Conselho editorial
Dilma vai cair. E cairá não porque seja vítima de um golpe, mas por ser protagonista maior de um governo incompetente. Digam o que quiserem os companheiros, a História não haverá de redimi-los. Os pecados são deles, e a purgação tampouco ocorre com a perda do poder.
Aparentemente, a presidente e seus acólitos caminham para o cadafalso com a cabeça erguida pela dignidade. Nada mais enganoso. Essa gente costuma cobrir os próprios defeitos com a capa da compostura. No fundo, a suposta nobreza não passa de uma mistura de empáfia e ressentimento.
Dilma se diz magoada com a traição dos antigos aliados. Mas finge ignorar que traiu 54 milhões de eleitores que nela votaram por acreditar que faria diferente de tudo o que atribuía, na maior cara de pau, ao adversário Aécio Neves caso este é que chegasse ao governo.
Mentiu à Nação e seguiu mentindo a cada vez que, nos encontros com a militância em pleno Palácio do Planalto, afirmou ser alvo dos “golpistas”. No balaio da acusação leviana não pôs apenas os responsáveis diretos pelo martírio dos últimos meses, mas todos os brasileiros que concordam com a sua saída da Presidência. E deixou de ser presidente de todos para representar apenas os interesses do partido.
Ao barco que afunda, os companheiros se agarram na tentativa de demonstrar o grau de fidelidade que têm uns aos outros. Seria cômico se não fosse trágico.
Da postagem do governador Sebastião Viana no Facebook, segundo a qual Dilma “honra a função constitucional”, à tentativa de anular na marra a decisão de 367 deputados, o PT se reduz à triste condição de anão moral.
A tendência da senhora Dilma Rousseff a endossar patranhas e ataques à democracia, permitir manobras escusas contra a Constituição e patrocinar chicanas a coloca no grau máximo da irresponsabilidade. De um ex-presidente da República que se tranca numa suíte de hotel de luxo em Brasília, para dali tentar interferir no andamento do processo de impeachment, nada diferente se pode dizer.
O que esperar então do baderneiro petista, súbito inebriado pela certeza de que Dilma será salva por Waldir Maranhão, a comemorar o delírio num mergulho na fonte luminosa, em frente ao Palácio Rio Branco?
Resta comprovado que a hierarquia petista se esboroa ante a estupidez militante – todos afinal ombreados pela desfaçatez de se dizerem vítimas. Não importa, pois, o cargo ou a biografia de cada um dos companheiros quando é o conjunto de suas inescrupulosas ambições que está em jogo.
Dilma, como Eduardo Cunha, já vai tarde. E que o futuro se encarregue de ambos com o mesmo rigor que o presente os castiga.
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