O bispo da Diocese de Rio Branco, Dom Joaquín Pertiñez, 70 anos, foi o entrevistado do Bar do Vaz desta terça-feira, 28, e revelou que a sociedade precisa estar vigilante quanto ao fim dos tempos e defendeu políticas públicas de preservação da Amazônia, além de reclamar de excesso de atraso em repasses públicos a instituições filantrópicas.
Ao tratar das instituições filantrópicas, como o Hospital Santa Juliana e Casa Souza Araújo, administradas pela igreja católica, o religioso citou que é necessário serem enviados repasses do Estado para que as portas não sejam fechadas e a população não fique sem atendimento. “O problema não é nosso, o problema é do Estado, não é da igreja, queremos ajudar, mas não temos condições de manter. A hanseníase é um problema que ainda existe, muitos deles não tem pra onde ir. Quando o governo não paga, os cirurgiões não operam, os anestesistas não trabalham, então, estamos levando por sermos brasileiros”, citou.
O religioso espanhol ainda revelou no decorrer da entrevista que a Souza Araújo e Hospital Santa Juliana ainda não fecharam as portas devido à vontade divina. Outro problema é em relação aos atrasos no repasse feito pelo governo do Estado à igreja. “O governo paga com atraso. Na pandemia chegou a faltar coisas. Nunca faltou um dia de comida, curativos”, ressaltou.
Indagado pelo jornalista Roberto Vaz, Joaquim lamentou não receber ajuda do governo do Acre para manter a estrutura da instituição. “Infelizmente, tudo que se tem lá, construções, veículos é feito com recursos de fora”, disse.
Nascido em Granada na Espanha, Joaquim revelou que os “cristãos” precisam ficar vigilantes em relação aos acontecimentos no mundo – como um possível sinal do cumprimento da profecia do fim do mundo. “Já vivemos tempos piores. Nós acreditamos que chegará o fim do mundo, mas não sabemos quando. Então, são sinais e devemos estar atentos”, declarou.
Com 51% da população católica, o representante da igreja no Acre também abordou os recentes problemas climáticos. Segundo o reverendo, as autoridades precisam preservar a Amazônia. “Mais de 70% da população vive na beira do mar. Tem países que vão desaparecer e é algo muito sério caso não acabe com esses problemas climáticos. Já sabemos que o solo já Amazônia é pobre, as variantes climáticas vão se renovando devido ao desmatamento. É preciso preservar a Amazônia”, mencionou.
Questionado sobre as razões da instituição católica não realizar pedidos de doações nas igrejas – a exemplo de outras religiões – o bispo deixou claro que a salvação é individual. “A salvação não se vende, não se compra a parcela do Reino dos Céus. O novo testamento não fala em dízimo, mais sim, cada um da sua consciência e pronto. Fazemos também campanhas de caridades nas paróquias e temos pastoral dos imigrantes que ajudam. Fazemos o pouco e Deus abençoa”, opinou.
Sobre os recentes problemas de saúde não divulgados pela assessoria da Diocese da capital, Pertiñez garantiu que teve apenas um problema pulmonar, mas já solucionado. “Não foi nada grave, apenas uma embolia pulmonar e prótese no joelho. Estávamos procurando saber a origem que me levou a hospitalização no hospital Santa Juliana, não foi tão grave assim”, afirmou.