A propagação em grupos de WhatsApp e nas redes sociais de um vídeo da decapitação de uma jovem por membros de uma facção criminosa em Rio Branco revela que, ao contrário do discurso, a maioria das pessoas possui um fascínio às vezes inexplicável por desastre, principalmente quando se trata do outro. É o que se vê nos pedidos de compartilhamento e envio do comentando vídeo que abalou o Acre.
O ac24horas conversou com Ana Flávia Rodrigues, psicóloga clínica e especialista em psicoterapia, sobre tema. Para a psicóloga existem pessoas que possuem algum nível de desconexão emocional, não necessariamente em nível patológico, que se sentem bem ao ver cenas fortes que lhe tragam alguma sensação de adrenalina.
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“A partir de um ponto científico precisa ser investigado; pois não se pode dizer que alguém ou algumas pessoas com essas práticas são consideradas doentes ou possuem algum transtorno mental. A fim de entender, do ponto de vista da pessoa comum, o que a motiva ver os vídeos compartilhar notícias, a se comportarem de tal forma; trata-se de pura curiosidade”, afirma.
Ana Flávia diz que as pessoas são atraídas por “qualquer coisa fora do comum. Somos atraídos pelo grupo na qual estamos cercados. Se outra pessoa está vendo eu também quero ver.” A explicação da psicóloga converge com a teoria freudiana de que o homem é produto do meio.
“O tema morte ainda é considerado um tabu entre muitos. O ser humano motivado principalmente pela cobertura acelerada da imprensa e a dificuldade de acesso a materiais explícitos. Mesmo os programas televisivos mais sangrentos têm um mínimo de pudor (ou esbarram na legislação) na hora de mostrarem as desgraças cotidianas, já as redes sociais não. Na verdade somos atraídos por qualquer coisa fora do comum. E somos atraídos pelo grupo na qual estamos cercados. Se outra pessoa está vendo eu também quero ver”, explica.
Há quem possui inclinação a doses poderosas de adrenalina, segundo a psicóloga. Esse é um dos motivos para tanta curiosidade e busca por conteúdos carregados de desastre e até com cenas macabras.
“Com exceção dos psicopatas e daqueles acostumados, pelo acaso ou por profissão, qualquer um que já presenciou um acidente sabe que a pulsação acelera, as pupilas se dilatam e ficamos bem tensos ao ver cenas chocantes. Acredito que esclarecimento para a população é necessária. A busca pelas informações saudáveis é essencial.”
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