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Indígenas ressaltam importância da vacina e combatem à  desinformação nas aldeias

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Com 25.630 vacinas reservadas às populações indígenas do Acre, líderes de várias aldeias usam as redes sociais para ressaltar a importância da vacinação da Covid-19 em meio a desinformação. Segundo dados do Boletim do Governo do Acre, até a última atualização, 31 de Janeiro, 844 indígenas tomaram a vacina contra o novo coronavírus.


A falta de transparência das Prefeituras, responsáveis diretamente pela vacinação junto com os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), impactam diretamente nos números. A maior cobertura vacinal em terras indígenas será realizada em Feijó, com 2.428 indígenas.

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Conforme a última atualização da Comissão Pró-Índio no Acre, já foram registrados 2.453 casos da Covid-19 entre os indígenas, sendo 1.219 casos nas terras indígenas e 1.234  nos municípios. Ao total, foram registrados 28 óbitos e 14 povos atingidos pela doença.


Desde o início da pandemia, a Comissão Pró-Índio no Acre tem usado as redes sociais como ferramenta para informar, as diferentes etnias, por meio de vídeos e podcasts com conteúdos explicativos que vão desde os cuidados de higiene e medidas para evitar a propagação do vírus nas aldeias até a importância da vacinação. Para conferir o material, acesse, https://cpiacre.org.br/.


Em entrevista ao ac24horas, o ex-secretário dos Povos Indígenas e assessor da presidência da Fundação Nacional dos Índios (Funai) entre 2011 e 2013, Francisco Piyãko, do etnia Ashaninka, ressaltou que a vacina representa um bem para a humanidade.



Para o líder Ashaninka, a desinformação tem atrapalhado, mas ressaltou que o seu povo tem os meios e as informações necessárias para os devidos esclarecimentos quanto a importância da vacina.


“Para nós é um avanço muito grande chegar em nossas comunidades a vacina. E nós está escolhido nos grupos prioritários para essa primeira fase. Nós já tomamos a vacina. Estamos muito otimista de que outras comunidades também vão tomar. O que se percebe é que está sendo semeado, mentira, através de fake news e a nossa comunidade hoje tem acesso a essa tecnologia, que são os telefone e a internet. Nas aldeias, chegam muito desses lixos [Fake News] nas nossas comunidades através dessas mensagens. O que eu posso afirmar é que nós indígenas temos nossos conhecimentos tradicionais para termos uma vida segura. E contamos também com a ciência do homem branco. E a vacina, não é nova, nas nossas vidas. Nós já enfrentamos muitas pandemias no passado, como sarampo, coqueluche e outras doenças muito graves. E que, com a vacina, a gente conseguiu eliminar do nosso meio. Graças a Deus, que nós estamos hoje com a vacina, para eliminar mais uma vez, uma doença grave, que vem afetando as nossas famílias. Já perdemos muitas pessoas por conta da covid-19. Nós precisamos combatê-la e para combater a gente tem que ir pelos meios mais seguros. Estamos aqui fazendo a nossa parte, esperamos que todos também façam as suas”, salientou Pyãnko.


Ele segue dizendo que “nosso povo 100% não tinha dúvida que a vacina é importante para combater o coronavírus. Então, não é a primeira vez que a gente toma vacina para combater uma pandemia como essa.Da nossa parte, inclusive, a gente já manifestou isso pelos meios que a gente tem de comunicação e é isso. Existem muitas fake news, não tem nenhuma comprovação científica de que a vacina está matando gente, mas, nós estamos muito seguros da decisão de tomar. A gente estava torcendo pra que essa vacina chegasse e chegou até nossa comunidade, tomamos e estamos muito bem”, acrescentou Pyãnko.


O líder indigena ressaltou que cada aldeia tem a sua autonomia e que cabe ao cacique orientar o seu povo acerca da tomada de decisão.


