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Lideranças políticas do Acre formam um complexo mosaico de “acordos eleitorais” nas eleições

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Acre é apontado em estudo sobre alinhamento político e ideológico da Universidade de São Paulo, terra onde se faz todo tipo de acordo pelo sucesso partidário sem nenhuma preocupação ideológica.


A partir desta segunda-feira (31) está permitida a realização das convenções municipais visando as eleições deste ano. O prazo para definir os candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador vai até o dia 16 de setembro, respeitando o novo calendário eleitoral prorrogado em virtude da pandemia do novo coronavírus.

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Diferente das eleições anteriores, em que eram permitidas “alianças” proporcionais e que o eleitor votava diretamente nelas, sendo impossível separar os partidos que o integrava, as eleições deste ano servirão de laboratório para 2022, onde, o voto está centrado nos partidos, candidatos e agregados somente para fins de cálculos eleitorais.


Mesmo assim, o que se observa no fechamento de coligações majoritárias em todo o estado é algo fenomenal. O Acre, aliás, vem sendo objeto de estudo desde 1989 quando, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o PSDB eram rivais nacionais em estados importantes como São Paulo, mas, apoiavam o candidato ao governo no Acre e no Piauí.


Mesmo com as novas regras eleitorais, pouca coisa mudou e o que se observa em todas as cidades interioranas do Acre é uma regionalização dos partidos com interesses pontuais e uma espécie de que “tudo parece permitido”.


A questão começa pela capital onde o governador Gladson Cameli, eleito por uma Aliança de partidos de direita decidiu apoiar a atual prefeita de Rio Branco, Socorro Neri (PSB), para reeleição. Neri é do PSB, partido que historicamente apoiou a extinta Frente Popular do Acre. Juntos na mesma coligação, está o PCdoB.


Cameli acabou motivando total liberdade para que as siglas partidárias agissem em todo o interior, e o que se pode observar até a data limite de convenções é um verdadeiro mosaico de “acordos eleitorais” onde as principais lideranças agem motivadas por interesses pontuais, sem um projeto político mais amplo.


Em Rio Branco, por exemplo, as principais lideranças que estiveram juntas em um palanque histórico em 2018, parecem faccionadas menos de dois anos depois. A começar pelo vice-governador Major Rocha que migrou para o PSL e vai apoiar o pré-candidato do PSDB, Minoru Kinpara.


O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) que também estava no palanque de Cameli em 2018, lançou a esposa, Marfisa Galvão vice de Tião Bocalom (Progressistas) em Rio Branco e vai apoiar Zequinha Lima (Progressistas) em Cruzeiro do Sul onde indicou o vice, Henrique Afonso. Já o senador Márcio Bittar, do MDB, apoiará o deputado estadual Roberto Duarte na capital.


Quando se trata do interior, as motivações são distintas e sem lógica no campo ideológico.


Em Feijó, além do MDB trazer como cabeça de chapa o ex-petista Francimar Fernandes, vai compor com o PCdoB, que apresentou como pré-candidato à vice, o comunista Tarcísio Araújo. Kiefer Cavalcante, o atual prefeito (Progressistas) deve receber grupo de pré-candidatos do Partido dos Trabalhadores.


Em Brasileia, no coração da regional chamada Alto Acre, o MDB também faz história, trouxe a ex-petista Leila Galvão para os quadros do partido. Ela é pré-candidata a prefeita e deve compor com o vereador Joelson Pontes, do Progressistas.

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O partido hoje dirigido pela senadora Mailza Gomes, o Progressistas, também não fica atrás. Ela filiou cinco prefeitos de esquerda: Romualdo Araújo que era PCdoB no Bujari, Bené Damasceno que era PSB em Porto Acre, Tião Flores, que era PSB em Epitaciolândia, Ederaldo Caetano, que era PSB de Acrelândia e Assis Moura que era do PRP de Santa Rosa do Purus.


O Acre não está sozinho nesse mosaico de “acordos eleitorais”. Os impactos ideológicos são tão grandes que essa análise faz parte de um estudo científico que a reportagem teve acesso sobre institucionalização e nacionalização do quadro partidário desde a década de 80, onde, diversos pesquisadores utilizam argumentos e metodológicas para comprovar o funcionamento coerente ou da fragilidade dos partidos políticos brasileiros e do sistema partidário nacional.


A análise concentra em variáveis relacionadas ao alinhamento dos partidos, aspecto ideológico, votações e resultados eleitorais, pesquisas de opinião com eleitores, com objetivo de medir a coesão partidária e o comportamento dos parlamentares.


O estudo da faculdade de São Paulo é assinado por Humberto Dantas de Mizuca e fez parte do programa de pós-graduação de ciência política. Uma das conclusões é o aceite “consensual do uso das alianças para fins estratégicos, com o intuito principal de aumentar a probabilidade dos partidos angariarem votos e elevarem seus índices de sucesso”, diz o autor.


Mizuca, no entanto, com base em estudos científicos apontados na tese, afirma que “todos os partidos se coligam em elevados índices, e quando o fazem não parecem preocupados com questões ideológicas”. A relação entre PT e PSDB no cenário nacional e no Acre nas eleições de 1990 é apresentada na introdução do trabalho acadêmico.


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