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Rio Branco vira terra dos endividados com 92% das famílias sem conseguir pagar contas

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O porcentual de famílias endividadas nas capitais brasileiras bateu recorde no primeiro semestre de 2021. A taxa (71,4%) é a maior da série histórica iniciada em 2010, sendo 15,6% – ou 9,7 pontos porcentuais (p.p.) – superior à média registrada no mesmo período entre os anos de 2010 e 2020. Em termos absolutos, isso significa que dos 16,8 milhões de lares, quase 12 milhões tinham dívidas no fim de junho, acréscimos de 733,9 mil famílias em relação ao ano passado e de 1,36 milhão se comparado a 2019.


Oito, das 27 capitais têm a maior taxa histórica, destacando-se, entre elas, a cidade de Rio Branco, com 92% das famílias declarando ter algum tipo de dívida.

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Em junho de 2021, Rio Branco tinha, além do maior porcentual de famílias endividadas, as maiores taxas de crescimento no montante total mensal de dívidas (60%) e na dívida média por família (28%) em relação ao mesmo período de 2020.


Com 43% da renda comprometida (a segunda maior taxa entre todas as capitais, representando altas de 4 p.p., em relação a 2020, e de 9 p.p., em relação a junho de 2019), a inadimplência potencial dobrou no período, embora a taxa de 6% seja a menor entre as capitais. Na comparação com a média do fim dos primeiros semestres entre 2010 e 2020 (64,9%), a capital do Acre também exibiu a maior variação positiva: de 41,9% ou 27,2 p.p, seguida por Boa Vista, cujo porcentual de 87% e 19,7 p.p. superior.


Os dados são da Radiografia do Endividamento das Famílias, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) divulgada nesta quarta-feira (24).


Os números são reflexo da volta da confiança dos brasileiros em consumir (e do sistema financeiro em conceder crédito), após um período de consumo represado durante a pandemia, quando as famílias direcionaram os gastos para compra de itens essenciais – evitando a aquisição de produtos como eletroeletrônicos, vestuário, veículos, entre outros (mais comumente comprados a prazo).


Além disso, as instituições bancárias estavam mais seletivas em decorrência do cenário de incerteza. Também contribuiu para o endividamento recorde o fato de muitos lares terem conseguido economizar (e, agora, poderem recorrer a essa economia para fazer novas dívidas), ao deixar de fazer viagens ou outras atividades de lazer por causa do isolamento social.


Completam ainda o cenário a redução da taxa Selic, que permaneceu no menor patamar histórico (de 2% ao ano) até março de 2021 e as medidas de estímulo, como isenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e repactuação dos empréstimos, que foram gradualmente implementadas ao longo de 2020.


O estudo demonstra também que, em dois anos, o total de lares com dívidas aumentou 11,5%. Em junho de 2019, o porcentual de famílias brasileiras endividadas nas capitais era de 64,1% (em 2020, passou para 67,4%).


Entretanto, o porcentual de famílias com atraso no pagamento diminuiu, embora tenha se mantido superior ao registrado no período pré-pandemia. Em junho de 2020, 26,3% das famílias das capitais brasileiras estavam potencialmente inadimplentes. Já no mesmo período de 2021, esse porcentual era de 25,6% (4,3 milhões em termos absolutos) e, em 2019, de 23,9%.


Com o pagamento do auxílio emergencial, os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), bem como a antecipação do décimo terceiro salário e o aumento do emprego formal, a renda média mensal, que havia caído 2,6% –de R$ 7.217, em junho de 2019, para R$ 7.029, em 2020 – exibiu alta de 1,9% (R$ 7.163), no primeiro semestre deste ano. Este panorama, somado à menor taxa de juros nas renegociações de dívidas, ajudou a reduzir a inadimplência. Entretanto, considerando o atual cenário, de menos renda e mais inflação, com alta dos preços nos grupos de alimentação, habitação e transportes (os quais têm grande peso no orçamento doméstico), a elevação da taxa básica de juros gera preocupação sobre seus efeitos nos níveis futuros de endividamento e inadimplência.


O total mensal de dívidas das famílias nas capitais nos seis primeiros meses de 2021 cresceu 10,3% em relação a junho do ano passado, atingindo R$ 26 bilhões, um acréscimo de R$ 2,4 bilhões. Em relação ao mesmo período de 2019, a alta foi de 13,3%. A parcela da renda comprometida com dívidas também subiu de 29,9%, em 2019, para 30,3%, em 2020, e 30,5%, em 2021 – o porcentual considerado saudável é de até 33%. A maior seletividade do sistema financeiro e o conservadorismo das famílias na contratação de crédito, em decorrência do cenário de incerteza causado pela crise sanitária, fez com que o valor da dívida mensal por família caísse 1,4% entre junho de 2019 e 2020. No entanto, em 2021, voltou a subir, encerrando o primeiro semestre em R$ 2.182 e superando o patamar de 2019.

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