“Para salvar o governo, a única solução é piorar o governo. Seria melhor ter perdido a eleição”, a frase, segundo a revista Carta Capital, é do senador Jorge Viana (PT-AC), ao opinar sobre a situação política da presidente Dilma Rousseff (PT), que vem abrindo generosos espaços nos ministérios para o PMDB do vice-presidente Michel Temer. Esta seria uma das formas para continuar garantindo a governabilidade e impedir que o processo de impeachment seja instalado.
A revolta dos aliados cresce na mesma velocidade da crise na base aliada do governo petista. Os senadores Gladson Cameli (PP), Sergio Petecão (PSD) e o deputado federal Flaviano Melo (PMDB), que fazem parte da base de sustentação do governo Dilma, em Brasília, têm a mesma opinião sobre as declarações de Jorge Viana. Para eles, é impossível piorar a atual situação política e financeira da presidente da república e de sua equipe de governo.
Flaviano Melo destaca que não faz parte da ala peemedebista que negocia concessões de ministérios e espaços políticos nos diversos órgãos do governo federal. Para o presidente regional do PMDB do Acre, “ficar pior do que está é impossível. Não foram os aliados que criaram o mensalão e o Petrolão. Como é que esses caras acham que pode piorar o governo?”, disparar o peemedebista sem citar o nome do senador Jorge Viana, que reclamou da situação.
Melo não deixou de alfinetar seus companheiros de partido que integram a equipe do governo petista. “Piorar o governo é impossível. Pior do que está não pode ficar. Eu não estou ligando para a parte da crise política, meu interesse é na governabilidade do país. Quem está negociando com o governo é quem pode opinar sobre crise política. Eu não faço parte desta ala que negocia espaço político. Por mim, a gente ia atrás do impeachment”, ressalta.
Gladson Cameli, acredita que “Jorge Viana pensa pequeno ao colocar a situação do PT à frente da crise econômica. Eu acho que na situação que o pais está vivendo, o certo é unir forças mesmo, é ceder espaço para aliados, chamar a oposição e os partidos para sentar na mesa e buscar soluções para esta crise que não prejudica apenas um partido, não prejudica apenas uma pessoa. Esta crise prejudica um país e os milhares de trabalhadores que passam por dificuldades”.
Para Cameli, o diálogo sincero, excluindo as barganhas é fundamental em um momento de extrema preocupação com a situação financeira do Brasil. “O Jorge Viana está pensando mais na salvação do PT do que em vencer a crise. O que correto é que a crise política seja deixado de lado para colocar em destaque os problemas que estão atingindo a economia, afetando o bolso e o dia a dia da população. Não é correto usar estas questões para fazer palanque político”.
O senador Sérgio Petecão ironizou as declarações de Jorge Viana. “Eu acho que o Jorge está sendo sincero. Eles estão perdendo o espaço dentro do governo, na avaliação dele era melhor ter perdido o governo. A verdade é que eles já perderam o governo, eles perderam os principais espaços. É a situação do ganha, mas não leva. A Dilma está mantendo apenas o status de presidente, mas na verdade, eles não estão mais mandando em absolutamente nada”.
Petecão revela que as ações de Dilma para salvar sua pele estão causando uma revolta por parte dos petistas que tinham espaços dentro do governo. Eles pensam assim: ganhamos, mas não governamos. Por isso, eu acho que o Jorge foi sincero. A Dilma começa a tentar salvar só a pele dela. Uma desmoralização total seria o impeachment. Ela não está mais preocupada com o PT, quando resolveu se agachar e fatiar o governo. Esta é uma avaliação pessoal do Petecão”.
Apesar de seu partido fazer parte da base de sustentação do governo do PT, em Brasília, o senador que se intitula 100% popular, não deixou soltar farpas contra os petistas que são seus adversários políticos no Acre. “A situação no PT é muito critica aqui em Brasília e ai no Acre. Os companheiros que começam a perder espaço fazem o tipo de avaliação que Jorge Viana fez. É o sentimento de todos os petistas que estão sendo preteridos e demitidos por telefone aqui em Brasília”.
