Menu

Saiba como evitar ‘golpes’ em aplicativos de relacionamento; especialistas dão dicas

Receba notícias do Acre gratuitamente no WhatsApp do ac24horas.​

O radialista Matheus Tavares, de 29 anos, e o jornalista Bruno Fernandes, de 26 anos, passaram por poucas e boas em aplicativos de relacionamentos até finalmente começarem a namorar no ano passado. Eles até acreditam em “match” à primeira vista, mas recomendam cuidado e fazem vários alertas.


Logo no primeiro dia, passaram oito horas conversando. “Falando da vida, se conhecendo, a gente se gostou tanto que a nossa reação foi essa, e a gente se adicionou nas redes sociais e foi tão bom que nem parecia que era verdade”, relembra Matheus.

Publicidade

Os dois estavam solteiros havia algum tempo e, cada um ao seu modo, buscava alguém especial nos aplicativos. Bruno tentou por cerca de um ano, já Matheus, por seis anos.


“Deu muito errado, meu Deus do céu! As pessoas que eu encontrei, pelo menos, os caras que eu encontrei, não estavam a fim do que eu estava, tudo bem. Então, quando eu encontrei o Matheus, que pareceu ser uma pessoa mais calma, mais família, com uns amigos maravilhosos – porque eu já tinha visto toda a vida dele nas redes sociais – aí, eu pensei: esse cara está com as mesmas intenções que eu”, relembra o jornalista.


Thássius Veloso, comentarista de tecnologia da GloboNews, faz um alerta: “A internet pode ser encarada como um vasto oceano, em que você encontra de tudo enquanto está navegando: desde princesas e príncipes encantados, com a promessa de amor eterno, até verdadeiros piratas tentando se aproveitar de todo tipo de situação para tirar vantagem”.


Por isso, os dois seguiram os conselhos dos especialistas em segurança: “Nós investigamos muito bem a vida um do outro, antes de se conhecer, para que não fosse um golpe, para que não fosse nada errado”, destaca Matheus.


O mais difícil, segundo eles, é segurar a empolgação, a vontade de conhecer logo o outro, mas alguns cuidados são essenciais. “Tem que conhecer a pessoa o mais fundo que a internet permitir, perguntar da família, do trabalho, dos amigos, tentar perceber o comportamento antes e durante a pandemia”, explica Bruno.


Uma das regras de ouro, citada pela maior parte dos coaches de relacionamentos, é marcar sempre os primeiros encontros em locais públicos.


Mas como fazer isso quando tudo está fechado, por causa das restrições da Covid-19? “O Bruno foi a única pessoa que eu saí, assim, mas só depois de conversar muito. Primeiro, a gente se viu no hall no prédio, que é o que dava para fazer, e só depois que tivemos confiança fomos avançando. Você tem que ver se a pessoa é realmente quem ela diz que é”, conclui o radialista.


Segundo a coordenadora das Delegacias da Mulher, Jamila Jorge Ferrari, é preciso ficar atento porque estelionatários e golpistas, geralmente, não são iniciantes. “São pessoas que, quando começamos a investigar, acabamos encontrando vários outros crimes do mesmo tipo ou afins, e eles sempre sabem como fazer essa abordagem para convencer a vítima, se aproveitando, às vezes, de uma questão emocional”, aplica a delegada.


Ela conta que, mesmo antes da pandemia, mas principalmente agora, esse tipo de crime, quando começa a ser investigado sempre vem acompanhado da vergonha. “A pessoa geralmente fica com receio de dizer que conheceu o golpista pelo aplicativo, ou pela internet, isso acontece muito quando são casos de exposição de fotos íntimas, por exemplo, os chamados nudes. Mas é preciso lembrar que a vítima nunca tem culpa, a culpa é sempre do criminoso”, ressalta.


Com tantos golpes por aí, é preciso desconfiar sempre. “Nada de fazer Pix, de mandar dinheiro. Não compartilhe documentos, detalhes da sua vida pessoal. Tome muito cuidado com as fotos íntimas. Caiu na rede, é peixe, e é praticamente impossível recuperar essas informações. Os próprios aplicativos têm mecanismos para denúncias, quem souber utilizar as ferramentas vai surfar muito bem nessa onda digital”, ressalta Veloso.

Publicidade

Amor não tem idade


Depois de ficar viúva e passar por um longo processo de luto, a contadora Carmem Gonzalez, de 58 anos, decidiu procurar novas possibilidades em aplicativos de paquera, incentivaa pelas amigas. Uma dica dela é combinar as várias plataformas, já que cada um tem suas desvantagens.


