Vacância na chefia da Resex preocupa entidades ligadas à Unidade de Conservação

A exoneração recente do chefe da Reserva Extrativista Chico Mendes, Flúvio Mascarenhas, sem que o ICMBio tenha se manifestado publicamente a respeito das motivações, segue causando manifestações de preocupação com a política do órgão para a gestão da Unidade de Conservação.

Na última segunda-feira (27), um grupo de dez entidades divulgaram uma nota de repúdio contra o que chamaram de desmonte da gestão da Resex. Uma das organizações que está à frente desse movimento é o Comitê Chico Mendes, dirigida por Ângela Mendes, a filha mais velha do líder sindical.

“A nota de repúdio se dá em face da atual situação de abandono em que a Resex se encontra. O Flúvio, mesmo ele estando há pouco tempo à frente da unidade, fez muita coisa, principalmente estabelecer um bom diálogo com a comunidade, que sabe que ele tem compromisso e responsabilidade”, disse.

Ângela Mendes também afirmou que a vacância na chefia da Unidade de Conservação preocupa as entidades ligadas à defesa do meio ambiente, especialmente pela chegada da temporada de queimadas. Segundo ela, a ausência da chefia pode representar uma mensagem de que desmatadores podem ficar à vontade.

“A gente não pode ficar sem essa figura da chefia, principalmente porque se aproxima o momento das queimadas e desmatamentos, e sabendo do histórico da Resex, que é a que mais queima nos últimos anos, e ficar sem a chefia representa um risco muito grande. Nos parece muito suspeita, essa exoneração”, acrescentou.

Outro foco da preocupação das entidades ligadas à Resex Chico Mendes é o PL 6024, de autoria do senador Marcio Bittar, e apresentado pela deputada federal Mara Rocha, com o objetivo de reduzir os limites da UC acreana, além de modificar a categoria do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Uma fonte consultada pelo ac24horas afirmou que tem havido um intenso movimento promovido por defensores do PL 6024, com agenciamento de reuniões em prefeituras e câmaras municipais com o intuito de engrossar o apoio à aprovação do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados.

“Estão tentando empurrar de goela abaixo esse PL sem ouvir os moradores da Resex. Na verdade, os beneficiários são contra. Só os invasores que são a favor, por motivos óbvios. Tanto que as três associações concessionárias se posicionam na nota de repúdio contrárias ao projeto, que além de antidemocrático é criminoso”.

A reportagem não conseguiu manter contato com a gerência regional do ICMBio no Acre.