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Enfermeiro acreano é vacinado contra a Covid-19 na Áustria

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Jairo Antrobus, de 32 anos, foi um dos primeiros acreanos a serem vacinados contra o novo coronavírus no mundo. Ele é enfermeiro no Hospital of the Brothers of St. John of God, em Viena, nas Áustria, e neste sábado, 16, recebeu a primeira dose do imunizante desenvolvido pela Pfizer em parceria com a BioNTech, distribuído pelo governo local.


Ele mora em Viena desde de 2009 e é formado em enfermagem pela Universidade de Ciências Aplicadas de Viena. A segunda dose do imunizante está prevista para ser tomada daqui 21 dias.

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“Fiquei emocionado, esperei bastante por esse dia, foi o dia do começo da volta à normalidade. Fiquei feliz. Em breve posso me encontrar com todos meus amigos vacinados, sem medo de contagiá-los ou ser contagiado. Sentir aquele abraço novamente, sem preocupação”, disse Jairo, após tomar o imunizante da Pfizer em parceria com a BionNtech.


Em relação aos efeitos colaterais da vacina, Jairo revelou que sentiu apenas um desconforto no local onde foi aplicado o imunizante.


“Eu fui vacinado ontem [sábado] e senti apenas o desconforto no lugar da injeção algumas horas depois, mas é algo normal de toda injeção. Hoje já está melhor. A de tétano que tomei em setembro doeu bem mais”, explicou.


Calendário de vacinação

Jairo Antrobus conta que a primeira fase da imunização teve início dia 27 de dezembro com idosos nos lares de idosos e, em janeiro, foram incluídos os profissionais de saúde.


Feliz, Jairo explicou que a fase 2 da imunização começa em fevereiro onde serão vacinados todos idosos e pessoas com outras doenças como diabetes, que podem desenvolver por causa da comorbidade um caso sério da Covid-19.



A fase 3 começa no final de março e será a vacinação em massa da população. A vacina é grátis e não é obrigatória. De acordo com o calendário, a população da Áustria deve voltar à normalidade em julho deste ano.


Batalha pela vida

Em entrevista ao ac24horas, Jairo Antrobus, revelou que trabalha numa unidade responsável pela admissão de casos suspeitos de coronavírus que encaminha os casos comprovados para tratamento de casos do coronavírus.


Ele conta que a vacinação, mesmo não sendo obrigatória, teve adesão de 80% dos funcionários do hospital que já tinham se inscrito para receber o imunizante em dezembro.


“A vontade dos outros aumentou ainda mais agora depois que começaram a vacinar. No lar dos idosos, a taxa de aceitação foi grande”, afirmou.

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No começo da pandemia, Jairo contou que trabalhava num lar de idosos com um grupo com pacientes com Alzheimer.



“Foi um período muito difícil pra todos nós, tanto profissionais como para os idosos, as visitas foram proibidas, muitos se sentiam sozinhos, alguns com demência não entendiam o que tava acontecendo, tentar manter distância entre eles era difícil, muitos choravam, o abraço que a gente sempre dava, aquele abraço reconfortante não existia.  O lar dos idosos comprou vários tablets e criou um Skype pra família ligar pros idosos, ajudamos a ligarem com os próprios telefones também.  Depois comecei a trabalhar no hospital, numa estação multidisciplinar e todo paciente que era admitido de forma aguda, sem planejamento eram vistos com bastante cuidado, então eu tinha que me vestir com todo o equipamento. O trabalho não tinha mais aquele momento pra relaxar com os amigos na hora do lanche, da pausa, só podia ficar um na sala comendo. Só existia trabalho e a vida social pra mim era só no hospital, eu não encontrava meus amigos mais com frequência, só quando eu era testado. O que mais me marcou nessa época foi acompanhar pacientes em cuidados paliativos, pacientes nos seus últimos dias, é triste… Pessoas que neste momento não podiam mais receber a família toda, que só podia receber uma hora de visita…Uma paciente morreu assim que eu saí do quarto sem ter visto a filha dela, porque a situação dela piorou rapidamente e a visita foi liberada, mas ela não conseguiu chegar a tempo. É difícil não ter tanta liberdade e segurança pra pegar na mão de uma pessoa dessa nos últimos dias e passar um pouco de empatia, de amor. Essa pandemia é séria, nos afastamos de pessoas que amamos, que cuidamos, sem saber quando vamos voltar a vê-las. Isso mexe muito com o psicológico, tá dentro, rever pacientes que um dia estavam sorrindo e agora estão precisando de 10l de oxigênio”, contou.


Movimento Antivacina

Em relação ao movimento antivacina, Jairo explicou que não é só no Brasil que ocorre essa campanha e que o governo austríaco também enfrentou esse movimento.


“Aqui também há pessoas contra a vacinação, mas o governo lançou muitos canais para as pessoas tirarem as dúvidas e dessa forma se sentirem mais seguras”, salientou.


Lockdown e outras medidas

Durante a pandemia, Jairo lembra que o governo austríaco realizou três “lockdown” para tentar diminuir os números de casos de infecção pelo coronavírus.


“Quase tudo fechou, só ficou aberto: mercados, farmácias e serviços essenciais. O Governo incentivou o home office para quem era possível, para outros casos, fez acordos com as empresas e continuou pagando 80% do salário e a empresa 10% para evitar demissões, no total as pessoas recebiam ainda 90% do salário, o aluguel social não teve aumento anual. Receitas médicas foram enviadas para um sistema e a pessoa só ia lá com o cartão de saúde e no sistema já tinha a receita, pra evitar ter que ir no médico buscar uma receita para alguma doença crônica já em tratamento. Só poderia sair pra cuidar de alguém, trabalhar quem deveria e também tinha controle aqui e acolá. Estudantes receberam tablets para aula a distância. Pais que não poderiam cuidar dos filhos ainda poderiam levar pra escola, tipo creche, elas ficaram abertas”, salientou.


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