Suzete Mendes, 31 anos, morreu nesta sexta-feira, 28, depois de dar à luz na Unidade Mista de Saúde de Marechal Thaumaturgo, que é de responsabilidade da secretaria Estadual de Saúde (Sesacre). A mulher havia sido encaminhada para Cruzeiro do Sul por problemas na gestação, mas voltou para o município e faleceu . A criança sobreviveu.
O prefeito do município, Isaac Piyãko, cita que há muitos problemas na Unidade Mista de Saúde, que fica sem médicos por até 15 dias. “Muitas vezes as pessoas nem esperam pelo Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e bancam a viagem ou a prefeitura garante. O problema é que também não tem como levar os pacientes de avião porque a pista do aeródromo está fechada, o Rio Juruá está seco e as viagens de barco levam um dia. É um sofrimento”, relata.
O aeródromo foi fechado em novembro do ano passado pela Agência Nacional de Aviação Civil- ANAC devido às más condições da pista. Quando o Rio Juruá está cheio a viagem de voadeira demora cerca de 8 horas até Cruzeiro do Sul. Neste período de pouca água no rio a viagem só é feita em barcos de rabeta, que demora até 24 horas.
Piyãko destaca que as obras de recuperação da pista, executadas pelo governo do Estado, estavam paradas e foram retomadas em ritmo lento. A falta da pista, de acordo com ele, ocasiona vários problemas.
“Os médicos não querem vir para cá por medo do isolamento. A falta da pista gera até falta de dinheiro nos bancos e correspondentes bancários e dificuldades para a troca de guarnições das polícias. Estamos abandonados pelo governo do Estado e vamos enfrentar muitas dificuldades neste verão”, desabafa o prefeito.
O município de Marechal Thaumaturgo, com 19.299 habitantes, fica no Alto Rio Juruá, na fronteira com o Peru. Não tem ligação terrestre com nenhuma cidade do Acre e os meios de acesso são pelo Rio Juruá ou de avião . Mas sem a pista de pouso para os pequenos aviões que faziam linha para Thaumaturgo, agora somente helicópteros podem chegar até o município. O helicóptero do governo do Estado faz o transporte de pacientes em casos de emergência.
Quanto ao aeródromo, o gerente do Deracre de Cruzeiro do Sul, Luciano Oliveira, relata que as obras não pararam e só ficaram mais lentas por causa do baixo volume de águas no Rio Juruá, por onde o material de construção é transportado. Ele acredita que este ano, o aeródromo deverá ser liberado. “O Rio Juruá se comporta de um jeito até Porto Walter e de lá até Thaumaturgo, de outro jeito mas nós vamos seguir transportando os insumos até que a pista esteja pronta e creio que este ano vamos concluir tudo”, conta.
O outro lado
Sobre a denúncia de que o município de que a Unidade Mista Marechal Thaumaturgo fica 15 dias sem médico, Catiana Rodrigues da Silva, chefe da coordenação regional de saúde do Juruá, Tarauacá e Envira, explica que a unidade não fica desassistida, pois conta com uma equipe de enfermagem de plantão que atua 24 horas.
Esclarece que mesmo com algumas dificuldades, a unidade vem mantendo a escala com o mínimo possível de dias sem médico. Atualmente 2 profissionais atuam no local.
A chefe de saúde cita que, “quando a unidade está sem médico, toda a demanda de pacientes que necessitam de atendimento médico de urgência e emergência é regulado pelo Samu, com o apoio do helicóptero que o governador Gladson Cameli deixou disponível para atender os pacientes de Marechal Thaumaturgo e Porto Walter”.