“Eu tenho amigas que acham ótimo encontro casual, eu sou um pouco mais cuidadosa, mas você encontra de tudo”, destaca. Para ela, o mais importante é a troca de experiências. “Tenho conversado com um espanhol e dois italianos, e é muito boa essa troca, sobre o idioma, a cultura, engrandece tanto a eles como a mim. Existe a paquera dentro da minha faixa [etária] sim, mas o que eu percebo são muitas pessoas solidárias mesmo”, relata Carmem.


Para alguns especialistas, tudo leva a crer que estamos em um período de transição, em que todos estão se adaptando e tentando entender como “jogar”. Se, por um lado, o estresse causado pelas restrições e pelo luto da Covid-19 acabou gerando muitas separações; por outro, muitos casais também se formaram na vida real nos últimos meses justamente por causa do confinamento forçado.


Para a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, o que caracteriza a nossa época é a busca da individualidade. “E justamente por isso estão surgindo novas formas de amor, não necessariamente pautadas pela exclusividade. O amor romântico busca o oposto, ele é calcado na idealização. Você atribui características à pessoa, mas com a convivência percebe que ela não tem aquilo, e aí, vem a decepção. Além disso, também prega uma mentira horrorosa de que quem ama não transa com mais ninguém, e você pode amar profundamente uma pessoa e ter sexo com outra”, aponta.


Como namorar uma enfermeira em plena pandemia?


Encontrar um amor já não é lá uma tarefa fácil, em tempos normais, imagina agora? Para quem trabalha na área da saúde, marcar um date com alguém se tornou uma verdadeira operação de guerra. “Vem todo aquele medo, claro. Do lado dele, por colocar uma pessoa dentro de casa, estando de home office, e sabendo que eu estava trabalhando presencial. Mas fiz PCR, todos os exames e vim encontrar o meu bonitão”, brinca Mariana Duarte, 24 anos, enfermeira que conheceu o publicitário Israel Oliveira, 33 anos, em janeiro deste ano.


Em geral, quem costuma usar os apps reclama que muitas conversas não vingam e que, em algumas semanas, a maior parte das pessoas acaba desaparecendo sem nem ao menos se despedir – o chamado ghosting. Mas, o caso deles mostra que nem sempre uma conversa que não engata logo de cara está totalmente perdida: estão de casamento marcado para agora, dia 26 de junho. E olha que chegaram até a perder o contato por um bom tempo, mas as afinidades falaram mais alto e depois que decidiram partir para o encontro presencial, não se desgrudaram mais.


“Ele respondeu um dia, eu respondi dois dias depois, e vice-versa. O tempo passou, eu saí do aplicativo, mas deixei outros contatos. Eu já tinha conhecido outras pessoas e, nesse meio tempo dei uma desencanada, até que ele me procurou novamente e a gente começou a se falar um pouco mais, a se dar mais atenção. Aí, numa foto em que foi o aniversário do meu pai, ele lançou: tem vaga para ser genro dele? E deu certo, eu falei: vaga tem!”, brinca a noiva.


Mariana é uma dessas mulheres que estão experimentando mais, tomando a iniciativa. Saindo de um noivado de sete anos, se jogou na paquera virtual bem antes da pandemia, mas com a chegada da Covid-19, entendeu que esta era a única alternativa que restava. Teve vários dates e, mesmo quebrando a cara algumas vezes, levando foras, se apaixonando e não sendo correspondida, acredita que esta foi, sim, uma ótima experiência.


Para o casal, o segredo é estar aberto a encontrar alguém e ser sincero com os próprios sentimentos, desde o início da conversa. “Vai, porque pode ser o amor da sua vida! Bate papo, dá risada. Talvez, se eu não tivesse me permitido a gente não estaria aqui vivendo isso hoje. É confiar, dar o primeiro passo, ir lá e apostar. É o que a gente tem para encontrar alguém, então é investir nisso e aproveitar, usar a tecnologia para ser feliz”, destaca a enfermeira.


Não desiste, vai rolar!


Como você se sentiria conhecendo sua alma gêmea, mas não podendo se encontrar pessoalmente por mais de seis meses porque as fronteiras entre Brasil e Inglaterra estavam fechadas e os voos internacionais haviam sido cancelados? Foi o que aconteceu com a advogada Milena Coutinho, de 33 anos, e o analista de dados Paulo Guerra, de 30 anos. Os dois são cariocas, mas ele mora em York, a cerca de 330 quilômetros de Londres. Foi match à primeira vista! Só que antes de encontrar a pessoa ideal, Paulo teve 113 encontros. “Ele tem cada história boa de date ruim”, se diverte a advogada.


