Apesar da preocupação de funcionários e de algumas denúncias de desobediência às recomendações feitas pelos decretos estadual e municipal que estabelecem medidas de enfrentamento à pandemia do coronavírus, a fábrica de preservativos masculino de Xapuri – a Natex – continuará funcionando com amparo no decreto baixado pelo governador Gladson Cameli na última sexta-feira, 20 de março.
No parágrafo 1º do artigo 2º do decreto, que trata da suspensão de variadas atividades e eventos pelo prazo de 15 dias, em todo o território do Estado do Acre, está explícito que não se incluem na suspensão prevista no “caput” os estabelecimentos médicos, hospitalares, laboratórios de análises clínicas, farmacêuticos, farmácias de manipulação, psicológicos, clínicas de fisioterapia e vacinação humana, além dos serviços de delivery de alimentação e medicamentos.
O entendimento do Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus, assim como do Ministério Público, foi de que a fábrica de preservativos está inclusa na classificação de indústria prioritária à saúde, por ser a sua produção considerada como medicamento, e que, em razão disso, não poderia ser fechada. No entanto, para permanecer funcionando, a direção da Natex se comprometeu em comprovar ao MP todas as medidas de prevenção adotadas na fábrica.
O presidente da Indústria de Produtos de Látex da Amazônia, que gerencia a Natex, Emerson Feitosa, explicou que a fábrica tem atualmente 40 funcionários trabalhando em regime de escala nos seus diversos setores. Segundo ele, os serviços estão sendo feitos em áreas abertas, pois a fabricação de preservativos não está ativa nesses dias.
“Estamos aferindo a temperatura de todos os funcionários na entrada e na saída para garantir que nenhum colaborador esteja com nenhuma febre ou enfermidade que possa expor os demais. Temos álcool em gel em cada setor da fábrica, além de todos trabalharem de forma protegida. Além disso, está proibida a entrada de qualquer pessoa que não seja funcionário desde a sexta-feira passada, justamente para não permitir que entre alguém de Rio branco ou outra de localidade”, afirmou.
A respeito do transporte, Emerson afirmou que o ônibus não está sendo utilizado para evitar aglomeração de funcionários. Como alternativa, o transporte está sendo feito em duas minivans de 7 lugares cada uma para diminuir o fluxo do ônibus e haver mais ventilação. Quando chegam à fábrica os carros são higienizados antes de sair para a próxima viagem.
“São essas as medidas. Agora como iniciativa privada temos dois propósitos. Não posso deixar o país desabastecido de preservativos, além de que precisamos vender pra garantir a folha (de pagamento) de todos”, concluiu.
Nesta terça-feira, 24, a direção da fábrica encaminhará à Promotoria de Justiça de Xapuri um documento expondo e detalhando todas as medidas adotadas pela indústria para que o funcionamento possa ser mantido para que o prazo de entrega de 5 remessas de preservativos seja cumprido. Essas remessas têm como destino os estados do Rio de Janeiro, Bahia, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso.
Emerson Feitosa ainda se comprometeu em solicitar ao Ministério da Saúde, nesta terça-feira, 24, a prorrogação dos prazos de entrega, o que, no caso de uma resposta positiva, tornaria possível a fábrica fazer uma parada pelo período determinado pelos decretos do governo e do município.
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