Parte dos bandidos que estão em guerra hoje na Rocinha foram libertados da cadeia com autorização de Justiça. Na lista está a mulher de Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, o chefe do tráfico na favela, e oito criminosos de sua quadrilha. Um deles é Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, acusado de ser um dos responsáveis pela guerra hoje na Rocinha.
Danúbia Rangel, mulher de Nem, foi solta pelo desembargado Siro Darlan em março do ano passado. Na semana seguinte, ela foi julgada e condenada a 28 anos de prisão por tráfico de drogas, associação com o tráfico e corrupção. Passou, então, a ser foragida e nunca mais foi presa.
Em abril deste ano, o advogado de Danúbia entrou com pedido de prisão domiciliar. O objetivo era que ela deixasse de ser foragida e passasse a cumprir a pena em casa.
Três desembargadores da 7ª Câmara Criminal avaliaram o caso. Dois foram contrários. Apenas Siro Darlan votou a favor da prisão domiciliar.
Siro Darlan já havia sido responsável pela libertação de oito traficantes da quadrilha de Nem envolvidos na invasão em 2010 do Hotel Intercontinental, em São Conrado. Um deles era Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que agora tenta assumir o comando do tráfico de drogas na Rocinha.
Esta semana, o porta-voz da Polícia Militar, Major Ivan Blaz, criticou a Justiça por libertar bandidos perigosos.
“A Polícia Militar já fez a sua parte aqui na Rocinha contra as quadrilhas que estão se digladiando em 2010. A Polícia Militar prendeu os dois protagonistas dessa ação na invasão ao Hotel Intercontinental. Infelizmente, eles foram colocados em liberdade por entenderam que eles não eram um perigo para a sociedade. Os resultados estamos observando hoje”, afirmou o Major Ivan Blaz.
O repórter Eduardo Tchao tentou falar com o desembargador Siro Darlan, e foi até o Tribunal de Justiça. Mas ele não quis receber a equipe de reportagem.
Em nota, Siro Darlan afirmou que o habeas corpus para Rogério 157 foi concedido também por outros dois magistrados, com base na lei, por causa da demora no julgamento. O atraso teria sido provocado pelas sucessivas ausências de PMs, testemunhas do caso, durante as audiências.
A nota não menciona a decisão de conceder habeas corpus aos outros invasores do Hotel Intercontinental e nem o aval para uma possível prisão domiciliar de Danúbia Rangel.
O Ministério Público do Estado criticou as decisões. “Esses elementos que você está colocando são pessoas que têm várias anotações criminais. Então realmente nos causa espécie que essas pessoas sejam colocadas em liberdade com argumentos jurídicos, mas em uma situação que deixa a sociedade toda com mais medo da violência que hoje nos tem a todos reféns.”, afirma a promotora de Justiça Somaine Patrícia Lisboa.
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