“Eu estava solteiro há mais tempo que ela. Tinha me separado, já fui casado. Entrei no aplicativo há bastante tempo, mas saí um pouco porque estava muito estressado, não queria mais isso. Só fui religar, por sorte, quando fui para o Rio de Janeiro de férias e aí ela foi praticamente uma das primeiras pessoas que eu encontrei”, relembra Paulo. “E ele pagou para estender o prazo, estender a conversa, e aí eu falei ‘ah, é um rapaz esforçado’. Isso tudo foi no sábado e aí, no domingo, a gente já marcou de se encontrar na quarta-feira”, conta Milena.


“Match à primeira vista, para mim, é a maior verdade, porque eu já tinha cansado. É uma coisa que consome muito o seu tempo, a sua cabeça. Quando a gente se encontrou, óbvio, ela é linda! Mas a gente tem vários, vários, pontos em comum: eu vi que ela era engraçada, a gente faz piada de tudo desde o início. Eu acho que foi uma entrega também de nós dois, a gente chegar e se abrir e começar a falar mesmo as coisas para ver até onde ia”, explica o analista de dados.


A paixão foi rápida, mas quando ele precisou voltar para a Inglaterra, a pandemia chegou e tudo foi ficando bastante complicado. E como é que se faz para manter uma conexão assim? “Eu voltei dia 31 de dezembro. Saí do Rio com 40ºC e cheguei em York anoitecendo, quatro da tarde. E aí, eu pensei: ‘o que eu vou fazer?’ Então, a gente continuou conversando, o tempo inteiro, porque para mim era a minha forma de me animar, de ficar feliz no inverno”, ressalta Paulo.


Os dois contam que se esforçaram bastante para passarem bons momentos juntos. “A gente via filme e era tipo: 1, 2, 3 e play! Para a gente entrar no mesmo segundo, sabe?”, conta Milena. “E eu gosto muito de cozinhar, a gente cozinhava o mesmo prato, comprava o mesmo vinho, e era sempre a mesma coisa, fazendo vários programas”, relembra Paulo. E foi só quase no fim de 2020, quando os números caíram na Europa e no Brasil, que eles finalmente conseguiram se reencontrar e decidiram ficar juntos.


Para quem ainda não acredita, ou já está desanimado com as idas e vindas da paquera virtual, eles deixam um recado: “abandona essa coisa de técnica de joguinho, de querer passar alguma coisa que você não é, você tem que ir de coração aberto e otimista, e sendo muito sincera sobre as coisas que você gosta”, enfatiza Milena, que alguns dias depois desta entrevista descobriu que está grávida e vai realizar o grande sonho de ser mãe. “Vai tentando, de repente dá um tempo, depois volta. Não desiste porque se eu tivesse desistido eu não teria conhecido a Milena, então é só continuar, vai demorar, mas você vai achar alguém”, incentiva o futuro papai.


Não tenho um par, e agora?


Quem tem alguém especial, já tem mil planos para este sábado (12) à noite, certo? Mas e quem ainda não conseguiu aquele tão sonhado date? Esta é a grande pergunta. Para Regina Navarro Lins, essa não é a hora do desespero, porque curtir a própria companhia e estar bem consigo mesmo, aliás, é a grande chave para o sucesso, seja ele qual for, incluindo continuar bem sozinho.


“Nem todo mundo está em busca de um parceiro, e esse ideal de amor romântico precisa ser desconstruído. Essa ideia de que todos têm que ter um par gera sofrimento e é mentirosa, todo mundo tem que ter amigos e projetos de vida”, reforça a psicanalista e escritora.


E como ainda estamos em plena pandemia, namorando ou não, fica o alerta. “Todos devem estar pensando e se programando para ter uma noite especial, mas nós ainda não podemos ficar em locais fechados e pouco ventilados. Alguns colegas, inclusive, têm comentado que estamos nesta semana em um momento pior do que estivemos em abril”, ressalta a infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas.


“Devemos estar próximos da pessoa que nos faz companhia, nos acrescenta, mas que seja um momento especial com uma decoração em casa, sem aglomeração, com muito carinho e segurança porque o que nós queremos é comemorar o dia dos namorados também em 2022”, conclui a médica, que já encomendou a surpresa para o marido, o consultor de vendas Edson Magalhães.


“Vou fazer fondue, de chocolate e de queijo, vem com um coração, com brigadeiro e frutinhas dentro. Assim vai ser o meu Dia dos Namorados”, revela a infectologista.


INSCREVER-SE

Quero receber por e-mail as últimas notícias mais importantes do ac24horas.com.

* Campo requerido