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Virando pelo o avesso

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Se a maioria do eleitorado dispensasse um pouquinho de tempo para procurar saber o que pensa o seu candidato sobre determinados e relevantes temas de interesse da sociedade, a chance de decepção e choro diminuiria consideravelmente.


Não é desproporcional considerar que as essências somente são extraídas mediante processo de intensa depuração.

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Imagine a cana. Sem passá-la pelas moendas da engenhoca não se obtém o saboroso e nutritivo caldo.


Diante dessa enorme brecha na boa vontade e fé do eleitorado, o candidato esperto aproveita-se para falar apenas no tom e no ritmo que agradam aos ouvidos dos votantes.


Em linguagem do dito popular: “ quem quer pegar galinha não diz xô”.


Infelizmente, o voto popular costuma ser decidido muito mais pela raiva, divergência e rejeição dedicada a determinados concorrentes que propriamente pelas qualidades de um candidato.


Um pouco de exemplo recente: ninguém há de duvidar que a votação do ex-governador Jorge Viana foi decorrente muito mais da raiva do PT que propriamente em demérito de suas qualificações.


A rejeição de um é a esponja de absorção de outro.


Sem dar a mínima importância ao que defende um candidato, depois resta chorar sobre o leite derramado e a vergonha de admitir o equívoco.


Imagine se um candidato, antes da eleição, tivesse a virtude e a coragem de falar e escrever em suas redes sociais que professores pertencem a uma classe privilegiada; que o meio ambiente não precisa conservar suas áreas de proteção; que os recursos do SUS deveriam ser destinados para outros segmentos; que a universidade pública não é prioridade e que quem ingressar nela deveria pagar pelos estudos.


Diante dessas afirmações, você manteria sua intenção de voto?


Ter lado definido na política é uma virtude a ser elogiada, mas não rende votos.

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Falar somente aquilo que é possível e a realidade da situação é o caminho mais curto para o porto onde a balsa está atracada.


O pior de todos os candidatos é aquele que expõe suas opiniões e convicções de acordo com a plateia.


O político de resultados é aquele que se emociona ao falar para o povo que lutará pela melhoria dos serviços públicos, mas em seletas reuniões com empresários defendem privilégios fiscais, como se fosse possível atender as necessidades da população mais carente sem dinheiro dos impostos em caixa.


De certa forma fui vítima das minhas próprias posições e responsável pela construção da minha rejeição na política. Por exemplo: nas eleições de 2010, para facilitar os entendimentos da oposição da época, a legenda pela qual concorri ficou fora da coligação que elegeu com facilidade os deputados N. Lima, Marileide Serafim, Denilson Segovia e Jamyl Asfury.


Pra encurtar a história: N. Lima foi cassado por compra de votos e os outros três deputados, mal a contagem encerrou, foram dormir no berço esplendido do PT e eu embarquei rumo a Manacapurú.


Escondidos sob o manto de uma suposta campanha de alto nível, candidatos mais sujos que pau de galinheiro passam incólumes a quaisquer questionamentos ou ataques a sua putrefação moral.


Essa história de “se não der certo a gente tira” é muito simplista. Dizem os mais sábios que a fruta nunca cai longe do pé. Portanto, sendo sujeito mentiroso, desonesto, dissimulado e outros adjetivos da espécie, não será um mandato eletivo que o consertará.


Verdadeira ou não, desde pequeno já escutei várias vezes pessoas contarem sobre um famoso dentista de Rio Branco, que chegara à sede do Rio Branco Futebol Clube acompanhado de duas moças muito bonitas.


Na época, o clube era o local onde a fina flor da sociedade acreana se reunia para glamorosos bailes.


Constrangido, o porteiro da festa abordou o dentista, falando-lhe no cantinho da bilheteria:


–– Doutor, “ essas aí” não podem entrar, porque são incubadas.


Sem pestanejar, o Tiradentes respondeu:


–– Incubadas são muitas que têm aí dentro, posando de madame. Essas aqui são putas mesmo.


Quanto mais o eleitor virar um candidato pelo avesso, quanto menos “incubados” forem os políticos, melhor será a qualidade da escolha e menor a possibilidade de erro e de decepção.


Tem muito político incubado posando de santo milagreiro.


Acreditem: existe uma parcela de eleitores tão vulnerável e descompromissada com o valor do próprio voto que conheço o caso de um deles que era eleitor fiel e incondicional de um deputado somente porque este havia prometido mandar divulgar uma nota na TV Gazeta no dia do falecimento dele.



Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com


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