A sessão virtual desta quarta-feira, 7, da Assembleia Legislativa do Acre foi marcada pela polêmica em torno da obra do governo do Acre de uma parada de ônibus construída na zona rural de Rio Branco que custou quase R$ 400 mil. O caso veio à tona após denúncia do deputado Daniel Zen (PT), na sessão da última terça-feira, 6.
Primeiro a tocar no assunto, o deputado Roberto Duarte (MDB), disse que a defesa de cargos comissionados foi tão intensa que percebeu-se que tem algo de errado. “A defesa dos cargos comissionados foi tão gritante que nesse mato tem coelho”, disse o emdebista desconfiado. Segundo Duarte, o governo justificou a obra como necessária para desvio de esgoto na região, zona rural.
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“Onde tem esgoto na zona rural de Rio Branco? A obra tirou as crianças da lama e da poeira. Quer dizer, as crianças estão flutuando sobre o ramal”, ironizou Duarte afirmando que já foram construídos 18 portais e que depois o secretário informou que foram 22. “R$ 400 mil para cada uma. Calcule, são R$ 7,2 milhões. Será que não temos outras prioridades?”, questiona o deputado do MDB, apresentando ao mesmo um cenário de caos nas escolas públicas. “Tem caroço nesse angu, tem coisa errada e nós precisamos investigar”, disse, instigando o Líder do Governo a se pronunciar sobre o tema.
Já o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) disse que o pessoal do governo quer chamar de portal a obra, mas é um abrigo. “R$ 400 mil para fazer um puxadinho numa escola que falta banheiro, muro”, disse.
Magalhães reforçou que o projeto é feio e cafona, além de caro, e foi visto como uma oportunidade de ganhar dinheiro. “Tem a ver com negócio da educação, como foram outros”, disse Magalhães.
O líder do governo, deputado Pedro Longo (PV), levou à Aleac imagens reforçando o conceito do portal. “Dignidade para alunos e professores. Na zona rural, ou há poeira ou chuva e com esse portal se realizam obras de pavimentação em alguns com base e sub base, mais calçadas, escoamento de águas pluviais, benefícios que se agregam”, argumentou.
Longo afirmou que a mão de obra usada nas obras foi da própria comunidade e que isso injetou recursos na economia. Ele defendeu que as escolas estão sendo privilegiadas e por isso, cumprimentou o governador Gladson Cameli. “Esse projeto tem sim um contexto muito importante: gerou renda e trouxe dignidade”, afirmou, rechaçando o descrédito imposto pela oposição ao projeto. O governista ainda convidou os colegas a irem visitar as obras. “Todos os diretores estão pedindo esses portais em suas escolas”, declarou.
Após a defesa de Longo, Magalhães mostrou fotos acerca da falta de prioridade do governo com gasto público. “Numa delas, é possível ver o banheiro de madeira, no lado de fora. E olha só o que construíram para garantir conforto educacional. O estudante vem passa pela ́geringonça ́, passa quatro horas numa sala de aula quente, e volta pela ́geringonça “, disse.
“A parada portal geringonça que vai melhorar o ensino na zona rural”, disse o deputado comunista, aceitando o desafio proposto pelo Líder do Governo de ir até a escola Bela União para avaliar. De acordo com o líder oposicionista, as fotos apresentadas por Pedro Longo são uma denúncia de que a prioridade está errada.
Longo rebateu Edvaldo dizendo que os valores não são os citados e que de acordo com as informações do secretário da Pasta, o custo médio é de R$ 330 mil e variam de acordo com a necessidade de intervenção em cada escola. Ele disse que já foi visitar escola rural e reforçou que quando se tenta menosprezar a iniciativa de melhorar a escola, não leva a nada. “Todas as demandas têm de ser atendidas, mas cada projeto tem sua natureza. Espero que novas iniciativas sejam feitas”, disse o líder de Gladson Cameli no Parlamento Estadual.