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Sentado à beira do abismo

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Administrar não é tomar apenas decisões agradáveis. Geralmente, quem tem sob sua responsabilidade a gestão pública, quase sempre é obrigado a adotar medidas antipáticas.


Muitos dos problemas da população demoram ser resolvidos exatamente porque os governantes se deixam levar pela temida e, muitas vezes inconsequente, “opinião pública”.


Não é raro governos tomarem decisões apenas para agradar a galera. Atos e ações corretas e responsáveis têm reflexos negativos nas urnas eleitorais.

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Orientado por gente que entende do assunto, o governador Gladson Cameli decretou a redução das aglomerações noturnas com a finalidade de reduzir a velocidade de propagação do coronavírus.


Ninguém em sã consciência acredita que o governador tenha prazer em ver algumas dezenas de estabelecimentos fechados ao atendimento público no período de 22h às 6h. Todos sabem que haverá perda de emprego.


A curva de contaminação da Covid-19 está em ascendência e o sistema público de saúde sob ameaça de colapsar. A medida é uma alternativa para ajustar o ritmo de contaminação à capacidade de leitos e UTIs disponíveis no Acre.


Não creio que existam pessoas no nosso Estado insensatas e desumanas ao ponto de acharem que estamos imunes ao que acontece no Amazonas e Rondônia.


Seria irresponsabilidade do governador não enfrentar a parcela da opinião pública que não se sensibiliza diante da crueldade das estatísticas reais e projetadas de expansão do vírus, tampouco das lágrimas das famílias que perderam entes.


O coronavírus anda de carona. E foram de aglomerações que saíram muitos assassinos anônimos que, entre uma balada e outra, levaram o vírus para dentro de suas residências para matar seus pais, avós e irmãos.


A tragédia está anunciada: ou se freia o ritmo da contaminação ou vamos transformar mais ainda as redes sociais em ambiente de obituário.


De outro lado, o prefeito Tiao Bocalom anunciou a retomada das aulas presenciais na rede municipal. Não será nenhuma novidade que as crianças sejam a correia de transmissão do caos nos hospitais de Rio Branco.


Estranho que alguns dirigentes sindicais da educação, que o apoiaram durante a campanha eleitoral, façam agora cara de inocentes e estejam arrancando os cabelos com a decisão do prefeito.


Justiça se faça: Bocalom não enganou a ninguém. Durante a campanha eleitoral foi muito enfático quanto às suas pretensões sobre este fúnebre assunto.


Estamos à beira do abismo e alguns ainda querem nos arrastar pelas mãos ao dar o passo fatal.



Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com

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