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Após aumentar 60% em um ano, preço da carne no Acre não deve sofrer impacto da seca até o fim da estiagem

Foto: Divulgação
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Com o preço da carne bovina nas alturas, o consumidor acreano anda assustado com rumores de que um possível prolongamento da seca que o estado enfrenta neste ano, com mais de 40 dias seguidos sem chuvas efetivas, eleve mais ainda o custo do produto no mercado local.


Um cenário em que o preço da carne subiu cerca de 60% em um ano, segundo dados do IBGE divulgados no último mês de junho, e uma realidade em que as estiagens mais severas prejudicam as pastagens causando o emagrecimento do gado e o aumento dos custos de produção seriam as justificativas para esse temor.


Não é nisso, entretanto, que acredita o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre (FAEAC), Assuero Veronez. Ele crê que não há margem para aumento da carne em função da seca por conta de a estiagem já estar se aproximando do fim e de o preço já vir bastante alto para o consumidor desde o começo do ano.

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Veronez diz que o Acre, assim como os demais estados produtores, já experimenta a falta de boi gordo para abate desde o começo desse ano, o que é uma das razões da alta de preços que a proteína vem sofrendo nos últimos meses. Isso também ocorre por conta dos ciclos que a pecuária possui.


“Quando há excesso de boi gordo, o preço cai e aí o pessoal pega e abate bastante fêmea, o que vai diminuir a oferta de bezerro e boi gordo lá na frente. Então, esses ciclos duram mais ou menos três anos e nós estamos vivendo um ciclo desses, onde esse ano está faltando boi para abate”, explicou.



Assuero também ressalta o crescimento das exportações da carne nos últimos anos, especialmente para a China, como outro dos fatores que estão causando a escassez de boi no mercado interno e mantendo o preço do produto em patamares bastante elevados para o consumidor.


“As exportações aumentaram muito, principalmente devido à China, que passou a ser grande consumidora de carne bovina nos últimos anos. Eles consumiam mais suínos e frango, mas passaram a consumir carne vermelha também. Esse fato segura a alta de preço da carne em função da baixa oferta aqui dentro”, disse.


Informações obtidas junto a proprietários de açougues em dois municípios na região do Alto Acre indicam que a carne bovina teve cerca de 10 alterações de preço de 2020 para 2021, destacando que esse é um dado precário. Em Xapuri, por exemplo, foram 5 aumentos apenas no ano corrente.


Previsões futuras

A Scot Consultoria, uma empresa especializada no ramo do agronegócio, estabelecida em Bebedouro (SP), diz que no primeiro semestre deste ano o Brasil exportou 735,8 mil toneladas de carne bovina in natura, faturando US$3,5 bilhões, um recuo de 5,3% em volume e um aumento de 2% em faturamento, na comparação com o mesmo período do ano passado.


Segundo uma análise do Canal Rural, feita em junho deste ano, a tendência para a carne bovina ainda é de alta até meados de 2022. A partir de 2023, deve começar a cair gradualmente. “A China deve continuar comprando muito agressivamente em 2021 e ir reduzindo, sistematicamente, em 2022, até por questão de autossuficiência”.



O país asiático está recompondo o seu plantel de suínos, que foi dizimado pela peste suína africana, ocorrida em meados de 2018. O nível de matrizes está quase no nível observado antes do problema sanitário, que foi a causa da ampliação da demanda chinesa pela carne vermelha no mercado internacional.


Dados recentes

A disparada nos preços das carnes somada à perda de renda dos brasileiros por causa da pandemia de Covid-19 fizeram com que o consumo desses alimentos no país caísse ao menor em 25 anos, de acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).


Agora, cada brasileiro consome, em média, 26,4 quilos de carne ao ano, queda de quase 14% em relação a 2019 — quando ainda não havia crise sanitária. Esse é o menor nível desde 1996, início da série histórica da Conab. Só nos primeiros quatro meses deste ano, o consumo per capita de carne bovina caiu mais de 4% em relação a 2020, estima a Conab.

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Já o abate de bovinos no Brasil caiu 4,5%, enquanto o de suínos cresceu 7,1% e o de frangos aumentou 7,4% no segundo trimestre de 2021, na comparação com o mesmo trimestre de 2020, segundo os resultados preliminares da Estatística da Produção Pecuária, divulgada no último dia 12 de agosto pelo IBGE.


Os resultados completos sobre o abate de bovinos, suínos e frangos, para o segundo trimestre de 2021 e para as unidades da federação serão divulgados no próximo dia 10 de setembro de 2021.


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