Os moradores do Ramal Santa Luzia do Pentecoste, Marcio Lima e Eudes Ramos, presos pela Polícia Militar do Acre durante a manifestação que fechou a Rodovia AC-405 nessa segunda-feira, 21, gravaram um vídeo logo depois de serem soltos da Delegacia, agradecendo ao governador Gladson Cameli pela ação. A liberação de ambos ocorreu às 22 horas.
Márcio, da Comunidade Belo Monte, cita excessos da Polícia Militar na dispersão do fechamento da rodovia e prisão de manifestantes.
“Quero agradecer ao Gladson Cameli pelas bombas de efeito moral e spray de pimenta e por ser bem recebido nas portas da Delegacia. Era um protesto pacífico e houve agressão física contra os produtores. Ficamos mais de 7 horas em uma cela imunda e sem acesso a nada. Mas quando o senhor quiser falar com alguém do Ramal, estamos à sua disposição”, falou.
Eudes Ramos, da Comunidade Santa Luzia do Pentecoste, lembra que Cameli garantiu, em 2018, asfaltar a via vicinal, o que segundo ele não foi cumprido.
“Muito obrigada pela atenção e pela promessa de asfaltamento feita em 2018. Aí nós fomos cobrar e fomos presos. Mas agradecemos e a sua campanha está feita aqui”, concluiu.
A AC-405 foi fechada às 5h30 da manhã e o movimento foi encerrado no início da tarde pela Polícia Militar, depois que as negociações se esgotaram. Em imagens, é possível ver muita fumaça e ouvir barulho de bombas enquanto a PM dispersa os manifestantes.
O comandante da Polícia Militar de Cruzeiro do Sul, tenente coronel Edvan Rogério, disse que toda a ação teve efeito moral sem o uso de armas. “Foi usado apenas granada de efeito moral, não foi usado gás nem bala de borracha”, afirmou.
Em nota, o governo do Estado explica que estava mantendo amplo diálogo com lideranças e integrantes de comunidades que interditaram a via estadual AC-405, que liga Cruzeiro do Sul a Rodrigues Alves e Mâncio Lima, e lamenta que um pequeno grupo tenha obstruído as negociações.
“O articulador político do governo do Estado, advogado Jonathan Donadoni, esteve no local buscando um acordo pacífico que garantisse o direito tanto dos manifestantes quanto dos usuários da via. No diálogo entre o articulador e a comunidade, ficou acertado que uma via seria desobstruída e uma comissão paritária formada por governo e manifestantes iriam até o Escritório do Governo em Cruzeiro do Sul, para a redação e assinatura de um termo de comum acordo. Infelizmente, um dos líderes do movimento não aceitou qualquer negociação que não tivesse a presença do governador, no que foi apoiado por parte do movimento.
Ato contínuo, como não houve mais entendimento e foram esgotadas as tentativas de negociação, a questão passou a ser tratada pelo Comando da PM no Vale do Juruá”, pontua a nota.