Os estados que compõem o Bloco I do Plano Estratégico (PE) 2017-2026 do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (composto por Acre, Rondônia, 13 municípios do sul do Amazonas e 5 do oeste de Mato Grosso) iniciaram na última terça-feira, 19, o estudo soro-epidemiológico para febre aftosa, etapa necessária para que possam pleitear à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o reconhecimento como zonas livres de febre aftosa sem vacinação.
O Rio Grande do Sul e o Paraná também estão inseridos nesta última etapa, que é coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e está previsto no plano estratégico. O trabalho consiste na coleta de amostras de sangue e inspeção clínica dos animais, além da aplicação de um questionário que deve ser respondido pelo produtor rural.
O objetivo do estudo é comprovar que não existe a transmissão do vírus da febre aftosa nessas regiões. A metodologia utilizada e os resultados obtidos irão compor o relatório que será enviado à OIE. A seleção das propriedades foi feita por amostragem e abrangerá 995 estabelecimentos rurais, com cerca de 50 mil bovinos.
No Acre, foram selecionadas 17 propriedades rurais, distribuídas nos municípios de Rio Branco, Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, onde será colhido amostra de sangue de, aproximadamente, 500 bovinos e realizadas inspeções clínicas e conferências de rebanho, visando a nova condição sanitária.
O médico veterinário, José Francisco Thum, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF), ressalta que as propriedades rurais foram selecionadas pelo Mapa e que vários fatores são avaliados. Segundo ele, estão sendo tomadas todas precauções para prevenção da covid-19, seguindo as normas sanitárias definidas pelas autoridades da área de saúde.
“A ação começou nesta terça-feira, 19 de maio, com prazo estipulado para término dentro de um mês. Vale lembrar que a defesa agropecuária executa atividades de caráter essencial e os técnicos responsáveis pela ação cumprirão todas as medidas estipuladas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no que diz respeito a prevenção da covid-19”.
José Francisco Thum destacou que os técnicos do IDAF estão entregando em cada propriedade, aos envolvidos na ação de coleta, peões e fazendeiros, um kit prevenção ao covid-19 que consta de 1 frasco álcool gel, 2 pares luvas descartáveis e 2 máscaras, sendo essas doadas pela Secretaria de Produção e Agronegócio (SEPA).
O presidente ainda ressaltou a motivação, competência e determinação dos técnicos do Instituto de Defesa em executar os trabalhos, sendo que algumas propriedades são de difícil acesso, utilizando-se de barcos “voadeiras”, como nos casos em que se gastam dois dias subindo os rios Tarauacá e Envira, em Feijó, para cumprir com as determinações do Mapa.
Para a execução do trabalho em todos os estados inseridos nesta última etapa, 120 médicos veterinários dos estados lideram as equipes de campo. As amostras serão enviadas e processadas nos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) do Ministério, situados em Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Belém (PA). A previsão é concluir os estudos até julho.
De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA), Geraldo Moraes, o resultado do trabalho será encaminhado, junto com outras informações, em agosto, ao Grupo ad hoc de febre aftosa do Comitê Científico da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que irá avaliar o atendimento das condições necessárias para reconhecimento internacional das áreas como livres de aftosa sem vacinação.
“Caso o comitê recomende o pleito do Brasil, a proposta será enviada à Assembleia Geral da OIE, prevista para ocorrer em maio de 2021, quando os países-membros irão votar o reconhecimento tão esperado pelo governo e pelos produtores de todo o país”.
No Acre, a expectativa por esse momento também é muito grande, tendo o governo do estado, por meio do Idaf, feito grandes investimentos nos últimos meses, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento da Pecuária (Fundepec), para a melhoria da das unidades de defesa agropecuária no Acre.
“Estamos todos empenhados e seguindo a firme determinação do governador Gladson Cameli, em tornar o Acre zona livre de aftosa sem Vacina”, concluiu o presidente do Instituto de Defesa acreano.