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Documentário conta história de um dos principais nomes da resistência liderada por Chico Mendes

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Produzido pelo Núcleo Agrário Terra e Raiz e pelo Laboratório da Questão Agrária em Debate, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Franca e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o documentário “A luta não para: Pedro Rocha Xapuri”, conta a história de um dos principais nomes da resistência social liderada pelo sindicalista Chico Mendes.


Dirigido por Raquel Santana e Marcos Limonti, professora e mestrando da Escola de Serviço Social da UNESP/Franca e por Leile Teixeira, professora da Escola de Serviço Social da UFRJ, o filme foi gravado em Xapuri, no Acre, e no assentamento 17 de abril, em Restinga, no estado de São Paulo, para onde Pedro Sebastião Rocha, 74, se mudou com a esposa Maria Alberina depois do assassinato de Chico.

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Nos dias atuais, na região do Assentamento 17 de abril, onde é membro da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), Pedro Rocha é conhecido como Pedro Xapuri, apelido que herdou dos tempos de Amazônia, há mais de 30 anos, quando enfrentou junto com o líder sindical um dos momentos mais críticos da luta pela posse da terra pelos seringueiros.


No Acre, Pedro Rocha chegou em 1977, mesmo ano da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, onde foi vice-presidente ao lado da Sindicalista Dercy Teles de Carvalho, primeira mulher a presidir um sindicato rural no Brasil e que, anos depois, voltaria a gerenciar a entidade símbolo do movimento dos seringueiros acreanos em defesa da permanência na floresta cobiçada pelos latifundiários.


A vinda de Rocha para o Acre se deu algum tempo depois de ter migrado de sua terra natal, Quixadá, no Ceará, para São Paulo. Ao desembarcar em Rio Branco, deixou Alberina numa pensão e foi a Brasiléia acreditando que o INCRA estivesse distribuindo terras a trabalhadores, um ledo engano. Comprou então uma propriedade de cerca de 20 hectares às margens da Estrada Velha de Brasiléia.


Pedro Rocha lembra que ao fechar o negócio e efetuar o pagamento da terra, o vendedor lhe disse que estava passando a propriedade adiante porque pretendia ganhar dinheiro cortando seringa na Bolívia e que era sabedor de que, mais cedo ou mais tarde, um herdeiro chamado Dr. Adalcides Gallo iria tomar todas as terras daquela região sem dar nenhum direito aos posseiros.


“Se o doutor Adalcides fosse dono dessas terras, ele estaria aqui, agora, trabalhando nelas. Para me tomar esse lugar, ele terá que passar por cima de meu cadáver”, afirma ter dito ao seu interlocutor, numa demonstração de que, mesmo sem ter a menor ideia do movimento do qual viria a ser um dos símbolos, já trazia no sangue o dom de lutar pela terra.



Depois de se tornar conhecido, Pedro foi convidado por Chico Mendes para se inserir no movimento sindical de Xapuri. Ele conta que naquela época, o patrimônio que o Sindicato possuía consistia em uma mesa, algumas cadeiras, um fogão e uma velha máquina de escrever, da marca Olivetti. Além disso, a entidade possuía algumas centenas de associados, dos quais apenas uns três ou quatro estavam em dias com as contribuições sindicais.


Mesmo com tantas dificuldades, o sindicato foi capaz de melhor se estruturar, construir uma nova sede e mobilizar os seringueiros em torno de uma causa. O empate, segundo Pedro Rocha, foi a grande tática que tornou possível a resistência dos trabalhadores, mas que, por outro lado, foi também a grande razão pela qual muitos tombaram, entre eles o homem que personificou toda a luta dos povos da floresta: o seu grande amigo Chico Mendes.


Pedro Rocha deixou Xapuri e retornou para São Paulo meses depois daquele fatídico começo de noite de 22 de dezembro de 1988, se estabelecendo na cidade de Franca, onde conseguiu trabalho como zelador do Sindicato dos Sapateiros. Envolvido com este sindicato, foi convidado para participar da ocupação da Fazenda Boa Sorte, que atualmente se chama Assentamento 17 de Abril, onde está até hoje.


Assista o documentário:


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