Cerca de 30 novos delegados foram empossados pelo governo do Acre nos últimos meses. É de se imaginar então que a situação na Polícia Civil do Acre seja de céu de brigadeiro. Afinal, com novos profissionais, chega ao fim a necessidade de um mesmo delegado ser responsável por até três delegacias, como vinha acontecendo.
Ocorre que surpreendentemente a situação é o contrário. Os novos delegados reclamam da diretoria da Polícia Civil. Mesmo os que foram empossados recentemente alegam que a direção tem constrangido os novos profissionais com atitudes consideradas desnecessárias.
Um caso relatado como exemplo à reportagem do ac24horas foi de um profissional lotado no interior. Por ter feito uma postagem mesmo em um grupo de WhatsApp onde estão apenas delegados, foi chamado à corregedoria para prestar esclarecimentos.
O delegado afirma que o pano de fundo é a briga por poder dentro da Polícia Civil, mesmo o cargo de diretor sendo de livre escolha do governador. “Não há outra explicação. Nós não saímos de tantos estados do país com nossas famílias para vir brincar no Acre. Somos profissionais comprometidos com a segurança do estado”.
O delegado afirma que uma prova da disputa por poder é a proposta de que para assumir o cargo de diretor da Polícia Civil é preciso ser pelo delegado na classe especial, o que leva de 10 a 12 anos para os mais novos.
Insatisfeitos, o grupo de novos delegados solicitou uma reunião com a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) para que entidade que representa os profissionais possa tomar uma posição.
O ac24horas procurou o delegado geral de polícia do Acre, Josemar Portes, que afirmou não ter conhecimento das denúncias. “Não tenho nenhuma demanda formal aqui sobre isso. Essa questão de hierarquia é normal no serviço público. A hierarquia é estabelecida em lei. O que posso adiantar é que existe uma deficiência estrutural. Assumimos a Polícia Civil esfacelada estruturalmente falando. O governador nomeou agentes e novos delegados e vamos começar as obras de construção”.