“Com relação a nossa comunidade, a gente tem isso muito claro, tomamos. Estamos esperando a segunda dose, esperamos que as outras comunidades também sigam  este caminho. Esse é o caminho que acreditamos, que é o que nos deixa mais protegidos, para não pegar essa doença”, salientou Pyanko.


Em um vídeo postado na página oficial da Comissão Pró-Índio, o indígena  Wewito Piyãko ressalta a importância da vacinação contra à covid-19. Assim, como Francisco Pyãnko, Wewito é uma das lideranças do povo Ashaninka, da Aldeia Apiwtxa, que fica na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo (AC).

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“Estou tomando a primeira dose da vacina aqui na Apiwtxa e quero dizer que é uma satisfação muito grande para mim e para todos aqui. Eu como representante dos Ashaninka, quero dizer que aqui a vacina chegou e a gente vai fazer nossa parte de contribuir com a ciência e participar dessa vacina como a gente já vem participando há anos”, salientou.



À reportagem, Elza Yoca Manchineru, de 48 anos, que é enfermeira e foi a primeira indígena no Acre a receber a vacina contra a covid-19 ressaltou a importância do imunizante para os povos indígenas.


“Para mim e para  população  indígena é muito  importante, até porque nós indígenas temos imunidade mais baixa do que os não indígenas, a vacina vai estar salvando muito de nós. Esse vírus levou muitos de nós, principalmente os mais antigos”, disse.


Elza, que é da Tribo Manchineru, de Assis Brasil, ressaltou que muitos índios ainda tem medo de tomar a vacina, porém com informações e muito diálogo, eles acabam aceitando.


“Muitos  parentes ainda estão com medo, mas a equipe está fazendo trabalho de orientação   e falando como a vacina é importante para nós indígenas. Com muito diálogo acabam aceitando”, salientou.


A Coordenadora do Grupo de Trabalho de Acompanhamento e Monitoramento do Estudo do Impacto da Covid-19 nas Terras Indígenas do Acre, Francisca Arara, ressaltou que a informação correta é o caminho para se obter a total imunização dos povos indígenas.



“A informação correta é o caminho. Qualquer informação que nós dermos, seja eu como pessoa ou como líder, pode influenciar muito. Temos que ter muito cuidado com as informações que são divulgadas”, ressaltou.


“As vacinas chegaram no Acre e foram distribuídas nos municípios. Para nós, povos indígenas são responsabilidade dos DSEI e das Prefeituras. Sabemos que os desafios são grandes para imunizar todos. Quase todas as terras indígenas do Juruá já estão recebendo as vacinas. Não está tendo problema, mas às vezes tem muita resistência por conta da desinformação de que vai matar ou vão virar jacarés ou até mesmo que essa vacina tem chip. Então, é um direito dos povos indígenas de antes de tomar essa vacina, se informar. E é o nosso dever como pessoas que estamos na frente, mais esclarecidas, ajudar a sensibilizar e informar que essa vacina é uma alternativa para combater essa pandemia que tá levando todo o dia nossos amigos e parentes”, ressaltou Francisca Arara.


“A gente sabe que tudo é desafiador, tem problemas, mas a vacina é o caminho. A gente sabe que nada é 100%, a gente pode ter um problema aqui ou acolá, mas não é a vacina que vai exterminar os povos indígenas. Muitos brancos estão questionando, porque os índios estão recebendo as vacinas. E eu tenho falado isso, enquanto os brancos querem tomar as vacinas, os indígenas estão com medo porque é muita fake news que tá chegando nas aldeias. Então, nós temos esse papel junto com os DSEIs e as Prefeituras de sensibilizar, informar, da importância de tomar a vacina”, destacou Arara.


A coordenadora ressaltou o trabalho do Governo Gladson Cameli em garantir o imunizante para os povos indígenas.


“O governador está comprometido e já coordenou a logística com os municípios e distritos sanitários especiais indígenas para que a vacina chegue às terras indígenas, e os moradores possam ser vacinados o mais rápido possível”, salientou.


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