Após ver no jornal ac24horas a repercussão de uma ação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o apoio do Exército, na propriedade do maior produtor de soja do Acre, Jorge Moura, em uma operação denominada Vigia, um outro nome de peso na agricultura do estado também relatou ter sido alvo de uma fiscalização considerada por ele como truculenta.
Henrique Cardoso, da fazenda Nictheroy, no município de Senador Guiomard, conta que os servidores e os militares fortemente armados chegaram à propriedade por volta das 8 horas da manhã da última segunda-feira, 14, quando havia no local apenas funcionários. Segundo ele, as circunstâncias foram semelhantes ao episódio desta terça-feira, 15, na fazenda de Jorge Moura.
Dono de uma produção de 7.500 toneladas de milho por safra, o fazendeiro informa que emprega 120 funcionários e diz que a ação dos órgãos estadual e federal não se justifica. De acordo com ele, a situação de intimidação e constrangimento que considera ter sofrido é um estímulo a se retirar do estado, onde avalia que quem trabalha e produz sofre perseguição dos governos.
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Mapa diz que presença do Exército é necessária, mas que não há intenção de intimidar
“Essa atitude do Mapa e do Idaf de entrar dessa maneira na nossa fazenda, fechando a porteira e não deixando ninguém sair e ninguém entrar, como se fosse uma ditadura, me deixou indignado e eu faço minhas as palavras do Jorge Moura. Então é com muito pesar que eu estou pensando seriamente em ir embora desse estado porque não é possível aceitar isso”, disse o produtor.
Ao ac24horas o presidente do Idaf, Francisco Thum, disse que o trabalho da operação Vigia é coordenado pelo Mapa, com acompanhamento do órgão de defesa estadual, e voltado para o combate ao contrabando de produtos veterinários e o comércio de animais, mas também relacionado a ilícitos como roubo de gado na região da fronteira acreana.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (FAEAC), Assuero Veronez, lamentou os episódios envolvendo a operação e afirmou que a entidade vai fazer denúncia ao Ministério da Agricultura e ao governo do Acre a respeito dos incidentes. Para ele, não há nenhuma contestação à fiscalização, mas à maneira como os órgãos fizeram o procedimento.
“O que nos assusta é essa truculência toda, essa demonstração de força, com um caminhão de soldados do Exército muito bem armados, claramente com o objetivo de intimidar e de constranger, numa atitude desnecessária porque não estava havendo nenhuma posição do proprietário de impedir qualquer ação do Poder Público, que tem legitimidade para tal”, disse Veronez.
Em nota, o Ministério da Agricultura informou que as fiscalizações no estado estão ocorrendo de maneira simultânea, com apoio do IDAF, da Polícia Civil e do Exército Brasileiro, e que se trata de uma ação rotineira com o objetivo de coibir o comércio de animais silvestres e uso de defensivos agrícolas e produtos veterinários irregulares contrabandeados dos países vizinhos.
Quanto à presença do Exército nos trabalhos de fiscalização, o Ministério da Agricultura diz que a medida é necessária por se tratar de região de fronteira, onde há a possibilidade de conflitos e a presença do tráfico de drogas e armas, esclarecendo que não há o objetivo intimidar produtores rurais, sendo isso explicado aos proprietários na chegada da fiscalização.
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