Desde que foi criada em 13 de abril deste ano, a CPI da COVID do Senado, liderada pela dupla Omar Aziz/Renan Calheiros, que dispensa apresentações, coadjuvada no que pode ser piorada pelo senador saltitante e outros da espécie vermelha, vem cumprindo o rito, previamente comprometido, de buscar por todos os meios incriminar o governo. Não havendo qualquer denúncia frontal contra o Presidente Jair Bolsonaro, se fez necessário através da uma Comissão Parlamentar de Inquérito, o mais poderoso instrumento de investigação do parlamento brasileiro, produzir molambos fáticos que preenchessem um boneco jurídico prévio, no caso, uma omissão ou algo que o valha em relação ao enfrentamento da peste chinesa.
Nos últimos meses, com direito a prorrogação, a sociedade brasileira foi diariamente afrontada com abusos cometidos contra depoentes que não deveriam estar ali e, nem de longe, poderiam esclarecer qualquer coisa a não ser as próprias percepções em relação à peste. Desde senhoras e senhores profissionais médicos renomados a empresários, qualquer depoente não alinhado com a frase mortal “fique em casa e espere a falta de ar” foi tratado como criminoso. Humilhar o cidadão ou cidadã em nível nacional, constranger, e impingir culpa sem razão seguiu um verdadeiro abecedário na CPI.
Já em vias de refinamento, a CPI de relatório de conclusões prontas antes de começar, obviamente vai incriminar o presidente. Também obviamente não há justa causa, mas não é de justiça que se trata, é de política. Pretendiam seus propositores e operadores atingir dois objetivos. O primeiro, desgastar o presidente no curso das investigações, fazer derreter sua popularidade com a assistência novelesca das TV’s e jornais, de modo que seu capital político sofresse danos relevantes. O segundo, pouco provável, mas em tese não impossível, seria arrancar algum elemento que desse base a um pedido consistente ao Ministério Público. Não conseguiram uma coisa nem outra, a popularidade do presidente continua alta e a credibilidade do governo permanece íntegra. Os senadores apenas mostraram a própria face.
É certo que a tarefa inglória somente poderia ser dada a certos agentes. Que outro grupo de senadores aceitaria uma missão dessas? É tarefa para Renans, Humbertos. Randolfes e Azizes e como tal foi cumprida. Cada imagem de pessoa decente e trabalhadora, flagrantemente desconfortável apenas em sentar-se perante suas excelências e ter que dar respostas que não lhes caberia, é reveladora da trama que se desenvolveu às nossas vistas.
O Brasil deve um enorme pedido de desculpas aos médicos e cientistas Dra Nise Yamaguchi, Dr.a Mayra Pinheiro, Dr. Paulo Zanotto, Dr. Mauro Ribeiro e muitos outros furiosamente questionados por aquela gente sem freios. Aliás, em sentido contrário, sempre que o/a depoente apresentava-se anti-governista, o tapete vermelho era desenrolado e as hienas se derramavam em cortesia e salamaleques. Simplesmente nojento.
Milhões de reais foram gastos no embuste para produzir um relatório definido ex-ante, pedindo o indiciamento do presidente Bolsonaro. Parece um escárnio, mas Renan Calheiros, o relator, aquele responsável pela peça resultante de meses de gastos e nojentezas públicas, tem um histórico em sua carreira política de mais de 25 processos no Supremo Tribunal Federal – STF. Corrupção, lavagem de dinheiro, distribuição de propina, tráfico de influência, venda de apoio parlamentar a projetos etc., são comuns em sua folha corrida. A maioria foi arquivada, diga-se, mas como se pode ver AQUI, Renan Calheiros é praticamente um freguês dos ministros “supremos”.
Omar Aziz, presidente da CPI, não fica muito atrás em matéria criminal. Reportagens AQUI e AQUI e AQUI dão uma pista dos antecedentes do senador amazonense e de sua família. O mais agressivo entre os interrogadores é um vezeiro em responder a acusações de crimes.
Outro integrante, o Senador Humberto Costa, do PT Pernambucano, tem a alcunha na lista de propinas apurada na lava jato. Ele teria, segundo o delator Paulo Roberto Costa, recebido uma grana (ver AQUI) do esquema para sua campanha em 2010.
O inquieto Randolfe Rodrigues, senador pelo Amapá, teria participado de um esquema chamado mensalão do Amapá, quando foi por lá deputado estadual. O governador Capiberibe teria copiado o Lula e distribuído mesadas mensais aos deputados da base em troca do sim em votações de seu interesse (ver AQUI).
Pode-se então afirmar, pelo noticiário acima referido, que as quatro mais estridentes vozes que se levantam contra senhoras e senhores depoentes são, sem exceção, dignas de ecoarem sua verborragia em esgotos e sarjetas morais. Apesar disto, foram para cima dos depoentes como tsunamis de pureza, intimidando, agredindo, ameaçando, calando e interrompendo, transformando a CPI em um circo de horrores do qual escapou solenemente, o empresário Luciano Hang, que como um espelho, em ironia verde e amarela genial, mostrou a eles alguns palhaços. O “véio da HAVAN”, apenas com tolerância, discernimento e lucidez pôs ao chão o picadeiro.
Disse-me certa vez um delegado, que as técnicas de interrogatório funcionam como extirpar um tumor sem estilete. Você vê o tumor, sabe que é um tumor, ele pulsa quente entre seus dedos, mas a sujeira que tem lá dentro só sai se espremê-lo. De modo assombroso, na CPI da COVID foi o tumor que espremeu os dedos e, como era de se esperar, os brasileiros sãos viram aonde está a podridão.
Valterlucio Bessa Campelo escreve no site ac24horas, em seu BLOG e, eventualmente, no site CONSERVADORES E LIBERAIS (puggina.org)