O dia dos pais deste domingo, 8, tem um significado ainda maior para o agente de trânsito Ícaro Roque. No dia 13 de julho do ano passado, sua esposa, Rose, se internou para tratamento da Covid-19.
A data era 8 dias antes do aniversário de dois anos de uma das filhas do casal. A filha fez aniversário e nunca mais esteve com a mãe. Após dois meses em tratamento, a esposa de Ícaro, que era técnica de enfermagem e trabalhava na linha de frente do enfrentamento à Covid-19 faleceu.
A partir daí, Ícaro teve que aprender a ser mãe e pai e a cuidar da filha sem a presença materna. “Esse foi o maior desafio que já tive que enfrentar na minha vida. Além da dor de perder a minha esposa, a minha filhinha era um bebê de apenas dois anos sem a presença da mãe”, conta.
Mesmo sendo um pai presente e já acostumado a ajudar a cuidar da filha, ficar sozinho foi um choque de realidade. “Eu já ajudava a cuidar porque algumas noites minha esposa dormia no hospital quando estava de plantão. O que foi ainda mais difícil foi a parte da comida. Quando fiquei sozinho com a minha filha tive que aprender a fazer as comidinhas que a neném gosta. Não imaginava que ia aprender a fazer um purê de batatas”, revelou.
Ícaro conta que a experiência dolorosa fez com que ele experimentasse uma paternidade ainda mais intensa. “É muito mais intensa do que eu imaginava. Por tudo que passamos, a minha filha se tornou a minha companhia para todas as horas e eu tenho aprendido muito com ela e ela comigo. As minhas filhas são os bens mais preciosos que tenho na vida”, conta Ícaro.
O agente de trânsito, com a firmeza de quem aprendeu a ser pai e mãe pela força das circunstâncias, revela que hoje não tem mais medo de não conseguir dar conta do recado. “No começo foi difícil e eu tive dúvidas. Hoje, sei que sou capaz de cuidar da minha filha. Mesmo jamais sendo possível esquecer da minha esposa, sei que dou conta do recado”, diz orgulhoso.