Após a repercussão do caso do ex-aluno, soldado do CFSD 1° pelotão da primeira companhia PMAC 2021, que alegou ter sido vítima de abuso de autoridade e maus tratos dentro do Centro Integrado de Ensino e Pesquisa de Segurança e Justiça, Francisco Mangabeira – CIEPS, a reportagem do ac24horas obteve acesso exclusivo nesta segunda-feira, 13, a mais relatos de situações desumanas enfrentadas durante o curso de formação.
Em imagens enviadas à reportagem é possível identificar pés calejados e cheios de bolhas. Mãos de alunos parcialmente sem pele e carne exposta devido à exaustão dos treinamentos.
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Um policial militar, que presenciou o treinamento dado pela equipe aos alunos soldados, afirmou que não é normal o que está sendo feito com os futuros policiais militares do Acre. Segundo ele, os alunos estão sendo forçados a abandonarem o curso. “Esse curso está fora do normal, nenhum curso anterior foi dessa forma, tem um rala sim, mas sempre que alguém tenta desistir a coordenação segura e não deixa. Acredito que de certa forma os alunos estão sendo coagidos a assinar o termo de desistência”, declarou o militar que pediu sigilo na identidade.
O militar contou que, internamente, boa parte da tropa não concorda com o que vem sendo aplicado aos alunos. “Espero que eles entrem na justiça e consigam retornar ao curso”, explicou.
O policial contou que um dos motivos para a ação ‘agressiva’ dos militares no curso de formação é devido a chance de ganharem a tão sonhada titulação, que é aguardada desde 2019. “Ouvi dizer que querem tirar o máximo para aumentar a chance de ganharmos a titulação. Curso de formação com formato de curso operacional. Nunca vi curso de soldado assim. Isso não soma em nada na formação policial”, argumentou.
O outro lado
Em contato com o comandante da Polícia Militar, coronel Paulo César Gomes, ele disse que até o momento não chegou nenhum relato de suposto abuso de autoridade contra os alunos soldados que fazem o curso de formação.
O tenente-coronel Marcelo Cordeiro, coordenador do curso de formação, informou que estava ocupado em um treinamento aos alunos e não podia emitir resposta sobre o caso.
O curso
No início desse mês, o governador Gladson Cameli fez a abertura da aula inaugural do CFSD, no auditório da Unimeta, em Rio Branco. Ao todo, foram convocados 198 profissionais para a preparação que deve durar 9 meses.
Com carga total de 2.135 horas, o CFSD contempla aulas práticas e teóricas em 52 disciplinas, como Direito Penal, Policiamento Comunitário, Policiamento Ostensivo Geral e Direitos Humanos. Toda a capacitação será realizada nas dependências do Centro Integrado de Ensino e Pesquisa em Segurança Pública (Cieps), na capital. Cada aluno-soldado receberá remuneração mensal de R$ 4.344,22, durante o período do curso.