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Em estado Zen

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Semana passada, o ilustre deputado estadual Daniel Zen, líder do PT, assumiu o púlpito da Assembleia para fazer uma denúncia de alguns megatons contra o governador Gladson Cameli, preparada meticulosamente para instrumentalizar a militância do partido.


Com a veia do pescoço tufada e o couro da testa franzido, Zen encheu os pulmões e chamou o Gladson de “gato risonho”.

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O pronunciamento de Zen, injusto com o sobrenome dele, garantiu-lhe vaga no panteão das aberrações da política como o primeiro parlamentar oponente de uma gestão a ter como ponto de partida a simpatia do governante.


Talvez por um lapso de memória, nosso deputado não contou que o ferrete com o qual o PT gravou a marca da perseguição, uma das heranças mais deletérias das cinco temporadas de governo, tinha uma brasa implacável que ainda arde na memória do povo acreano.


Natural, portanto, para quem vivia num ambiente cercado de gente impregnada pela arrogância e prepotência, elogiar governador rabugento e criticar quem, às vezes, até se excede na espontaneidade.


Óbvio que o deputado é um cidadão preparado, caso contrário não teria em seu rico currículo o exercício de duas funções relevantes : secretário de Educação e presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour.


Mas como a palavra é uma bala que depois de disparada não volta mais e o microfone é uma arma traiçoeira, o tiro saiu pela culatra e não atingiu o alvo nem de raspão.


Longe de mim dizer que o governo de Gladson Cameli é um oásis de realizações de obras físicas de engenharia.


Não me somarei àqueles que usarão infinitamente os efeitos da pandemia para justificar nada, mas também não descartarei que os anos de 2020 e 2021 são eras riscadas para algumas atividades.


Considerando os freios que a anormalidade sanitária impôs ao mundo, o governo não ficou parado.


O foco era dar às pessoas internadas por Covid um tratamento digno. E isso foi feito. Hospitais com UTIs foram instalados em tempo recorde e ninguém foi a óbito por falta de assistência médica.


Contrariando o presidente da República e seus aliados locais, que prescreviam ivermectina e cloroquina em qualquer esquina e sem qualquer pudor, o governador, ao lado do bom sensi, na busca e torcida pela urgente chegada da vacinação, até popularizou o bordão “mim dê que eu tomo”. Sua atuação é reverenciada até pelos opositores.
O certo é que Gladson caiu nas graças de uma parcela significativa do povo acreano e sua reeleição é considerada pule de dez. As pesquisas revelam isso.

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Por enquanto, Gladson tem tirado de letra os ataques dos dois pilotões que lhe fazem cerrada oposição, aliás por motivos inéditos na política : o primeiro, da parte de ex-aliados que tinham espaços e cargos demasiados e o segundo que reclama do seu jeitão simples de se relacionar com o povo .


As denúncias contra seu governo não colaram na sua testa por dois motivos: o primeiro é que a maioria não passa de balão de ensaio e a segunda é que ele nunca se colocou como obstáculo à apuração delas.


O povo entende que a probidade de um governo não se mede necessariamente pelo número de denúncias, mas pelas providências adotadas diante das irregularidades.


Aqueles que bem observarem constatarão que Gladson é a principal vítima de sua própria boa intenção. Um bom exemplo disso é opção de contratar pessoas de cadastro de reserva no lugar de marcar sua gestão pela realização de novos concursos.
Aliás, essa conta é extrema e politicamente perigosa, posto que tem muito mais gente a procura de uma oportunidade de emprego do que estão relacionados no estoque.


Nada mais legítimo que lutar por um lugar ao sol, por uma renda digna. Todavia, ao governante cabe a dura responsabilidade de fazer as contas para conferir se o dinheiro é suficiente para o aumento da despesa presente e futura.


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