Com a secretaria de saúde confirmando quase 700 casos de coronavírus (Covid-19) registrados até último final de semana e com a população desrespeitando flagrantemente as recomendações do decreto que orienta o isolamento social, o governo do Acre estuda nos próximos dias endurecer o novo decreto que suspende temporariamente determinadas atividades e serviços no estado com o objetivo de diminuir aglomeração de pessoas e frear a contaminação do vírus.
O ac24horas conversou com o governador Gladson Cameli na manhã desta segunda-feira, 4, que confirmou que o governo estuda a decretação do “Lockdown”, que seria uma espécie de confinamento ou bloqueio total de todas as atividades, que nem para isso seja utilizada com mais rigor a força policial. Para especialistas, a estratégia é extrema, e deve ser adotada apenas em situação de grave ameaça ao sistema de saúde, como é o caso do Acre que neste domingo teve 9 leitos de UTIs ocupados por contaminados pelo Covid-19, das vagas disponíveis na unidade.
O chefe do Palácio Rio Branco evitou dar detalhes sobre a medida, mas revelou que deverá se reunir nos próximos dias com os 22 prefeitos do Acre para “dividir a responsabilidade”.
O ac24horas apurou que neste cenário, todas as entradas do perímetro são bloqueadas por profissionais de segurança. Além disso, ninguém tem permissão de entrar ou sair do perímetro isolado. O objetivo é mesmo interromper qualquer atividade por um curto período de tempo.
Alguns países adotaram o lockdown para enfrentar o avanço do novo coronavírus. Entre eles estão: Hungria, Dubai, África do Sul, Arábia Saudita, Índia, China, Jordânia, Argentina, Bélgica, Malásia, França, Espanha, Kuwait, Irlanda, Noruega, Dinamarca e Itália. No Brasil, o Estado do Maranhão decretou a medida em algumas regiões pressionado pelo Ministério Público. Já o governo do Pará não descartar em tomar essa atitude se os números de contaminados e vítimas fatais continuarem crescendo exponencialmente.
O lockdown custa alto para a economia, mas em contrapartida, é eficaz para reduzir a curva de casos e dar tempo para o sistema de saúde se reorganizar em caso de aceleração descontrolada de casos confirmados e óbitos. Relatório do Ministério da Saúde brasileiro aponta que os países que o implementaram num momento crítico conseguiram sair mais rápido daquele cenário.
A reportagem consultou alguns especialistas em Segurança Pública que pediram para não ter seus nomes citados. Eles informaram unanimemente que caso o decreto seja publicado, o poder da polícia aumentaria e não ficaria apenas em pequenas autuações ou orientações, mas sim com o poder de fechar estabelecimentos unilateralmente que estiverem desobedecendo as regras de aglomeração. Com isso, até mesmo os supermercados, que são considerados serviços essenciais, seriam duramente fiscalizados, o que não ocorre atualmente.
Alguns órgãos fiscalizadores já estudam há algumas semanas na implementação de uma Força-Tarefa no intuito de endurecer as medidas de isolamento nas ruas, principalmente no centro de Rio Branco, praças e parques, locais aonde as pessoas continuam se aglomerando.