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Um dos maiores eventos religiosos do Acre, Festa de São Sebastião em Xapuri precisa se reinventar

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Neste começo de semana, o prefeito de Xapuri, Bira Vasconcelos (PT), publicou na página da prefeitura no Facebook um vídeo no qual agradece aos responsáveis pela realização do 121º Novenário de São Sebastião, cujo ponto alto é o dia 20 de janeiro, data em que o soldado romano canonizado pela igreja Católica é celebrado em inúmeras cidades brasileiras e também do mundo como padroeiro.


Junto com o Novenário de Nossa Senhora da Glória, em Cruzeiro do Sul, a festa da cidade do Alto Acre tem enorme importância no estado tanto no que diz respeito à religiosidade quanto à economia. O evento mexe com a vida local em vários aspectos, aquecendo alguns setores do comércio, como hospedagem e alimentação, além dos eventos culturais e artísticos, mas também atraindo comerciantes de Rio Branco.

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Nos seus agradecimentos, o prefeito disse que já está esperando os visitantes para a festa no próximo ano, quando a manifestação completará 122 anos de história. A afirmação “estar esperando”, por mais que seja evidentemente protocolar, dá aos mais exigentes a noção de se estar devidamente preparado para mais uma festividade como a que ocorreu mais uma vez neste fim de semana, o que não é uma verdade.


Nesse ponto, a análise envolve também a Paróquia de Xapuri, promotora maior do evento religioso. Copartícipe, a prefeitura é responsável pela parte dos eventos profanos, por assim dizer. Mesmo sem que haja uma parceria formal, as duas instituições organizam atividades que, conjugadas, resultam na programação da maior festa do município.


Mesmo com uma avaliação feita pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros de que no momento do procissão, que é o ápice da festa, havia cerca de 18 mil pessoas participando do evento, houve um certo consenso entre fiéis e romeiros que foram ouvidos de que a concentração de público foi bem menor do que em ano anteriores à pandemia da Covid-19.


Ouvido ainda antes da procissão, o prefeito apresentou duas teses para uma suposta menor presença, até ali, de pessoas na cidade em pleno dia 20 de janeiro: o crescimento do público evangélico na população local e uma nova dinâmica do deslocamento de visitantes. “Atualmente, as pessoas deixam para vir de última hora. Até meio-dia vai chegar muito mais”, previu.


Do ponto de vista da igreja, o maior ou menor número de participantes parece não ter tanta relevância. As novenas estiveram sempre lotadas, a arrecadação dos bingos, quermesses e leilões mais uma vez foi um sucesso, além de a procissão, o momento de maior fervor e expressão da fé em São Sebastião, ter voltado a acontecer após dois anos de carreatas.


No entanto, pela dimensão que adquiriu em seus mais de 120 anos de história, a Festa de São Sebastião não se resume apenas à religiosidade. Representa o maior momento do ano para a economia local. Muito mais coisa poderia ser explorada, como uma estratégia de incentivo ao turismo com base na história da devoção ao santo na cidade.


Conteúdo é o que não falta. A origem da festa tem ligação direta com o início do evento histórico mais importante do Acre, a Revolução Acreana. As procissões começaram a ser realizadas, segundo relatos orais, 6 meses antes da tomada de Xapuri por Plácido de Castro, em 6 de agosto de 1902, possivelmente em decorrência da iminência do conflito e por ser Sebastião, considerado o protetor contra as guerras e pestes.


Não bastasse todos os espaços que remetem à história de Xapuri, seja à Revolução Acreana ou ao legado de Chico Mendes, estarem fechado, numa vergonhosa falta de apego com a memória do município, a festa religiosa se ressente de uma programação que fuja do circuito missa-marreteiro-procissão. Uma grande atração da música católica para encerrar o evento, por exemplo, seria uma boa iniciativa.


Outra impressão que fica para quem chega de outros lugares a Xapuri nessa época é de que a cidade nunca está totalmente preparada para o seu mais importante momento. As vagas nas poucas pousadas logo se esgotam. Quem não tem casa de parente para se acomodar de última hora deixa de ir ao evento. Outros, sem opção de estadia, fazem o popular “bate e volta”, esvaziando a cidade antes do tempo.


Outro ponto que não passa despercebido, é um certo cenário de desleixo que se percebe na cidade, que não consegue sequer manter em boas condições as ruas por onde passa o cortejo da imagem, considerando que quase a totalidade do percurso acontece pelas principais vias públicas de Xapuri, em um trajeto de cerca de 7 quilômetros. Este ano, de última hora, a prefeitura fez uma operação tapa-buracos.


Necessário destacar também que a presença do governo do estado, que forneceu tendas, serviço de som e outros auxílios, ainda é muito tímido para a importância que tem a Festa de São Sebastião em Xapuri para o contexto estadual, um evento que precisa, mais do que ser apoiado, necessita se reinventar, para que ganhe força continue a ser a ter o destaque que possui como grande evento religioso do Acre.


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