinho acima, como tirar aquela gente da pobreza útil.



Valterlucio Bessa Campelo escreve semanalmente no ac24horas.com e, eventualmente, em seu Blog e no site do jornalista e escritor Percival Puggina.